
O pesquisador vinha como convidado a participar de uma conferência em Houston
Um cientista francês que vinha aos EUA como convidado a uma conferência sobre questões espaciais teve sua entrada barrada pelos agentes alfandegários na cidade de Houston, Texas. Segundo jornais europeus, ele foi acusado de “ódio a Trump” o que poderia chegar a ser qualificado de “terrorismo”.
O pesquisador, que teve sua identidade não revelada nem pelos seviços de fronteira no aeroporto, nem pelo governo francês, teve seu notebook e celular confiscados, nesta quarta-feira, 19, depois que os agentes verificaram que havia conversas do cientista nas quais tecia críticas ao governo Trump.
Como relata o jornal Le Monde, ele teria sido selecionado aleatoriamente, pelas autoridades americanas, para ser revistado e segundo o jornal francês, eles teriam encontrado mensagens criticando o tratamento dado a cientistas pela Casa Branca.
“Soube com preocupação que um pesquisador francês, que estava a caminho de uma conferência perto de Houston, foi proibido de entrar nos Estados Unidos antes de ser expulso,” disse Philippe Baptiste, ministro do Ensino Superior e Pesquisa francês.
“Esta ação foi supostamente tomada pelas autoridades dos EUA porque o telefone deste pesquisador continha trocas com colegas e relações amigáveis nas quais ele expressou uma opinião pessoal sobre a política de pesquisa do governo Trump,” acrescentou o ministro francês.
Segundo as autoridades americanas, o FBI investigou o cientista sob a acusação de “ódio e mensagens conspiratórias”, mas depois retirou as acusações.
O governo Trump com seu ‘Departamento de Eficiência Governamental’, liderado pelo bilionário Elon Musk, recentemente fez cortes para pesquisa acadêmica e universidades.
A Universidade de Columbia por exemplo sofreu um corte de cerca de $400 milhões e centenas de pesquisadores perderam fundos para pesquisas como tratamento de alzheimer e câncer, o motivo seria punir a universidade por não atuar para reprimir as manifestações pró-Palestina, o que segundo a Casa Branca configuraria “manifestação de antissemitismo”.
A Universidade Johns Hopkins teve que demitir mais de 2.200 de seus funcionários depois do corte de $800 milhões de dólares. As universidades de Harvard, de Stanford, da Pensilvânia e Duke estão todas congelando contratações devido aos cortes.
“Liberdade de opinião, livre pesquisa e liberdade acadêmica são valores que continuaremos a reivindicar com orgulho. Defenderei a possibilidade de todos os pesquisadores franceses serem fiéis a ela, em conformidade com a lei,” disse o ministro francês.
Esse incidente é mais um exemplo do aumento da repressão nos EUA a criticas a Israel ou ao governo de Trump e também do tratamento dado a estrangeiros como acontece com a prisão de Mahmoud Khalil, ativista pró Palestina, preso pela repressão trumpista por denunciar o genocídio em Gaza.
O ministro francês aproveitou para dar uma alfinetada em Trump sugerindo a seu governo que se prepare para acolher cientistas franceses que, diante dos cortes em pesquisa nos EUA, queiram voltar a seu país.