Número de contágios confirmados da pandemia já é mais do dobro
Os Estados Unidos ultrapassaram a China nesta terça-feira em total de mortos pela covid-19, segundo a universidade norte-americana Johns Hopkins, que mantém um centro de referência sobre a pandemia.
Agora, são 3.440 os mortos em decorrência da doença nos EUA, contra 3.300 na China – sendo que a população da China é quatro vezes maior.
Em total de contágios, os EUA haviam superado a China desde a semana passada, sendo que há agora 175 mil casos de norte-americanos infectados, contra quase 82 mil chineses – mais do dobro.
O estado de Nova York superou a província chinesa de Hubei – cuja capital é Wuhan – como a região com maior número de casos de infecções pelo coronavírus no mundo. Para os 67.801 casos em Hubei, são 75.795 os contágios confirmados no estado norte-americano.
Também a França, onde a pandemia está em quadro de agravamento, já tem mais mortos pela covid-19 que a China, com 3.523 óbitos até terça-feira.
Itália e Espanha já haviam anteriormente sofrido mais mortes por covid-19 que as da China, sendo que o saldo de óbitos agora é de, respectivamente, 12.428 e 8.269.
Em “memória das vítimas do coronavírus” e em homenagem aos trabalhadores da saúde, por toda a Itália foi feito um minuto de silêncio, enquanto a bandeira tricolor era mantida a meio-mastro. Em Roma, a prefeita Virginia Raggi, se referiu à “ferida que sofre todo o país”.
“O PIOR ESTÁ POR PORVIR”
Em Nova Iorque, maior cidade dos EUA, o prefeito de Nova Iorque, Bill de Blasio, voltou a alertar que “o pior está por vir”. De acordo com o governador do estado, Andrew Cuomo, o auge da pandemia irá acontecer em “duas a três semanas”.
No momento, a situação tornou-se menos pior, após o recuo do presidente Donald Trump, que andava prometendo “reabrir os negócios” na Páscoa mas acabou decidindo prorrogar até 30 de abril o isolamento social em vigor.
Nesse ínterim, a convocação do “fique em casa” havia ficado praticamente por conta de governadores, prefeitos e infectologistas. 100 milhões de norte-americanos estão sob diversos estágios de confinamento.
Ao que parece, o aumento alarmante de casos, os 200 mil mortos previstos nos modelos estatísticos de infectologia e a proximidade das eleições presidenciais demoveram Trump da sua “pressa”.
O número de casos confirmados nos EUA aumentou em mais de 20 mil na segunda-feira, com os hospitais sobrecarregados, escassez de máscaras e respiradores, e equipes médicas perto da exaustão, num país em que não existe saúde pública universal, nem licença paga por doença e onde as próprias leis de Trump empurram milhões de imigrantes ilegais a se esconderem e não buscarem ajuda médica, para não serem extraditados.
Chegou a Nova Iorque o navio-hospital USNS Comfort, com mil leitos e 12 salas de cirurgia, que atenderá pacientes não relacionados ao coronavírus para liberar leitos na rede hospitalar da cidade. O hospital de campanha que está sendo montado no Central Park está quase pronto.
Um centro de convenções de Nova York foi transformado pelo Corpo de Engenheiros do Exército em um hospital de mil leitos no espaço de uma semana. Segundo o comandante do Corpo, o plano é construir até 341 hospitais temporários, e já estão em busca de hotéis, dormitórios, centros de convenções e espaços abertos amplos que possam servir para isso.
NY, LOS ANGELES, NOVA ORLEANS E MIAMI
A chefe da força-tarefa da Casa Branca contra a pandemia, Dra. Deborah Birx, disse no domingo que “toda a área metropolitana” dos EUA deveria se preparar para se tornar “outra Nova Iorque”, que é o epicentro da pandemia nos EUA.
Em Detroit, há “um tsunami” de contágios, afirmou a Dra. Teena Chopra, Diretora Médica de Prevenção de Infecções e Epidemiologia Hospitalar . “Se você olhar para a nossa curva em Detroit, é mais íngreme do que a curva de Nova York”, advertiu, chamando a situação de “alarmante”.
A pandemia já saiu do controle em Nova Orleans, e a pressão sobre o sistema hospitalar está aumentando em Los Angeles e Miami.
No domingo, Trump também deixou de lado seu xingamento de “vírus chinês” e conversou por telefone com o presidente chinês Xi Jinping, primeiro país a conter a pandemia, de onde virá ajuda na forma de 80 toneladas em equipamentos essenciais contra o coronavírus.
MAIS DE 800 MIL INFECTADOS NO MUNDO
A pandemia já causou mais de 40 mil mortes no mundo inteiro, a maior parte na Europa, o continente mais afetado, com cerca de 29 mil. O total de infetados no mundo passa de 800 mil, de acordo com os dados da Universidade Johns Hopkins.
Só em 24 horas, Itália e Espanha aumentaram a mortandade em, respectivamente, 837 e 849 óbitos. A Itália determinou a prorrogação da quarentena total no país até à Páscoa, domingo 12 de abril.
A França, que tem mais de 45 mil contagiados, anunciou que irá aumentar em 3,3 milhões a capacidade de produção de máscaras por semana, para 15 milhões, até o final de abril. Paris já pedira à China 1 bilhão de máscaras.
Em Moscou, entrou em vigor o confinamento, também seguido por São Petersburgo e outras cidades russas. O prefeito Sergei Sobyanin determinou que os moradores só podem sair de casa para trabalhar, comprar alimentos ou remédios, e em caso de emergências médicas.
Nas últimas 24 horas, a Rússia teve 500 novos casos confirmados. O médico responsável pelo principal hospital de Moscou para o tratamento de pacientes da covid-19,Denis protsenko, testou positivo para o coronavírus.
O Irã registrou 141 novas mortes por covid-19 em relação a segunda-feira, aumentando o total de óbitos para 2.898. Foram 3.111 novos casos de contágio, elevando o total para 44.606.
Na África, além da África do Sul, sob quarentena por três semanas, o confinamento também passou a funcionar no mais populoso país do continente, a Nigéria.
A China, que foi o primeiro país do mundo a conter a pandemia, só teve nas últimas 48 horas os chamados casos ‘importados’, pessoas voltando doentes do exterior e zero de contágios domésticos. Esses casos ‘importados’ totalizaram 48 em 24 horas. Apenas uma morte foi registrada na segunda-feira. Desde o início da pandemia, mais de 76 mil pessoas já receberam alta.
Estudo publicado na revista Science afirmou que a decisão da China de fechar a cidade de Wuhan, a zona zero da pandemia de covid-19, pode ter evitado mais de 700 mil novos casos da doença ao retardar a expansão do coronavírus.
O estudo é assinado por pesquisadores da China, Estados Unidos e Grã Bretanha, e reforça a percepção de que as medidas de controle sem precedentes tomadas pelo governo chinês nos primeiros 50 dias da epidemia permitiram às outras cidades do país um tempo precioso para se prepararem e acionarem suas próprias restrições. E, diga-se, também aos demais povos e nações.
A.P.