Dos palestinos assassinados pelas tropas de Netanyahu, 22 estavam nas aglomerações de famintos em postos de distribuição de alimentos montados pelos EUA em conluio com o invasor israelense
Segundo o portal Middle East Eye, foram assassinadas 64 palestinos na cidade de Gaza, ao norte da Faixa, nesta quinta-feira (19); mais outras 22, que estavam diante dos exíguos três postos de distribuição, nas proximidades do corredor Netzarim, ocupado pelas tropas de Israel (quando era a distribuição feita pela agência da ONU, UNRWA, havia 400 postos); e pelo menos 6 que tentavam consertar aparelhos elétricos ou poços.
O cerco israelense à faixa que se prolongou por cerca de 90 dias esfomeou os dois milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza e, agora, em meio ao desespero para saciar a fome, se concentram diante dos postos de distribuição onde são diariamente dizimados a tiros naquilo que os líderes palestinos passaram a denominar de “armadilha mortal”.
Vídeo mostra criança palestina ferida pelos assassinos israelenses:
Bassam Abu Shaar, que testemunhou o massacre, disse aos repórteres da AFP que as pessoas viraram a noite diante dos postos de distribuição na esperança de conseguirem algum alimento.
“Era por volta de 01:00 da madrugada desta quinta quando eles começaram a atirar em nós. A metralha foi se intensificando com tiros vindos de tanques, aviões e drones”, acrescentou Shaar.
“Não conseguíamos ajudar os feridos e estava difícil para cada um de nós escapar”, disse o palestino sobrevivente.
Nos últimos dias o ataque a palestinos que vêm em busca de alimento tem sido diária e se intensifica, descreve o portal Al Jazeera. São dezenas de mortos.
Morador de Deir el-Balah na região central da Faixa de Gaza, Tareq Abu Azzoum, acrescenta que os ataques aos que buscam ajuda alimentar “têm se tornado uma rotina diária”.
“Mais de três meses de completo bloqueio israelense nas passagens de fronteira tornaram Gaza em um território da fome, onde as pessoas estão sem os mínimos suprimentos humanitários. Mesmo os que conseguem alguma coisa têm que se conformar com sacos de farinha de trigo, garrafas de água e outras poucas porções totalmente insuficientes, do ponto de vista nutricional”.
“Estes ataques estão acontecendo, transformando os centros de alimentos em corredores da morte”, finalizou Azzoum.
Desde que o ataque a Gaza começou, já morreram 55.706 palestinos e mais de 130 mil ficaram feridos.
