Neste final de semana, a cidade de São Paulo teve dois grandes festivais de música, o The Town e o Coala Festival. Os eventos foram marcados por manifestações contra a anistia e contra a taxação e os ataques dos EUA à soberania brasileira.
Caetano Veloso, que foi o principal atração do Coala Festival, que aconteceu entre os dias 5 e 7 de setembro, encerrou o evento, com manifestações contra a anistia. Após a música Podres Poderes e antes da canção Anjos Tronchos, o público fez coro de “sem anistia, em referência ao projeto de anistia aos acusados de participar do 8 de Janeiro e daqueles que tramaram dar um golpe de estado.
Vestido com uma camisa verde e uma calça amarela, o cantor ironizou: “Sete de setembro, eu de verde e amarelo. Orgulho. Do quê? A gente nem sabe”. Caetano também entoou vários de seus grandes sucessos, como Cajuína, Sozinho, Você Não Me Ensinou a Te Esquecer, Um Baiana e Não Enche.
O Coala Festival é o maior festival de música brasileira no cenário atual. Neste ano, o palco recebeu artistas como Marina Sena, Liniker, Cidade Negra, Nando Reis e Chico Chico.
O The Town também foi marcado por manifestações no 7 de Setembro, o Dia da Independência do Brasil. Alguns grupos como Green Day, Bad Religion, CPM 22 e Capital Inicial fizeram discursos politizados, sob coro e aplausos do público presente no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.
“Nós já tivemos o bastante desses políticos, desses bastardos fascistas. Então não queremos saber mais deles, não nesta noite, não no Dia da Independência”, disse Billie Joe Armstrong, vocalista do Green Day, headliner neste domingo, durante apresentação no palco Skyline.
Billie Joe também berrou “feliz Dia da Independência, Brasil”, arrancando aplausos do público. O vocalista ainda fez referências ao governo de Donald Trump ao trocar o verso original da música “American Idiot”, em que diz que não faz parte da agenda “redneck”. Na apresentação, cantou que não quer integrar a “MAGA Agenda”, alusão às iniciais do slogan “Make America Great Again” do presidente americano.
Na mesma linha, Greg Graffin, vocalista do Bad Religion, também citou a data. “Hoje é Dia da Independência, e vocês são o governo”, disse pouco antes de começarem a tocar a faixa “You Are (the Government)”.
Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden, também deixou uma mensagem. “O momento em que você anda pela rua em direção a um velho cemitério e você vê um homem grande e alto com uma roupa preta e rabo e chifres e olhos ardentes vermelhos. E você diz: ‘Quem é esse bosta? É um político brasileiro?’. Não, não é tão ruim assim. É apenas o diabo”.
No show de abertura do festival, Os Inocentes com Supla começaram a apresentação com a música Rotina e pediram o fim da escala 6×1, em referência à PEC que tramita na Câmara dos Deputados. A banda também declamou “Palestina Livre” e fez referência ao Dia da Independência, celebrado neste domingo. “Hoje é 7 de setembro, Dia da Independência, e os verdadeiros patriotas estão aqui”.
VIRA-LATA CARAMELO
Da mesma forma, MC Hariel levantou um boneco que representava um vira-lata caramelo mordendo uma águia-de-cabeça-branca, que é símbolo dos Estados Unidos. A atitude foi uma clara manifestação pela soberania nacional e um protesto contra as taxações praticadas pelo governo dos Estados Unidos.
“É que esses cara imitam os gringo. Eu sou brasileiro. Funkeiro nato, coração e alma de maloqueiro”, diz o trecho da canção entoado no momento em que a escultura foi apresentada. O público reagiu com entusiasmo à cena, que rapidamente viralizou nas redes sociais.
Mais cedo, Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial, discursou antes da faixa “Que País É Este”. “Essa música aqui é sobre a violência, a pobreza e a desigualdade brasileira. Música sobre a PEC da impunidade que eles estão querendo aprovar no Congresso… Os nobres deputados, engravatados, falou?”, disse Ouro Preto.
O vocalista do Capital Inicial fez referência à proposta de emenda à Constituição, apelidada de PEC da imunidade, PEC das prerrogativas ou PEC da blindagem, apresentada por deputados federais em 2021 para rever os limites da imunidade parlamentar.
Já o grupo CPM 22 foi interrompido por gritos de “sem anistia”, pelo público durante o show no palco The One. Líder da banda, Badauí respondeu: “a voz do povo tem poder”.
