Caso não fosse denunciado, o parlamentar do Centrão usaria o dinheiro em obras que beneficiariam interesses privados em Minas Gerais
O deputado federal Aelton Freitas, secretário-geral do PL em Minas Gerais, destinou no ano passado R$ 21 milhões do “orçamento secreto” à cidade de Iturama (MG), cujo prefeito, Cláudio Tomaz Freitas (PSC), é primo dele.
O dinheiro seria usado em obras que beneficiariam propriedade da família do deputado do Centrão. A notícia foi veiculada pelo jornal O Globo.
“Orçamento secreto” é como ficaram conhecidas as emendas de relator, justamente devido à falta de transparência na destinação desses recursos federais chancelados pelo Congresso Nacional.
O empenho (reserva para gasto) está previsto para sair dos cofres do Ministério do Desenvolvimento Regional e seria usado, segundo documento da pasta, para promover a “pavimentação” de ruas, a “adequação de vias” e a construção de uma “ponte” no município.
Parte dessas intervenções, no entanto, permitiria o melhor escoamento de águas pluviais (da chuva) de um loteamento e de uma chácara da família Freitas e facilitaria assim o acesso ao local.
EM BENEFÍCIO PRÓPRIO
Procurado pela imprensa, o deputado Aelton Freitas admitiu que ele próprio seria beneficiado com o montante destinado do “orçamento secreto”. Todavia disse que a iniciativa só seria configurada como irregularidade se as obras se concretizassem, o que segundo ele, não vai mais ocorrer.
“A gente sonhava em fazer o que não foi feito, ponto. Foi no ano passado, e eu ainda falei: “se esse asfalto ligar esse ponto àquele, a gente seria ‘beneficiado’”. Mas já ficou claro que não vai ligar, então a família não será beneficiada”, tentou justificar o deputado.
TANGENCIANDO O PROBLEMA
Questionado sobre o que achava sobre usar dinheiro público para atender interesses privados, o deputado respondeu: “Quando você faz um jogo você pretende ganhar ou perder? Ou joga por jogar?”. Óleo de peroba nele!
O deputado Aelton Freitas é correligionário do presidente Jair Bolsonaro (PL) e costuma acompanhar o governo na apreciação de projetos. Isto é, o deputado vota na Câmara dos Deputados segundo os interesses do governo.
O caso foi denunciado à Procuradoria da República de Ituiutaba.
O procurador Wesley Alves instaurou procedimento preliminar sigiloso na última sexta-feira (7) e remeteu o caso à PGR (Procuradoria-Geral da República), órgão que cabe investigar autoridades com prerrogativa de foro, como é o caso do deputado Aelton Freitas (PL-MG).
M. V.