
A Suprema Corte de Portugal negou o pedido de extradição do lobista investigado pela Operação Lava Jato, Raul Schmidt, na terça-feira (15).
Apesar de ter nascido no Brasil, Raul tem dupla nacionalidade por conta de um avô português e, por isso, também é considerado português nato.
O nome de Raul Schmidt aparece bastante quando o assunto é o assalto feito à Petrobrás durante os governos do PT e PMDB. Ex-funcionário da estatal, ele também foi executivo de diversas multinacionais que atuavam no Brasil.
Conforme apuraram as investigações da Polícia Federal (PF), ele atuava como lobista de multinacionais junto à Petrobrás e neste papel recebia percentuais de contratos e distribuía propina entre os diretores da estatal, neste caso, Renato Duque (diretor de Serviços), do esquema do PT, Nestor Ceveró e Jorge Zelada (ex-diretores da área Internacional), mantidos pelo MDB.
Raul Schmidt é sócio de Zelada em uma empresa sediada na Suíça, que supostamente se dedica à energia solar, mas é uma empresa de fachada para lavagem de dinheiro, conforme foi investigado pela PF. Somente para Zelada ele repassou ao menos US$ 31 milhões em 2009.
O lobista teve atuação conhecida em contratos milionários da estatal junto a multinacionais. É o caso da construção dos navios-sonda Petrobras 10000, realizado pelo estaleiro Samsung, que teve pelo menos US$ 11,9 milhões de superfaturamento, e o Vitória 100000, cuja aquisição envolveu o pagamento de US$ 40 milhões de propina.
Nesse esquema dos navios-sonda, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, também recebeu propina de pelo menos US$ 5 milhões. Cunha está preso e condenado em outro processo da Lava Jato a 15 anos e quatro meses de prisão.
Raul Schmidt foi preso em Lisboa em 2016, durante a 25ª fase da Operação Lava Jato, num apartamento de luxo avaliado em mais de 2 milhões de euros. E a partir de então ficou em um vaivém jurídico sobre sua extradição para o Brasil. Foi solto e voltou a ser preso em Portugal no início de 2018.
Na época, o Ministério Público Federal (MPF) disse ser possível que ele seja “o fugitivo com maior patrimônio desviado dos cofres públicos brasileiros”. Ele recebeu propina de mais de US$ 200 milhões em serviços – entre eles, facilitação de desvios de recursos da Petrobrás em diferentes diretorias.
O pedido inicial de extradição foi feito pelo então juiz Sérgio Moro e acatado pela Suprema Corte portuguesa, mas o Tribunal Europeu de Direitos Humanos interferiu suspendendo a decisão.
Agora, porém, a Suprema Corte de Portugal voltou a julgar o caso e decidiu por arquivar definitivamente o pedido de extradição e manter Raul em liberdade.
Matérias relacionadas:
Lobista que pagou propina a Duque, Zelada e Cerveró é preso em Portugal
Aprovada extradição do “fugitivo com maior patrimônio desviado dos cofres públicos brasileiros”.