A Advocacia-Geral da União (AGU) assumiu a defesa da ex-assessora-fantasma de Jair Bolsonaro, Wal do Açaí, e pediu o arquivamento do processo. Bolsonaro é acusado de improbidade administrativa e sua condenação é pedida pelo Ministério Público Federal (MPF).
A AGU argumenta que pode defender Walderice Santos da Conceição porque os crimes foram cometidos quando ela era funcionária pública, mas a intenção é, na verdade, proteger Jair Bolsonaro.
Quando era deputado federal, Jair Bolsonaro nomeou Walderice para o cargo de assessora parlamentar em seu gabinete sabendo que ela não iria trabalhar.
O acordo era de que ela receberia dinheiro público para repassá-lo para o esquema de “rachadinha”, o qual enriquecia Bolsonaro, e prestar serviços domésticos para o então deputado.
O MPF apontou que “as condutas dos requeridos e, em especial, a do ex-deputado federal e atual presidente da República Jair Bolsonaro, desvirtuaram-se demasiadamente do que se espera de um agente público”.
“No exercício de mandato parlamentar, não só traiu a confiança de seus eleitores, como violou o decoro parlamentar, ao desviar verbas públicas destinadas a remunerar o pessoal de apoio ao seu gabinete e à atividade parlamentar”.
A investigação também apurou que Jair Bolsonaro “atestou falsamente” a frequência de Walderice como assessora.
Walderice nunca foi para o gabinete de Jair Bolsonaro em Brasília, mesmo que seu cargo exigisse que ela batesse ponto, e também não trabalhava para o então deputado em Angra dos Reis. Ela e seu marido realizavam serviços domésticos na casa de veraneio de Jair.
Além disso, Wal, como era chamada, sacava em espécie entre 83% e 95% de seu salário.
Esse é um indício de que ela estava envolvida no esquema de “rachadinha” no gabinete de Jair Bolsonaro, no qual os assessores eram obrigados a devolver parte do salário ao deputado.
O ex-ministro e presidente do Cidadania, Roberto Freire, comentou que “Wal do Açaí agora é a Wal da AGU”. “AGU assumir a defesa da alta funcionária fantasma da República(das Rachadinhas) é de lascar. Wal do Açaí agora é a Wal da AGU. Mas que pouca vergonha. No que Bolsonaro e sua patota transformaram os órgãos de Estado. Uma vergonha imensa Bolsonaro provoca nos brasileiros de vergonha”, escreveu nas redes Roberto Freire.