
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou as tarifas comerciais praticadas pelo Brasil durante discurso ao Congresso americano na noite de terça-feira (4).
Ao citar “tarifas recíprocas” aos parceiros comerciais dos EUA, incluiu o Brasil junto a outros países como Canadá, Índia e China, afirmando que as novas taxas americanas estão definidas para o dia 2 de abril.
“Outros países usaram tarifas contra nós por décadas, e agora é a nossa vez de começar a usá-las contra eles. A União Europeia, China, Brasil e Índia, México e Canadá e diversas outras nações cobram tarifas tremendamente mais altas do que cobramos deles. É injusto”, disse Trump.
“A Índia nos cobra tarifas maiores que 100%, a tarifa média da China sobre nossos produtos é o dobro do que cobramos deles e a tarifa média da Coreia do Sul é quatro vezes maior”, acrescentou.
A Câmara de Comércio Brasil EUA (Amcham) já havia rebatido as intenções do governo Trump em nota de 14 de fevereiro, quando foi aventada a elevação da taxação de produtos brasileiros. A Câmara destacou que Z a tarifa média cobrada pelo Brasil aos bens dos EUA é de apenas 2,7% e que o superávit americano no comércio com o Brasil nos últimos dez anos é de mais de US$ 200 bilhões.
Segundo a entidade binacional, as tarifas de importação aplicadas pelo Brasil seguem compromissos negociados internacionalmente, com a participação dos Estados Unidos. Embora a tarifa média nominal brasileira para o mundo seja de 12,4%, a tarifa média efetiva ponderada sobre as importações americanas é de apenas 2,7%.
Essa diferença ocorre devido à alta participação de produtos americanos com alíquota zero nas importações brasileiras, como aeronaves e suas partes, petróleo bruto e gás natural, além do uso de regimes aduaneiros especiais – como drawback, ex-tarifário e Recof – que reduzem ou eliminam impostos sobre importações dos Estados Unidos. Como resultado, mais de 48% das exportações americanas para o Brasil entram sem tarifas, e outros 15% estão sujeitos a alíquotas de no máximo 2%.
Segundo as estatísticas americanas, nos últimos dez anos (2014-2023), os Estados Unidos acumularam um superávit de US$ 263,1 bilhões no comércio de bens e serviços com o Brasil.
Apenas em 2024, o saldo positivo em bens para os Estados Unidos foi de US$ 7,3 bilhões, o sétimo maior entre seus parceiros comerciais. Diante dos benefícios mútuos e da relevância da relação bilateral, a Amcham Brasil reforça a necessidade de um diálogo construtivo entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos para buscar soluções negociadas e equilibradas.