Durante os três primeiros meses de 2020, o desmatamento na Amazônia Legal teve um aumento de 51% e bateu o recorde do período.
De acordo com os alertas do sistema Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o desmatamento alcançou 7496 km² da Amazônia Legal entre janeiro e março, o número também significa um recorde para o período nos últimos cinco anos, desde que o Deter passou a usar a metodologia atual.
Devido a época marcada pelas chuvas na região amazônica, o primeiro trimestre geralmente tem números mais baixos de desmatamento do que o restante do ano.
O Mato Grosso teve a maior área desmatada neste ano, 267 km², sendo 55km a mais do que no início do ano passado. A alta deste trimestre foi puxada pelo Pará, com 257 km² de desmatamento neste trimestre, alta de 242% em relação ao início de 2019, que registrava 75 km².
Somente no mês de março, o desmatamento na floresta Amazônica cresceram 29,9%, comparado ao mesmo mês do ano passado. Foram emitidos alertas para 326,51 km² em 2020, enquanto no ano anterior, no mesmo período, foram 251,3 km².
Os desmatadores não param e se aproveitam da recomendação de isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus para ampliar sua ação. A quarentena contra a Covid-19 não encontra adesão nas regiões mais remotas do país, segundo Paulo Barreto, pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
De acordo com Barreto, a tendência de aumento ocorre desde o ano passado.
“Houve uma redução de fiscalização e aumento do discurso político contra a proteção ambiental. Além disso, em dezembro de 2019, foi editada Medida Provisória (910/2019) que dá mais benefícios para invasores de terras públicas (grilagem). Assim, expectativa de desmatar e lucrar aumenta e estimula o desmatamento. A política de isolamento não chega necessariamente nas áreas rurais e especialmente nas regiões mais distantes dos grandes centros”, afirma o pesquisador.