“Eu falei ao Trump que nós somos uma zona de paz'”, disse Lula durante discurso em Minas Gerais
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relatou nesta quinta-feira (11) uma conversa que teve por telefone com Donald Trump, na semana passada, dia 2, em que lhe disse que não quer “guerra na América Latina”.
Durante discurso na abertura do evento Caravana Federativa, em Belo Horizonte-MG, Lula afirmou que Trump quer uma política na qual “aquele mais forte determina o que os outros vão fazer”.
“Eu falei ao Trump, ‘nós não queremos guerra na América Latina, nós somos uma zona de paz'”, disse Lula.
O presidente disse que Trump respondeu: “eu tenho mais arma. Eu tenho mais navio, eu tenho mais bomba”.
“Falei ‘cara, eu acredito mais no poder da palavra do que no poder da arma. Vamos tentar utilizar a palavra como instrumento de convencimento, de persuasão para a gente fazer as coisas certas. Vamos acreditar que a palavra, diplomaticamente, é a coisa mais forte para a gente resolver os problemas”, disse Lula.
“A democracia do mundo não está bem. O mundo tem pouca liderança mundial. Há uma fragmentação, há uma destruição da democracia, há uma tentativa de colocar fim ao multilateralismo, que foi o que sustentou a paz no mundo desde a Segunda Guerra Mundial pelo unilateralismo. O unilateralismo que o presidente Trump deseja é que aquele mais forte determina o que os outros vão fazer. É sempre a lei do mais forte”, comentou o presidente no discurso.
Os EUA estão ameaçando a Venezuela e seu presidente Nicolas Maduro com ostensivos porta-aviões e navios de guerra na costa do país, a pretexto de combate ao narcotráfico.
Por ordem de Trump, os EUA já realizaram mais de 20 ataques contra barcos com supostas cargas de drogas no Caribe e no Pacífico e já assassinaram 87 pessoas nessas operações.
O presidente Lula também conversou com o presidente da Venezuela Nicolas Maduro na semana passada. Ele disse a Maduro que está preocupado com a “paz na América do Sul e no Caribe” e se colocou à disposição para ajudar numa saída.
O presidente já afirmou que “se o mundo virar uma terra sem lei, vai ficar muito difícil”.
“Se a moda pega, cada um acha que pode invadir o território do outro para fazer o que quer. Onde é que vai surgir a palavra respeitabilidade à soberania dos países? Então eu pretendo discutir esses assuntos com o presidente Trump se ele colocar na mesa”, disse Lula em outubro.
