
Partidos progressistas representados no Congresso — PT, PCdoB, PDT, PSol, PSB e Rede — se uniram em torno da defesa da soberania nacional
Em reunião na sede do PDT, em Brasília, nesta terça-feira (5), as lideranças das legendas participaram da construção do manifesto que denuncia ataques ao Brasil e reafirma o compromisso com a democracia e o povo brasileiro.
Trata-se, o documento, de resposta ao tarifaço imposto pelo presidente americano, Donald Trump, e às tentativas de desestabilização política, sobretudo do Judiciário, promovidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a família e a extrema-direita.

“Ao tentar punir o Brasil por suas escolhas internas, o presidente Donald Trump busca impedir que o Brasil exerça plenamente sua soberania sobre nossas riquezas e interferir em nossa liberdade de estabelecer relações diplomáticas com outras potências emergentes”, está escrito no texto assinado pelos partidos reunidos na sede do PDT.
“Como Nação, sabemos defender aquilo que é inegociável. Não podemos deixar que outro país queira intervir no modo como a Justiça brasileira se posiciona”, acrescentou.
Leia o manifesto na íntegra:
Unidade em Defesa do Brasil
Defender a nossa pátria e sua soberania é condição de ser brasileiro. Independente de cores partidárias ou de preferências políticas, na condição de partidos aqui reunidos, estamos certos de que a bandeira do nosso país é aquela que melhor nos representa contra qualquer tentativa de imposição ou de ameaça.
Mais até do que um Brasil dos brasileiros, somos reconhecidos como uma nação aberta ao multilateralismo e ao diálogo com o mundo. É por isso que o nosso país se tornou uma referência no diálogo internacional, voltando a ser ouvido. Respeitamos a todos e, por isso, passamos a ser ainda mais respeitados.
A taxação imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixa claro que o seu apoio político à impunidade do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos demais traidores da pátria se sobrepôs à relação que os dois países cultivaram por mais de 200 anos. A decisão, mesmo com a balança comercial favorável à economia norte-americana, mostrou-se arbitrária por querer colocar em xeque a independência da justiça brasileira e cercear novos métodos de pagamentos que atendem a população, como é o caso do PIX. Soma-se a isso o claro interesse econômico por parte de setores ligados às big techs e à exploração de recursos estratégicos, como as terras raras brasileiras, fundamentais para as cadeias produtivas globais.
Ao tentar punir o Brasil por suas escolhas internas, o presidente Donald Trump busca impedir que o Brasil exerça plenamente sua soberania sobre nossas riquezas e interferir em nossa liberdade de estabelecer relações diplomáticas com outras potências emergentes. Como nação, sabemos defender aquilo que é inegociável. Não podemos deixar que outro país queira intervir no modo como a Justiça brasileira se posiciona.
A impunidade não deve, nem vai, prevalecer para quem atenta contra a democracia ou contra a soberania brasileira, independente do sobrenome ou do posto já ocupado. É uma questão de justiça. Jair Bolsonaro traiu a pátria ao tentar submeter os interesses nacionais a potências estrangeiras, enfraquecer instituições, coagir o Poder Judiciário e buscar apoio externo para escapar das consequências legais de seus atos. Foi essa combinação de traição, pressão indevida sobre o sistema de justiça e tentativas de negociar os interesses do povo brasileiro em benefício próprio que fundamentou as medidas cautelares e, posteriormente, a decretação de sua prisão domiciliar.
O julgamento de Jair Bolsonaro deve seguir com responsabilidade, transparência e o devido respeito ao Estado de Direito, até que todos os envolvidos na tentativa de golpe contra a ordem democrática e na trama criminosa para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, sejam devidamente responsabilizados. A democracia brasileira não será refém do medo, da violência política ou da chantagem institucional. O país exige justiça plena — não por vingança, mas para garantir que ataques tão graves jamais voltem a ameaçar o pacto constitucional firmado pelo povo brasileiro.
Nas relações internacionais, a porta para o diálogo está e deve permanecer aberta. Se temos mais de 700 itens de exportação fora da pauta de taxação é porque o Governo do Brasil, sob a liderança do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin, avançou com negociações diretas entre os setores produtivos dos dois países e com o governo norte-americano.
Temos certeza de que o Brasil vai seguir no caminho do diálogo, da diplomacia e do desenvolvimento econômico e social, como deseja a imensa maioria da população, buscando novos mercados e oportunidades mundo afora. Não iremos permitir que essas interferências externas nos desviem do foco de promover justiça tributária e seguir enfrentando as desigualdades brasileiras — esse é um compromisso inegociável com o povo. Não começamos esta disputa e somos os maiores interessados em encerrá-la de forma justa, mas vamos continuar firmes na defesa dos interesses do povo brasileiro, da nossa pátria e da nossa soberania. Com diálogo, com proteção aos brasileiros prejudicados e com a coragem de fazer sempre o que é certo.
Viva o povo brasileiro.
Luciana Santos, presidente nacional do PCdoB
João Campos, presidente nacional do PSB
Edinho Silva, Presidente nacional do PT
Carlos Lupi, presidente nacional do PDT
Paula Coradi, presidente nacional do PSOL
José Luiz Penna, presidente nacional do Partido Verde
Randolfe Rodrigues, líder do Governo no Congresso Nacional
Lindberg Farias, líder do PT na Câmara Federal
Alencar Santana, 1° vice-líder do Governo na Câmara Federal
Renildo Calheiros, líder do PCdoB na Câmara Federal
Mário Heringer, líder do PDT na Câmara Federal
André Figueiredo, deputado federal pelo PDT
Leila Barros, senadora pelo PDT
Cid Gomes, senador pelo PSB
Pedro Campos, líder do PSB na Câmara Federal
Tarcísio do PSol/RJ (Câmara Federal)
Paulo Lamac, porta-voz nacional da Rede Sustentabilidade
Túlio Gadêlha, deputado federal pela Rede Sustentabilidade
Fonte: Vermelho