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O governo da autonomeada Jeanine Áñez determinou a retirada de dezenas de antenas da rede da Empresa Boliviana de Telecomunicações (Entel), investimento que até então vinha sendo chave para a comunicação do país andino.
Para não deixar dúvida sobre o propósito da iniciativa, a sabotagem se dá paralelamente ao confisco de equipamentos de transmissão de uma das rádios bolivianas de maior alcance, porque transmite também via internet, a Rádio Kausachum Coca, pertencente à Coordenadora das 6 Federações do Trópico de Cochabamba.
Até o momento, a Kausachum Coca foi duramente atacada três vezes pelos golpistas: a primeira, em novembro de 2019, quando milicianos fascistas queimaram os equipamentos de Cochabamba; a segunda quando foram confiscados seus equipamentos em San Ignacio de Moxos (departamento de Beni) e a terceira com o silenciamento dos equipamentos em Buena Vista de Santa Cruz, ambas ocorridas na primeira quinzena de janeiro deste ano, por ordem direta de um “Ministério de Comunicação” completamente fora da lei.
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Não satisfeitos, os golpistas também passaram a pressionar o Ministério Público para que inicie um processo judicial a fim de criminalizar a emissora e seus dirigentes.
De acordo com o governo, “o Ministério Público precisa fazer investigações porque a rádio não pode seguir convocando a violência, o terrorismo, não se pode seguir incitando a sedição” e “precisa se submeter à Justiça”. Para os golpistas, “o Movimento Ao Socialismo (MAS)”, partido do presidente Evo Morales, atualmente exilado na Argentina, “a única coisa que faz é gerar terrorismo, violência, morte e confrontação entre os bolivianos”.
A iniciativa de democratizar as comunicações, adotada pelo MAS e reconhecida como importante iniciativa, é vista como problema a ser erradicado no mais breve espaço de tempo, uma vez que há eleições gerais marcadas para o dia 3 de abril e os golpistas contam com a manipulação possibilitada pela desinformação e a concentração midiática.
Com o compromisso de fortalecer a integração e o desenvolvimento regional, durante o governo do presidente Evo Morales foram distribuídas antenas até para os locais mais distantes, medida que possibilitou um salto de qualidade na internet, nas chamadas das áreas rurais e também na implantação de rádios indígenas e comunitárias.