“Um número pequeno de americanos consideram abertamente ‘mentir, trapacear, roubar’ como a ‘glória’ dos Estados Unidos”, afirmou o ministro-conselheiro Qu Yuhui. “Atrapalham a cooperação internacional e instam a confrontação”
A Embaixada da China no Brasil divulgou nota rebatendo as recentes declarações do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e do conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Robert O’Brien, de que a parceria econômica entre China e Brasil constituiria um ameaça à segurança nacional brasileira.
A Embaixada chinesa afirma na carta, divulgada na terça-feira (20), que os representantes do presidente norte-americano, Donald Trump, “espalharam com má-fé mentiras políticas contra a China, fabricaram a chamada ‘ameaça chinesa’ e atacaram a tecnologia de 5G da China. Esses políticos americanos, no seu número pequeno, consideram abertamente ‘mentir, trapacear, roubar’ como a ‘glória’ dos Estados Unidos, e se tornaram em criadores de problemas que ferem a ordem internacional e ameaçam as regras internacionais”, declarou o porta-voz da Embaixada da China no Brasil, ministro-conselheiro Qu Yuhui.
“Reiteramos que a China busca construir um novo modelo de relações internacionais centradas na cooperação de benefícios compartilhados e jamais interferiu nos assuntos internos e políticas externas de outros países”, escreveu o porta-voz, que também destacou no documento a parceria e a amizade da China com o Brasil.
“Sendo parceiros estratégicos globais e membros do G20 e do BRICS, a China e o Brasil compartilham amplos interesses comuns nos temas internacionais e regionais. A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil por 11 anos seguidos. É a maior fonte de superávit comercial e um dos principais investidores do Brasil. Os fatos mostram que a cooperação China-Brasil possui alta complementaridade e reciprocidade, e portanto, salvaguardar e desenvolver firmemente as relações bilaterais condizem com os interesses fundamentais e de longo prazo dos dois países e povos”.
Na segunda-feira (19), o governo brasileiro assinou protocolos de intenções de Comércio e Cooperação Econômica (ATEC, na sigla em inglês) que prevê, entre outras medidas, a “facilitação de comércio, melhoria regulatória e combate à corrupção”.
Na prática, os protocolos não tratam efetivamente de uma parceria comercial entre os dois países, não busca a redução de tarifas de importações e exportações para ambos os lados, cooperação tecnológica, ou qualquer tipo de benefício sério a empresários brasileiros. Os protocolos na verdade representam um acordo de submissão do governo brasileiro aos interesses do presidente norte-americano, Donald Trump, que busca banir a tecnologia da empresa chinesa Huawei Technologies do Brasil, com o objetivo de monopolizar os dispositivos 5G no País, como afirmamos em matéria anterior.
No entanto, ainda faltam alguns aspectos a serem abordados sobre os tais protocolos de “boas intenções”.
Primeiro – O governo brasileiro se subordinou ao assinar um memorando de entendimento com a agência de créditos oficial do governo dos EUA (banco EximBank), no qual o Brasil poderá contratar empréstimos, que podem chegar na ordem de US$ 1 bilhão, para financiar a importação de tecnologia e equipamento de comunicação norte-americano. Ou seja, o governo americano colocou à disposição do Brasil dinheiro para importar os equipamentos deles, empréstimos que o Brasil teria que pagar, inclusive pagar juros, etc. Portanto, os monopólios americanos ganhariam no fornecimento de equipamentos 5G que são, em média, 30% mais caros, e também na agiotagem do financiamento desses mesmos equipamentos.
Segundo – “Melhoria regulatória” com Trump é um escárnio. Desde que essa aliança entre Bolsonaro e Trump existe, o Brasil só tem saído perdendo, como a sobretaxa do alumínio brasileiro pelo governo americano e no caso de indicações de cargos de organizações internacionais, em que Trump atropelou Bolsonaro ao não apoiar a candidatura do Brasil à presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), quebrando uma tradição de seis décadas em que a instituição é presidida por um latino-americano, por exemplo. E com apoio do Bolsonaro.
Terceiro – Um tratado anticorrupção assinado entre um governo caracterizado por um vice-líder de Bolsonaro no Senado Federal, Chico Rodrigues (DEM-RR), que foi pego pela Polícia Federal com mais de R$ 30 mil escondidos dentro da cueca e entre as nádegas, e um governo, cujo presidente é considerado como mais corrupto da história dos EUA, só pode ser considerado como uma afronta ao público, pelo cinismo.
Publicamos a seguir a Carta da Embaixada da China
“Pronunciamento do porta-voz da Embaixada da China no Brasil sobre as declarações contra a China feitas por políticos americanos
“Q: Ontem, o Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo alegou no evento “2020 US-Brazil Connect Summit” que a parceria econômica e comercial com a China constitui uma ameaça ao Brasil e o país precisa reduzir a dependência de importações da China para sua própria segurança. Além disso, o Conselheiro do presidente americano para Assuntos de Segurança Nacional, Robert O’Brien, durante a sua visita ao Brasil, atacou a segurança de 5G da Huawei por considerá-la uma ameaça à segurança nacional do Brasil. Quais são os comentários da Embaixada?
R: No evento “2020 US-Brazil Connect Summit” e durante a visita ao Brasil, o Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e o Conselheiro do presidente americano para Assuntos de Segurança Nacional, Robert O’Brien, espalharam com má-fé mentiras políticas contra a China, fabricaram a chamada “ameaça chinesa” e atacaram a tecnologia de 5G da China. Esses políticos americanos, no seu número pequeno, consideram abertamente “mentir, trapacear, roubar ” como a “glória” dos Estados Unidos, e se tornaram em criadores de problemas que ferem a ordem internacional e ameaçam as regras internacionais. Ao ignorar os fatos básicos e produzir comentários baseados na mentalidade de guerra fria e jogo de soma zero, eles têm como objetivo real servir a certos interesses políticos, tirar proveito político dos ataques que difamam a China, atrapalham a cooperação internacional e instam a confrontação. A China se opõe fortemente a isso.
“Reiteramos que a China busca construir um novo modelo de relações internacionais centradas na cooperação de benefícios compartilhados e jamais interferiu nos assuntos internos e políticas externas de outros países. A China desenvolve sempre parcerias com os outros países, incluindo o Brasil, com base em respeito mútuo, igualdade, benefício recíproco, abertura e transparência. O objetivo dessas parcerias é promover o progresso comum, em vez de visar ou excluir terceiros. Desde o surto da COVID-19, a China e o Brasil têm mantido cooperações no combate à pandemia e o lado chinês tem prestado apoio ao Brasil através de doação de materiais, compartilhamento de experiências no diagnóstico e tratamento, além de parcerias estreitas no desenvolvimento de vacinas, etc. Enquanto isso, os EUA vêm agindo contra o espírito humanitário básico e até retiveram materiais médicos urgentes, inclusive respiradores, que foram enviados da China ao Brasil, numa tentativa maléfica de atrapalhar a cooperação normal entre a China e o Brasil.
“Recentemente, um pequeno número de políticos americanos, desprezando os fatos e forjando uma série de mentiras, vem lançando ataques difamatórios contra o 5G da Huawei. Tem utilizado o poder de estado para impedir as operações legítimas das empresas chinesas de alta tecnologia, abusando no pretexto de segurança nacional. Além disso, tem obrigado os outros países a adotar políticas discriminatórias e excludentes que miram empresas chinesas como a Huawei. É uma prática hegemônica flagrante que revela a sua hipocrisia em defender a chamada equidade e liberdade, e é um típico padrão duplo que viola tanto os princípios de economia de mercado quanto as regras de abertura, transparência e não discriminação que regem a OMC. A comunidade internacional não vai se esquecer do histórico sujo dos EUA na segurança cibernética, que tinham conduzido operações de espionagem massiva, organizada e indiscriminatória contra os governos, empresas e indivíduos, entre eles os líderes dos países como o Brasil e das organizações internacionais. Tais ações dos EUA, que prejudicam a privacidade e segurança de outrem, são as verdadeiras ameaças à segurança cibernética do mundo. A comunidade internacional deve ficar alerta com a malevolência dos EUA de sacrificar o desenvolvimento dos outros países para buscar a superioridade dos seus próprios interesses, conter o crescimento dos países de mercados emergentes como a China e provocar intencionalmente fissuras entre a China e seus amigos.
Sendo parceiros estratégicos globais e membros do G20 e do BRICS, a China e o Brasil compartilham amplos interesses comuns nos temas internacionais e regionais. A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil por 11 anos seguidos. É a maior fonte de superávit comercial e um dos principais investidores do Brasil. Os fatos mostram que a cooperação China-Brasil possui alta complementaridade e reciprocidade, e portanto, salvaguardar e desenvolver firmemente as relações bilaterais condizem com os interesses fundamentais e de longo prazo dos dois países e povos. Temos a certeza de que as nossas relações não serão desviadas do trilho de desenvolvimento saudável e estável por qualquer interferência externa. O lado chinês está disposto a trabalhar junto com os diversos setores do Brasil para aumentar a confiança mútua, superar as diversas ingerências, expandir a nossa parceria tanto nas áreas tradicionais como nas emergentes, incluindo o 5G, além de continuar promovendo o desenvolvimento contínuo e aprofundado das relações sino-brasileiras, beneficiando ainda mais os nossos povos.”