Total de vidas perdidas para a Covid-19 chega a 282.128
“Vivemos o maior colapso da história da saúde pública do Brasil”. Assim definiu a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em seu boletim extraordinário desta terça-feira (16) sobre a situação hospitalar brasileira no dia em que o país atingiu a triste marca de 2.842 novas mortes em decorrência da Covid-19 nas últimas 24 horas.
Os óbitos divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), nesta terça-feira (16), superam os registrados em 10 de março, 2.286, recorde anterior da pandemia. Com isso, chega a 282.128 vidas perdidas em razão do novo coronavírus no País.
A média móvel de mortes atingiu um novo pico pelo 21º dia seguido. Está em 1.965. A média móvel equaliza variações abruptas, sobretudo porque nos finais de semana e segundas-feiras há redução nos números registrados.
Todos os 10 dias com mais registros de mortes no Brasil ocorreram em março deste ano.
O número de mortes desta terça-feira não tem ainda a atualização relativa a Minas Gerais que informou 28 óbitos, número claramente subestimado da realidade. O estado também enfrenta um agravamento da crise e inicia nesta madrugada uma nova série de restrições para conter o avanço da pandemia.
Os dados desta terça-feira registram ainda o agravamento da situação nos estados do Sul do país – Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, além em São Paulo e Mato Grosso. Todos eles tiveram neste dia 16, o seu maior registro de óbitos em toda a pandemia.
São Paulo
O estado de São Paulo registrou 679 novas mortes provocadas pela Covid-19, o maior em 24 horas desde o início da pandemia. O número de casos confirmados da doença neste período foi de 17.684.
São Paulo tem atualmente 24.285 pacientes internados pela Covid-19, o maior número desde o começo da pandemia, no ano passado.
Ainda de acordo com o governo do estado, essa terça-feira é o segundo dia consecutivo que o estado ultrapassa a marca de 10 mil internados em UTI. As taxas de ocupação de leitos de UTI chegaram a 89% e 90,5% na Grande São Paulo.
Na capital paulista, ao menos 15 hospitais privados já colapsaram. Segundo o secretário de Saúde do município, Edson Aparecido, a rede privada pediu socorro ao Sistema Único de Saúde para a internação de pacientes.
“Nos últimos quatro dias, tivemos solicitação de 30 leitos de UTI e enfermaria para atender um conjunto de hospitais privados, de convênio, que estão com seus equipamentos completamente lotados e esgotados”, informou Edson Aparecido.
Rio Grande do Sul
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, 502 óbitos foram contabilizados, em 140 cidades gaúchas. Ao todo, já morreram 15.606 pessoas no Estado por causa da doença.
Este é o maior número de vítimas da doença registradas no Estado desde o início da pandemia. A última vez ocorreu no sábado, quando foram 331 vidas perdidas em decorrência da doença.
Ainda hoje, a Secretaria também contabilizou 9.767 novos infectados, em 386 municípios gaúchos, nas últimas 24 horas. Com os dados, o Estado totaliza 754.175 casos confirmados do coronavírus.
A taxa de ocupação de leitos em UTI em geral, no Rio Grande do Sul, é de 107,8%, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, com 3.433 pacientes em 3.186 leitos de UTI.
Santa Catarina
Santa Catarina também bateu um triste recorde nesta terça-feira. Foram 167 óbitos em 24 horas. Com isso, o estado chegou a um total de 8.958 óbitos por complicações da doença desde março de 2020. O número de pessoas contaminadas no período chegou a 740.856.
O estado tem 442 pacientes da Covid-19 na lista de espera por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) especializado. Na segunda-feira (15), eram 387.
Ao menos 130 pessoas morreram desde fevereiro no estado enquanto aguardavam por um leito de UTI ou enfermaria Covid.
Paraná
Com 310 mortes, o Paraná também registrou um novo recorde negativo da pandemia do coronavírus.
O boletim do coronavírus foi atualizado na tarde desta terça-feira (16). O recorde anterior de óbitos diários havia sido registrado na quarta-feira da semana passada, quando foram registrados 244 falecimentos.
Com a atualização, o Paraná agora acumula 764.529 casos confirmados e 13.826 mortes por complicações da doença.
De acordo com a secretaria estadual, o Paraná tem 2.468 pacientes com Covid-19 internados em hospitais da rede pública ou privada. Destes, 1.116 ocupam leitos de UTI, enquanto 1.352 realizam o tratamento em vagas de enfermaria.
A taxa de ocupação dos leitos de UTI do SUS exclusivos para Covid-19 é de 96%. O indicador é superior a 90% em todas as regiões: leste (98%), oeste (97%), noroeste (92%) e norte (93%).
O Paraná chega aos 764.529 diagnósticos positivos de Covid-19 com uma taxa de letalidade de 2%.
A fila de espera de leitos para Covid-19 no estado chegou a 1.300 pacientes.
Situação é critica em 25 das 27 capitais do país
De acordo com o Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19 Fiocruz, a situação da pandemia no Brasil está cada vez mais crítica. Segundo os pesquisadores, trata-se do maior colapso sanitário e hospitalar da história do país.
No momento atual são 24 estados e o Distrito Federal, entre as 27 unidades federativas, com taxas iguais ou superiores a 80%, sendo 15 com taxas iguais ou superiores a 90%. Em relação às capitais, 25 das 27 estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos iguais ou superiores a 80%, sendo 19 delas superiores a 90%. A situação é absolutamente crítica.
“Chamamos à atenção para o fato de a situação da pandemia por Covid-19 ser gravíssima. Um conjunto de indicadores, incluindo as médias móveis de casos e de óbitos e as taxas de ocupação de leitos UTI Covid-19 para adultos, apontam para situação extremamente crítica ou mesmo colapso, em todo o país”, alerta o Observatório Covid-19 Fiocruz.
O Observatório aponta que “ainda que alguns governadores e prefeitos venham realizando esforços no sentido da abertura de leitos de UTI para o atendimento de pacientes com Covid-19, os limites da estratégia frente ao crescimento de casos são postos em xeque ao se constatar a estabilidade da maior parte dos estados e do Distrito Federal em níveis muito elevados de taxas de ocupação dos leitos de UTI Covid-19, assim como o crescimento verificado em outros estados na última semana”.
“Os números elevados denotam o colapso do sistema de saúde para o atendimento de pacientes que requerem cuidados complexos para a Covid-19, além de prejuízos imensuráveis no atendimento de pacientes que demandam cuidados em razão de outros problemas de saúde. São 24 estados e o Distrito Federal, entre as 27 unidades federativas, com taxas iguais ou superiores a 80%, sendo 15 com taxas iguais ou superiores a 90%. É praticamente o país inteiro com um quadro absolutamente crítico”.
Em relação às capitais, 25 das 27 estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos iguais ou superiores a 80%, sendo 19 delas superiores a 90%: Porto Velho (100%), Rio Branco (100%), Manaus (80%), Macapá (96%), Palmas (98%), São Luís (87%), Teresina (98%), Fortaleza (94%), Natal (95%), João Pessoa (93%), Recife (84%), Maceió (86%), Aracajú (90%), Salvador (87%), Belo Horizonte (93%), Vitória (95%), Rio de Janeiro (90%), São Paulo (91%), Curitiba (98%), Florianópolis (98%), Porto Alegre (103%), Campo Grande (88%), Cuiabá (100%), Goiânia (96%) e Brasília (97%). Adicionalmente, Boa Vista apresenta taxa de 73%, enquanto Belém de 72%.
O Observatório recomenda que “neste contexto de crise e catástrofe, a necessidade de adoção rigorosa de ações de prevenção e controle continua se impondo, em um cenário em que o descontrole da pandemia parece se alastrar”. O bloqueio ou lockdown é uma estratégia a ser considerada em situações mais críticas. Por outro lado, a necessidade de ampliação das medidas de distanciamento físico e social, do uso de máscaras em larga escala e a aceleração da vacinação colocam-se como medidas fundamentais a serem insistentemente repetidas e perseguidas. Os trabalhadores da saúde precisam ser apoiados e protegidos, considerando suas necessidades de saúde mental e o sofrimento psíquico, em suas mais variadas manifestações, que devem ser adequadamente reconhecidas e enfrentadas.
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