A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, sofreu críticas por afirmar que o movimento “Lula Livre” deve pegar carona nas mobilizações contra os cortes de verbas da Educação. “Essa moçada está indo às ruas pelo legado que Lula deixou nesse país”, defendeu ela. A opinião da petista pode, segundo analistas, acabar ajudando Bolsonaro.
O ex-prefeito Fernando Haddad, percebeu isso e declarou ao jornal Folha de S. Paulo que “o PT não pode ter a pretensão de tutelar movimento social”. Cobrado por integrantes do partido sobre a declaração, Haddad criticou o que chamou de “intrigas” e emendou que há os setores que apoiam o Lula Livre (em sua opinião, toda a centro-esquerda), e “há o movimento educacional com dinâmica própria”, disse ele.
A força das mobilizações em defesa da Educação está exatamente em seu caráter amplo, suprapartidário e massivo. Milhões de pessoas, com várias cores e opiniões políticas, saíram às ruas para exigir a reversão dos cortes nas verbas das Universidades e Institutos Federais.
O que uniu a todos foi a exigência da suspensão dos cortes. Mesmo as centrais sindicais, que estão convocando uma greve geral para o próximo dia 14 de junho contra a reforma da Previdência, tiveram a sensibilidade, que faltou a Gleisi, e foram aos atos principalmente para apoiar os estudantes e os professores em suas reivindicações.
Praticamente todos os partidos políticos, exceto os partidos bolsonaristas mais empedernidos, criticaram os cortes anunciados pelo governo e apoiaram as manifestações. A frente em defesa da Educação é, portanto, muito mais ampla do que a presidente do PT consegue, ou quer, enxergar.
Boa parte dos partidos e manifestantes que defendem a Educação, não comungam com as opiniões de Gleisi sobre a condenação de Lula e outros presos da Lava Jato. Querer usar as manifestações pró-educação para tentar fortalecer esta bandeira partidária ameaça a força do movimento.
Este risco foi percebido por Fernando Haddad. “O movimento da educação é um movimento da sociedade, independentemente da posição que a pessoa tenha em relação ao PT e ao Lula”, disse ele.
Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em segunda instância pelo caso do tríplex de Guarujá (SP). Ele está preso desde abril do ano passado.
Em abril deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reduziu a pena de 12 anos e 1 mês para 8 anos, 10 meses e 20 dias, o que abriu caminho para ele solicitar a progressão de pena para deixar o regime fechado no segundo semestre deste ano.