O Acre continua sendo afetado pelas fortes chuvas que têm deixado municípios do estado em situação de emergência e já contabiliza 4.312 desabrigadas, segundo boletim divulgado na noite de sexta-feira (31) pelo governo estadual. Para este domingo, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um novo alerta laranja de chuvas intensas para todo o estado, com validade até as 10h da segunda-feira (2).
A previsão é de que a chuva fique entre 30 e 60 mm/h com ventos intensos que podem alcançar de 60 a 100 km/h. Há risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas.
O nível do Rio Acre, que corta Rio Branco, transbordou e atingiu a marca de 17,42 metros, ultrapassado o nível máximo de 14 metros. Além da capital, as cheias atingiram os municípios de Assis Brasil, Brasileia e Epitaciolândia, Xapuri, Sena Madureira e Porto Acre.
Dados da Defesa Civil de Rio Branco mostram que a capital do estado, Rio Branco, encerrou o mês de março com um acumulado de 585,9 mm de chuva. O volume é mais que o dobro da média prevista, que era de 270,1 mm. No mesmo período de 2022 choveu 431,3 mm.
O governo local montou uma operação para resgatar famílias que ficaram ilhadas, que inclui a distribuição de alimentos e medicamentos, entre outras medidas. Funcionários públicos que tiveram suas casas atingidas terão antecipação de parte do 13° salário. Parte da população vai receber valores do programa aluguel social.
“Estamos tomando importantes medidas como a retomada do Cartão do Bem, um auxílio emergencial que deve socorrer mais de 10 mil famílias. Pagaremos o aluguel social e liberaremos metade do 13º e a cota de um terço das férias para os servidores públicos atingidos pela enchente”, disse o governador do Acre, Gladson Cameli (PP).
APOIO FEDERAL
Nesta sexta (31), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liberou R$ 300 milhões para 1.500 cidades afetadas. Pelo Twitter, o presidente se comprometeu com o governador a ajudar no atendimento às regiões atingidas pela enchente.
Os ministros da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e do Meio Ambiente, Marina Silva, e o secretário nacional da Defesa Civil, Wolnei Wolff, já haviam sobrevoado as áreas alagadas no último domingo (26). Eles também percorreram os bairros, conversaram com moradores e prometeram ajuda humanitária.
As famílias atingidas estão sendo atendidas e encaminhadas para casa de familiares, abrigos em escolas e também para o parque de exposições de Rio Branco, segundo o coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Carlos Batista. Na capital, foram instalados 29 abrigos.
Após 10 dias de consecutivos de elevação, o nível do rio Acre apresentou redução de 1 centímetro na segunda medição deste domingo (2), ocorrida às 9h. No registro, o manancial chegou a 17,69 metros após ter alcançado 17,70 metros na aferição das 6h.
Contudo, são 14 centímetros a mais do que foi verificado nas últimas 24h, quando o rio marcava 17,55 metros às 9h de sábado (1). A enchente, que já afeta mais de 69 mil pessoas, é a maior dos últimos oito anos e já constitui uma das cinco maiores da história, desde quando o rio passou a ser monitorado, em 1971.
O Pará também foi atingido pelas chuvas nos últimos dias e registrou cheia dos principais rios do estado, com alagamentos em diversos municípios, afetando bairros e ruas nas cidades atingidas e estragos nas estradas.
No Nordeste, também há registros de chuvas fortes. No interior do Ceará, cerca de 15 municípios estão em situação de emergência ou de calamidade pública devido ao período chuvoso. No Piauí, as chuvas provocaram a destruição de rodovias, ocasionando o rompimento de pontes e afetando populações ribeirinhas.