Chanceler Mauro Vieira deu instruções às embaixadas do Brasil em Israel, na Palestina e no Egito para saberem quais os critérios admitidos para a inclusão dos interessados na nova lista
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda elaborar nova lista de brasileiros e parentes próximos que querem deixar a Faixa de Gaza e, com isso, escapar do genocídio praticado pelo governo de Israel contra o povo palestino.
O assunto está em discussão, desde a última quinta-feira (16), entre Lula e Mauro Vieira. A lista deve ter, pelo menos, mais 50 brasileiros.
Segundo interlocutores da área diplomática, até o momento, há demanda de mais de 60 pessoas que querem ser resgatadas e vir para o Brasil em avião da FAB (Força Aérea Brasileira). A primeira leva de 32 brasileiros e parentes chegou a Brasília na noite da última segunda-feira (13). Parte de grupo desembarcou em São Paulo na manhã de quarta-feira passada (15).
A avaliação é que o processo será demorado e marcado por negociação até mais complexa do que a que ocorreu com a primeira lista. Dos cerca de 7 mil estrangeiros que tentavam atravessar a fronteira entre Gaza e o Egito, apenas a metade conseguiu sair.
Ou seja, restam 3,5 mil pessoas à frente dos brasileiros que entrariam numa segunda lista.
INSTRUÇÕES PARA NOVA REPATRIAÇÃO
Mauro Vieira deu instruções às embaixadas do Brasil em Israel, na Palestina e no Egito para saberem quais os critérios admitidos para a inclusão dos interessados na nova lista.
A exigência de nacionalidade brasileira não seria problema, pois a representação em Ramallah, Cisjordânia, poderia resolver a questão rapidamente. O grau de parentesco, no entanto, é fator preocupante, pois podem não ser aceitos, por exemplo, familiares de segundo grau.
Ao receber os brasileiros que estavam no Oriente Médio, na Base Aérea de Brasília, Lula ouviu apelos para que nova leva de nacionais e palestinos parentes entrem em nova lista. Se o presidente der o sinal verde, a diplomacia do País terá que negociar com Israel, Egito, Palestina, Estados Unidos e Catar — esses dois últimos com forte influência nas decisões.
FATOS
A atual crise no Oriente Médio começou em 7 de outubro, quando do ataque do Hamas, reagindo à ocupação e a quebra de acordos pelos israelenses para a criação de dois estados soberanos. Somente dia 24 do mês passado, Israel permitiu que fosse aberta a fronteira com o Egito para que caminhões com alimentos, água, remédios e outros itens de primeira necessidade entrassem em Gaza e estrangeiros pudessem sair do local.
Várias listas com estrangeiros foram autorizadas, mas nenhuma dessas incluia brasileiros. Hoje, há nacionais que não quiseram entrar na primeira leva e se arrependeram, mães, pais, outros parentes e até um bebê, segundo integrante do governo brasileiro.
POSIÇÃO BRASILEIRA
Mesmo com Lula tendo intensificando, nos últimos dois dias, as críticas às ações truculentas de Israel, o Palácio do Planalto e o Itamaraty não acreditam em mudança de posição da diplomacia do país em relação ao conflito no Oriente Médio após a liberação dos brasileiros que estavam na Faixa de Gaza.
O mais provável é que o Brasil ajude a encontrar uma solução que permita um acordo de paz duradouro.