O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e a Rede Sustentabilidade, em nota conjunta, divulgada na quarta-feira (07), negaram que o partido tenha sido usado pelo procurador Deltan Dallagnol para propor no STF uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) contra o ministro Gilmar Mendes. A acusação surgiu por conta da divulgação de conversas privadas de integrantes da força-tarefa da Lava Jato.
O senador afirma que não conversou com o procurador Deltan Dallagnol sobre a ação especificamente e que a decisão fazia parte de suas convicções. Na nota conjunta sobre o caso, Randolfe e a Rede colocam que “a ação citada foi ajuizada após o Ministro Gilmar Mendes ter concedido habeas corpus de ofício a Beto Richa e outros ‘ilustres’ investigados, burlando as regras de sorteio de relatoria do STF e se convertendo numa espécie de ‘Liberador-Geral da República’”.
Dizer, como Dallagnol disse, que Randolfe “super topou” impedir a impunidade (marca registrada de Gilmar Mendes) não é nada “comprometedor”, como certos setores, que não gostam de Dallagnol – não sem razão – apregoam. Randolfe, além de combativo em várias frentes em sua atuação, era, sem dúvida, uma espécie de terror dos ladrões do colarinho branco, dos ladrões do dinheiro público.
Randolfe disse que é ridícula a afirmação de que o partido teria sido usado contra Gilmar Mendes. Ele destacou que “a ação foi movida por convicção minha e da Rede, não foi pedida pelo Deltan. Não teve pedido em momento algum. A ação foi inclusive deliberada pela Executiva da Rede”. “A Rede Sustentabilidade é campeã de ações no Supremo Tribunal Federal”, lembrou o senador.
Realmente, o fato do promotor aloprado Deltan Dallagnol não gostar de Gilmar Mendes, e ter pensado em pedir a alguém para afastá-lo dos casos de corrupção, só revela que o promotor da Lava Jato não era de todo desajustado da cabeça, como nós, inclusive pensávamos. Alguma lucidez ele parece que tinha. Pouca é verdade, mais, aparentemente, ele tinha alguma.
Isso não tem nada a ver com os desatinos e até irregularidades cometidas por ele em suas conversas com o juiz Sérgio Moro, e que só agora estão vindo à tona.
O Brasil inteiro achava que Gilmar Mendes praticava absurdos inaceitáveis para soltar amigos, de preferência os “amigos ricaços”. Não havia ninguém, com alguma lucidez no Brasil, que não pensasse em alguma forma de tirar poderes de Gilmar Mendes. Isso era tão evidente que ele era conhecido como soltador de criminosos e não podia nem andar na rua, no Brasil ou fora, sem sofrer apupos.
Além de Beto Richa, citado por Randolfe, Mendes soltou figuras como o médico estuprador Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de cadeia por violentar 37 mulheres (suas pacientes) entre 1995 e 2008, deu dois habeas corpus na mesma noite para soltar o banqueiro Daniel Dantas, flagrado tentando subornar um delegado da Polícia Federal.
Mendes soltou o médico Sérgio Côrtes, aquele da festa dos guardanapos de Sérgio Cabral na França, soltou Paulo Preto, ladrão das obras paulistas, suspendeu, em decisão liminar, uma ação penal contra o empresário do setor de transportes Jacob Barata Filho, conhecido como “rei do ônibus”, e assim por diante. A lista realmente é enorme.
Ou seja, Gilmar soltava ladrões e criminosos. Isso é fato. O Brasil não aceitava. E segue não aceitando. Este é outro fato. Gilmar só defendia ladrões de colarinho branco, preferencialmente de seu campo político. Depois, para disfarçar, o ministro passou a defender também outras personalidades, de outras correntes, que não faziam parte de seu círculo político mais íntimo. Tanto que algumas dessas correntes, que o odiavam, quando ele era tucano, o elegeram agora como herói.
Randolfe Rodrigues, além de combater de forma muito determinada e ampla a política desastrosa, antinacional e antipopular de Jair Bolsonaro, se caracterizou também pelo combate vigoroso à corrupção, vinda de onde viesse. Esse também é outro fato. E um fato dos mais significativos na política brasileira. Por isso, pensar diferente sobre suas intenções, neste caso, não passa de puro oportunismo.
S.C.