O procurador-geral da República, Augusto Aras, não apresentou denúncia contra o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), que tentou esconder R$ 33 mil nas nádegas, e o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi obrigado a suspender seu afastamento do Senado.
“Tendo em vista não haver requerimento da PF ou da PGR, nem tendo havido, tampouco, o oferecimento de denúncia, não me parece ser o caso de prorrogar a determinação de afastamento do cargo”, disse o ministro em sua decisão.
O senador, que era vice-líder do governo Bolsonaro, “é suspeito de fraude e indevida dispensa de licitações, de peculato e de integrar organização criminosa voltada ao desvio de recursos federais destinados ao combate da pandemia da Covid-19 no Estado de Roraima”, explicou Barroso.
O ministro disse que é “imprescindível” que Chico Rodrigues fique afastado das atividades da Comissão Mista que é “destinada a acompanhar a situação fiscal e a execução orçamentária e financeira das medidas relacionadas à Covid-19”.
“Seria um contrassenso permitir que o investigado pelos supostos desvios viabilizados pela atuação na comissão parlamentar voltasse a nela atuar no curso da investigação”.
As investigações mostraram que o esquema pode ter desviado R$ 20 milhões de emendas parlamentares.
Quando a PF estava em sua casa, fazendo uma operação de busca e apreensão, o senador tentou esconder R$ 33,1 mil dentro da cueca.
ARAS
Augusto Aras foi indicado procurador-geral da República por Bolsonaro, por fora da lista tríplice organizada pela direção do Ministério Público, e tem se mostrado inimigo raivoso da Operação Lava Jato.
Aras declarou em julho do ano passado que “agora é a hora de corrigir os rumos para que o lavajatismo não perdure”. “O lavajatismo há de passar”, acrescentou.
No início deste mês, o governo Bolsonaro e Aras anunciaram o fim da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba (PR).
A Lava Jato em Curitiba foi responsável por 278 condenações de 174 réus por corrupção. Foram recuperados aos cofres públicos, incluindo a Petrobrás, R$ 4 bilhões e 300 milhões, roubados através de propinas, sobrepreços, superfaturamentos. E por meio de acordos foram devolvidos mais R$ 14 bilhões e 700 milhões.
Aras atendeu o que Bolsonaro sempre quis: acabar com a Lava Jato. Em outubro, Bolsonaro apregoou que a Operação Lava Jato tinha que ter fim porque seu governo supostamente teria acabado com a corrupção.
“Eu acabei com a Lava Lato porque não tem mais corrupção no governo”, mistificou ele.
Relacionada: