Em vídeo, parlamentar afirma que esquema de propina na Secretária da Fazenda de SP é “ponta do iceberg” de uma política de benefícios fiscais a empresários
O deputado estadual Guilherme Cortez divulgou um vídeo em suas redes sociais associando o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao esquema de corrupção envolvendo auditores-fiscais de seu governo e executivos da Ultrafarma e da Fast Shop.
Em agosto, veio à tona a investigação sobre um esquema bilionário de propina envolvendo auditores-fiscais tributários da Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo (Sefaz-SP), os donos e o fundador da Ultrafarma, Sidney Oliveira, e o executivo e diretor estatutário do grupo Fast Shop, Mário Otávio Gomes.
A investigação começou há 6 meses e já concluiu que o esquema existe desde 2021. Segundo o MP, empresários pagavam para que os auditores facilitassem o ressarcimento de créditos de ICMS junto à Sefaz-SP. Todas as empresas varejistas contribuintes têm direito ao ressarcimento; porém, o procedimento é complexo e tem prazos longos.
No vídeo, Cortez diz que o auditor-fiscal Arthur Gomes da Silva Neto, acusado de facilitar o ressarcimento de ICMS para essas empresas, “era responsável por dar um jeitinho no processo dessas empresas para dificultar a fiscalização e para que elas pagassem menos imposto do que deviam”.
Assista:
“E isso tem tudo a ver com o Tarcísio. Você deve ter visto que o dono da Ultrafarma, Sidney Oliveira, foi preso por sonegar impostos num valor que chega a 60% do quanto a empresa dele faturava. Isso tudo por meio de uma fraude no pagamento do ICMS, o imposto que a gente paga para o Estado em tudo o que a gente compra”, diz Cortez no vídeo.
“Sidney pagava propina em troca de ser cobrado menos do que deveria pagar de ICMS. Mas não foi só ele. O diretor da Fast Shop, Mário Otávio Gomes, também foi preso, acusado de participar do mesmo esquema, e outras empresas ainda estão sendo investigadas, como é o caso da Oxxo e da Kalunga”, continua.
Como pagamento, apenas Arthur teria recebido o montante de R$ 1 bilhão em propina desde que o negócio começou, lá em 2021. “R$ 1 bilhão de propina só para uma pessoa. Então pensa comigo: se só de propina essas empresas pagavam R$ 1 bilhão para sonegar imposto, imagina só quanto elas estavam ganhando com essa brincadeira”, diz o parlamentar no vídeo.
O deputado questiona como esse esquema inteiro perdurou por tanto tempo sem ninguém desconfiar dentro do governo do maior estado do país. “E é aí que entra o grande responsável por tudo isso: o governador Tarcísio de Freitas. Desde que assumiu o governo, as isenções fiscais que ele concede para as empresas – que ocorrem quando ele deixa de cobrar os impostos que elas devem – bateram recorde atrás de recorde. Foram R$ 68 bilhões em 2024 e R$ 71 bilhões em 2025. E só para o ano que vem já estão previstos R$ 85 bilhões”, diz.
Isenções como essas são recorrentes, são regras no governo Tarcísio (e mesmo em outros). “Para ter ideia, esse valor é maior do que o governo pretende investir nas áreas da saúde e da educação públicas juntas!”, continuou.
“A propina que o Arthur recebia é só a ponta do iceberg de um esquema bilionário por meio do qual o governo de São Paulo deixa de arrecadar para agradar a grandes empresários, muitos deles financiadores da própria campanha do Tarcísio. Por exemplo, Frederico Gerdau, dono da Gerdau, empresa de aço, que doou sozinho R$ 1 milhão. Ou Salim Mattar, que foi secretário de Digitalização de Bolsonaro e dono da Localiza, que doou R$ 800 mil para a campanha. Já Rubens Rometo, dono da Cosan, produtora de etanol, e Hélio Seibel, do grupo Ligna, que controla empresas como a Dex e a Léo Madeiras, doaram cada um R$ 200 mil. Mas, enquanto seus amigos do rei recebem isenção a rodo, o povo só toma de ombros”, continua.
Cortez lembra que, “só neste ano, o governo de Tarcísio diminuiu em R$ 11 bilhões o investimento na rede estadual de ensino. E o povo está pagando cada vez mais caro para as concessionárias de serviços e hospedagens”.
“Agora, você sabe quem não abriu a boca até agora para se manifestar sobre isso? O próprio Tarcísio. Ele está fingindo que não é com ele, contando que o povo é idiota. Ele nem sequer demitiu o secretário da Fazenda e deixou tudo isso acontecer bem debaixo do seu nariz. A imprensa aliada está blindando o Tarcísio e evitando associar esse esquema a ele”, concluiu.
