O presidente da Argentina, Alberto Fernández, depois de reunir-se com a comissão formada por médicos e cientistas que o assessoram, programou a extensão da quarentena no país por mais duas semanas, até segunda-feira, 11 de maio. Os especialistas insistiram em ressaltar os bons resultados que está trazendo o isolamento obrigatório.
Apontaram que a curva que marca os infectados continua achatada e a duplicação dos contágios – um índice de referência chave – segue se esticando além dos 14 dias. O principal problema está focalizado na área metropolitana. A capital Buenos Aires e as cidades próximas concentram 70% dos casos. Lá a quarentena é rígida, tendo controles de segurança e inclusive detenções quando há atitudes de desobediência.
Na reunião, os especialistas advertiram que não se deve permitir aniversários ou festas familiares, nem encontros artísticos ou esportivos, eventos que às vezes fogem ao controle. Também deverão continuar fechadas as passagens fronteiriças e aeroportos. O mesmo deve acontecer com as aulas, que deverão se manter na variante virtual.
O governo está elaborando o chamado “mapa de calor” no qual se cruzam as diferentes variantes para marcar os lugares de maior ou de menor perigo de circulação. “Não podemos tomar medidas que não sejam embasadas na realidade, na ciência. Entre os pontos que se levarão em conta para definir as coisas, estão a densidade da população, a quantidade de casos que há, a duplicação da curva, a quantidade de leitos de terapia e os serviços de internação. Estão sendo preparadas normas mais detalhadas sobre como tem que ser a proteção da equipe de saúde para que seja igual para todo o país”, explicou a infectologista Angela Gentile, uma das especialistas que esteve na reunião.
Além de medidas específicas a serem definidas pelos Estados e municípios, também foram avaliadas ideias para habilitar saídas de crianças com supervisão dos adultos para os quais um isolamento total pode começar a lhes resultar nocivo.
O Presidente Alberto Fernández reuniu-se com dirigentes de movimentos populares. “Vocês são atores centrais porque têm o respeito de suas comunidades. São a peça central do presente e do futuro”, disse no encontro em que também participaram o ministro de Desenvolvimento Social, Daniel Arroyo, e o chefe Gabinete, Santiago Cafiero. Sindicatos, entidades de bairro, estudantis, de mulheres, cientistas e representantes de entidades camponesas conversaram com o governo.
As organizações manifestaram seu apoio às medidas que o governo está tomando frente à pandemia, e suas exigências estiveram centradas na necessidade de receber mais alimentos, já que em várias províncias houve problemas, em parte por medidas burocráticas. Também frisaram a importância de que, na saída da crise, se criem mais empregos e mais políticas públicas para os bairros populares, e propuseram a criação de um fundo para a economia popular.
“Ninguém se salva sozinho e eu não vou me esquecer de nenhuma pessoa em nenhum bairro necessitado da Argentina”, garantiu o presidente. “Temos a oportunidade de fazer um sistema mais justo e vocês são atores centrais”, acrescentou.
Até o dia 24, o país tinha 3.435 contagiados e 168 falecidos, enquanto que mais de 870 pessoas já se recuperaram.