Áudios de amigo de Bolsonaro divulgados por revista confirmam ‘rachadinha’

Flávio Bolsonaro, senador pelo PL do Rio de Janeiro. Foto: Fernando Frazão - Agência Brasil

A revista Veja publicou os áudios da entrevista do amigo de Jair Bolsonaro, Waldir Ferraz, confirmando a existência de “rachadinha” nos gabinetes de Jair e de seus filhos Flávio e Carlos Bolsonaro. Ferraz conta que era a ex-esposa de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, quem centralizava o esquema.

A revista publicou uma reportagem sobre as declarações de Waldir Ferraz, mas Flávio Bolsonaro disse que a revista estava mentindo e que o amigo de seu pai não tinha confirmado nenhum crime nos gabinetes da família.

A revista decidiu, então, publicar os áudios.

O depoimento de Waldir Ferraz corrobora com os anteriores no sentido de que havia, sim, um esquema de rachadinha nos gabinetes de Flávio e Carlos Bolsonaro. Mas se esforça para tirar de Bolsonaro a responsabilidade pelo esquema, o que não convence ninguém, além de conflitar grosseiramente com outros relatos fidedignos.

Outros relatos, como o do ex-assessor de Flávio, Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, contam que Jair Bolsonaro, o verdadeiro chefe da quadrilha, substituiu Ana Cristina do comando por Fabrício Queiroz, depois de ter problemas com ela.

Segundo Waldir Ferraz, amigo pessoal de Jair Bolsonaro, Ana Cristina comandou o esquema de rachadinha. “Fez [o esquema] nos três gabinetes. Em Brasília, aqui no Carlos e do Flávio. Ela fez nesses todos. Lá ela fez pior, né, porque lá ela tinha mais fácil pra fazer as coisas…”.

“A jogada dela era a seguinte. Ela chegava para você: ‘quer ganhar um dinheiro? Te dou R$ 1 mil por mês. Me empresta seu documento aí’. Pegava a carteira do cara que estava entrando na Câmara, recebia R$ 8 mil, R$ 10 mil, e dava R$ 1 mil para o cara”, continuou.

Segundo ele, Ana Cristina “fez a festa” nos gabinetes.

“Ela que fazia, mas quem é que assinava? É aquela história, é batom na cueca. Como é que você vai explicar? Esse é que é o problema”.

Waldir Ferraz, contudo, tentou tirar a responsabilidade de Bolsonaro sobre a existência de assessores fantasmas em seu gabinete. Segundo ele, o então deputado não tinha conhecimento de que esses assessores nunca iam trabalhar. Disse também que Bolsonaro não sabia que seus assessores tinham que devolver até 90% de seus salários.

Bolsonaro “não tinha visão do que estava acontecendo por trás no gabinete”, tentou defender seu amigo Waldir. Pela versão de Waldir, Bolsonaro é um completo demente que foi usado pela cruel ex-mulher.

Um áudio da ex-cunhada de Jair Bolsonaro, Andréa Siqueira Valle, mostra ela contando que seu irmão, André, trabalhou no gabinete do atual presidente e era pressionado por ele para devolver uma parte cada vez maior de seu salário.

“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6 mil, ele devolvia R$ 2 mil, R$ 3 mil. Foi um tempão assim até que o Jair [Bolsonaro] pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’”, relatou Andréa.

A própria Andréa foi assessora de Flávio Bolsonaro, onde participou do esquema de rachadinha “Eu ficava com mil e pouco e ele ficava com sete mil reais”, contou.

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