
O senador afirmou que o ministro Marco Aurélio Mello tem razão e “deve jogar ao lixo a tentativa malcheirosa de abafar o caso”
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) cobrou de Bolsonaro que “explique à sociedade a origem das movimentações financeiras malcheirosas de seu filho e o porquê dele ter ido ao STF barrar a investigação”.
O senador ainda avisou que “não adianta mandar sua matilha raivosa e amestrada me patrulhar, que não tenho medo!”.
Randolfe fez várias postagens na sua conta do Twitter comentando as novas revelações do caso Queiroz e de Flávio Bolsonaro.
Na mais recente ele comenta: “Primeiro era R$ 1,2 milhão. Agora já são R$ 7 milhões de movimentações escusas no caso Queiroz-Bolsonaro: o que diferencia a corrupção no varejo ou no atacado é a oportunidade. Todos esses milhões com apenas um gabinete parlamentar: imagine com um governo inteiro”.
O senador também disse que o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), “tem toda razão: deve jogar ao lixo a tentativa malcheirosa de abafar a investigação do caso do motorista Queiroz, que movimentou R$ 1,2 milhão suspeitos no gabinete do filho do Presidente Bolsonaro”.
Randolfe ainda criticou Flávio Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão que, para não dar explicações sobre o caso, preferiram se esconder atrás de acusações contra o Ministério Público, por fazer o seu papel de investigar. “Quem não deve, não teme: ninguém está acima da lei, nem o filho do “Rei”. O que teme o “cidadão de bem”?”, perguntou.
As novas revelações de movimentações financeiras suspeitas, identificadas pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), desta vez na conta de Flávio Bolsonaro, não escaparam da avaliação de Randolfe. “Em um único mês, flagrados “módicos” R$ 96 mil sem origem identificada, em 48 depósitos sucessivos e picados, com poucos minutos entre si, na sede da ALERJ, onde Flávio era deputado e mantinha vários assessores, em dia de pagamento. Liguem os pontos”.
Também pelo Twitter, a ex-ministra Marina Silva, fundadora da Rede, fez comentários sobre o assunto Flávio-Queiroz. “O caso Queiroz parece um exemplo às avessas do ditado: quem não deve, não teme. O investigado pede para suspender investigação da qual é alvo para ganhar tempo e tentar se esconder atrás do foro privilegiado. Faz uso daquilo que tanto criticou para ganhar votos. Haja incoerência!”.
Na quinta-feira (17), o ministro Luiz Fux, de plantão no STF, suspendeu as investigações sobre o caso até decisão do ministro Marco Aurélio Mello, que ficará responsável pelo assunto. O pedido foi de Flávio Bolsonaro, alegando ter “foro privilegiado” apesar de não ter ainda assumido o cargo de senador. “Foro privilegiado” que seu pai tanto criticou. E nem ele é ainda o alvo da investigação. É o seu ex-motorista Fabrício Queiroz, que nem sabia do pedido de Flávio Bolsonaro no STF.
Na noite de sexta-feira (18), a TV Globo divulgou que o Coaf encontrou 48 depósitos suspeitos na conta do filho de Bolsonaro. No domingo (20), foi a vez do público saber que não foi só R$ 1,2 milhão de movimentação suspeita na conta de Queiroz. Foram R$ 7 milhões entre 2014 e 2017.
O caso já tomou proporções tão nebulosas que até a advogada Janaína Paschoal, deputada estadual eleita pelo PSL, partido de Bolsonaro, defendeu que “seja derrubado o sigilo [do caso Queiroz], para que possamos compreender a totalidade [da investigação]”.
Ela também criticou a decisão do ministro Luiz Fux. “Respeitosamente, entendo que a decisão do ministro Fux está equivocada. O precedente que tratou da prerrogativa de foro realmente foi no sentido de que os casos devem ser analisados em concreto; entretanto, os fatos devem ser posteriores ao início do mandato. Não é o caso!”, disse. Janaína Paschoal é uma das autoras do pedido de impeachment de Dilma Rousseff e recebeu 2,060 milhões de votos para a Assembleia Legislativa de São Paulo.
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