E mente que o país já saiu dele. Crescimento em “V” do governo Bolsonaro: juros mais altos do mundo, taxa de desemprego entre as mais altas do planeta e a terceira maior inflação do G-20. Renda e investimentos em queda livre
O ministro de Economia de Bolsonaro, o banqueiro Paulo Guedes, assustou até os aliados do “mito” ao declarar que “já saímos do inferno” da inflação. Ele disse isso no mesmo dia em que o próprio Ministério da Economia anunciou um aumento de 6,5% para 7,9% da estimativa da inflação oficial para este ano. A meta era 3,5%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação só em abril registrou alta de 1,06%, a maior para o mês desde 1996.
A inflação dos últimos 12 meses até abril atingiu 12,13%, a maior para o período de um ano desde outubro de 2003. Essa mesma inflação, que Guedes desdenha – porque não o atinge -, afeta de forma muito mais intensa, a população pobre do país. A inflação dos alimentos que compõem a cesta básica superou a marca de 20% no acumulado de 12 meses, indica estudo de economistas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Guedes está protegido do “inferno” porque não vive com reais, seu dinheiro está em dólar.
Com a renda em queda, o brasileiro de uma forma geral, mas principalmente o mais pobre, está vivendo um verdadeiro inferno para alimentar sua família. Segundo dados da Pnad Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 29 de abril, a renda média, ou seja, o rendimento médio habitual recebido de todos os trabalhos, por mês, caiu 8,7% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado.
Com a terceira maior inflação entre os países do G-20, campeão mundial de juros reais – atualmente, a taxa Selic está em 12,75% ao ano, o maior patamar em mais de cinco anos – e com uma das taxas de desemprego mais elevadas do planeta – 12 milhões de desempregados -, Guedes cinicamente afirma que os outros países é que estão indo para o inferno e que o Brasil está saindo dele. “Eles estão indo para o inferno. Nós já saímos do inferno, conhecemos o caminho e sabemos como se sai rápido do fundo do poço”, disse o ministro.
“Está faltando manteiga na Holanda, tem gente brigando na fila da gasolina no interior da Inglaterra, que teve a maior inflação dos últimos 40 anos e vai ter dois dígitos já, já. Eles estão indo para o inferno. Nós já saímos do inferno, conhecemos o caminho e sabemos como se sai rápido do fundo do poço”, declarou Guedes em evento da Arko Advice e Traders Club, nesta quinta-feira (19), em São Paulo.
Paulo Guedes não sabe o que é inferno. Ele vive literalmente no paraíso. Ele, propriamente não, mas a sua fortuna, roubada através de sua política de espoliação do país e ampliação da fome do povo brasileiro. Se dependesse dele, vivia fora do país, talvez em Chicago, onde se formou, mas tem que estar aqui para poder criar as condições e viabilizar o assalto ao patrimônio do país. Está aqui exclusivamente para roubar as riquezas do país e transferi-las a seus pares do mercado financeiro. É por isso que ele só fala em acelerar as privatizações.
Só que, enquanto ele está aqui dentro do país sabotando o Brasil, sua fortuna, calculada em 50 milhões de reais, está escondida em dólar num paraíso fiscal.
Desde que ele assumiu o Ministério e derrubou o real, sua fortuna escondida nas Ilhas Virgens Britânicas, em notas verdes americanas, duplicou de tamanho. É por isso que vive rindo e dizendo que está tudo uma maravilha e que “estamos saindo do inferno e estamos crescendo em V”. Esse “estamos”, é ele próprio, não são os brasileiros.
O inferno que Guedes e Bolsonaro dizem que é lá fora está aqui dentro, e cada vez mais em chamas com os altos preços dos combustíveis, da energia elétrica, dos alimentos e do gás de cozinha. Os dois estão mantendo a criminosa política de preços extorsivos dos combustíveis, que joga os preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha na lua e só beneficia os acionistas estrangeiros da Petrobrás. As famílias arruinadas, quando conseguem o que comer, estão cozinhando com álcool e lenha.
Com os investimentos em queda e sem qualquer política industrial e de geração de emprego, até porque a missão do atual governo é destruir o Brasil, Guedes, no dia anterior (18), defendeu acelerar as privatizações, o que, segundo ele, vai levar a taxa de investimento em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) a 20%. O que ele chama de “investimento” não significa novas fábricas ou novas empresas, é simplesmente a venda do patrimônio público brasileiro para estrangeiros, na maioria das vezes a preço de banana, como está fazendo com a Eletrobrás.
Para arrematar o dia de delírios, Guedes afirmou que o Brasil está com o “fiscal” melhor que os países do G7. O “fiscal forte” dele é sinônimo de cortes de investimentos e de verbas nos serviços públicos. Por isso, cresce a fila de espera do Auxílio Brasil, falta dipirona nos hospitais, as Santas Casas estão ameaçadas de fechar e milhões de pessoas estão na extrema pobreza.
Os “investimentos”, na realidade, são compras de empresas brasileiras por multinacionais, que eles tanto festejam, aumento o desemprego. Mas, Guedes e Bolsonaro não estão nem aí para estes problemas. O que eles querem é vender o Brasil.