A Polícia Federal (PF) indiciou o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP), por recebimento de R$ 1 milhão e 800 mil, em propina, da Odebrecht.
“Ficou demonstrado nos autos”, relata a PF, “que a empresa Odebrecht, principalmente através do interlocutor Fernando Reis, alimentava interesses convergentes com Paulo Pereira. Tais interesses culminavam em contribuições pecuniárias legais e ilegais. Para a empresa seria importante ter um aliado nas ‘fileiras trabalhistas’, mormente um ocupante de cargo legislativo influente, Presidente da Força Sindical (…). Em contrapartida, o parlamentar receberia regulares contribuições financeiras para atender aos anseios da empresa”.
O indiciamento do deputado Paulinho da Força foi realizado no Inquérito nº 4387/ STF, que tem como relator o ministro Luís Roberto Barroso.
A propina de R$ 1,8 milhão foi o pagamento pelos serviços prestados à Odebrecht “pelo deputado Paulo Pereira da Silva em episódios envolvendo movimentos sociais e sindicais, como a greve na Embraport em Santos/SP e a invasão na Sede da Odebrecht em São Paulo/SP, de forma a mitigar a exposição do Grupo Odebrecht nesses episódios”, aponta a PF.
Além disso, em depoimento à PF, Fernando Reis, diretor da Odebrecht Ambiental, relatou que “a Odebrecht pretendia, com os repasses, manter boa relação com o parlamentar a título de utilizar-se de sua influência junto aos movimentos sindicais impulsionando a privatização de empresas na área de saneamento”.
Todo o dinheiro saiu do Setor de Operações Estruturadas (isto é, o departamento de propina) da Odebrecht, onde ficou registrada a programação dos repasses.
O deputado era “identificado no sistema de pagamento de recursos não contabilizados (Mywebday B) com o codinome ‘Forte’. Nas palavras do colaborador [Fernando Reis], ‘em clara referência à entidade sindical (FORÇA SINDICAL) que ele liderava‘”.
Para comprovar o seu depoimento, o diretor da Odebrecht apresentou “duas planilhas extraídas do sistema Drousys contendo uma programação semanal de pagamentos. Nas planilhas há os registros de dois pagamentos no valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) cada, realizados nos dias 04/09/2014, relacionado à senha ‘Volkswagen’ e 11/09/2014, relacionado à senha ‘Chevrolet’, ambos para o codinome ‘Forte’”.
Os sistemas de computador “Drousys” e “Mywebday B” eram usados para o pagamento de propina “sistemática” para políticos.
A PF menciona, em seguida, as provas materiais que comprovam a propina:
“De acordo com os documentos localizados, os pagamentos teriam sido efetuados no mesmo endereço em que está localizada a sede da FORÇA SINDICAL em São Paulo/SP.
“Para tais entregas de valores foram fornecidas as seguintes senhas: Ford, Volkswagen, Chevrolet e Pandeiro, sendo que os pagamentos foram programados, respectivamente, para as seguintes datas: 21/08/2014 (R$ 500.000,00), 28/08/2014 (R$ 500.000,00), 04/09/2014 (R$ 500.000,00) e na semana entre o dia 15 e 19/09/2014 (R$ 300.000,00).
“Os valores foram transportados e entregues por funcionários da empresa Transnacional. Na ocasião, a empresa Transnacional prestava serviço para o doleiro Alvaro Novis, responsável pelo fornecimento dos valores” do departamento de propina da Odebrecht.
Tanto o chefe do departamento de propina da Odebrecht, Hilberto Silva, como o doleiro Alvaro Novis, como os funcionários da empresa Transnacional que transportaram o dinheiro, confirmaram as entregas de propina para o deputado Paulinho da Força. O doleiro Novis entregou alguns áudios em que ele e um assessor do deputado, Marcelo de Lima Cavalcanti, combinam as entregas para Paulinho da Força.
C.L.