
Inflação de alimentos desacelerou para 0,70% frente a 0,96% em janeiro
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação, ficou em 1,31% em fevereiro deste ano, impulsionado pela alta nos preços de energia elétrica residencial (16,80%) e dos serviços de educação privada (4,70%), informou Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (12). Em janeiro deste ano, o índice foi de 0,16%.
Segundo o IBGE, foi maior alta para um mês de fevereiro desde 2003 (1,57%) e a maior taxa desde março de 2022. Em 2025, a inflação acumula alta de 1,47%, e, nos últimos doze meses até fevereiro, subiu para 5,06%, acima dos 4,56% dos 12 meses imediatamente anteriores.
A aceleração da inflação vem sendo puxada pelos reajustes sazonais de serviços como energia elétrica, água e esgoto, transportes e gastos da educação. Mas também pelas disparadas pontuais de alguns preços de alimentos, como café, carnes e ovos, por exemplo, em que os preços internos são influenciados por questões de clima e pela especulação de seus preços em bolsas estrangeiras, além da cotação do dólar.

Além de preços dolarizados, o gerente do IBGE e responsável pelo IPCA, Fernando Gonçalves, ressalta que “o café, com problemas na safra, está em trajetória de alta desde janeiro de 2024. Já o aumento do ovo se justifica pela alta na exportação, após problemas relacionados à gripe aviária nos Estados Unidos, e, também, pela maior demanda devido à volta às aulas. Além disso, o calor prejudica a produção, reduzindo a oferta”.
São fatores que não podem ser atingidos pela política monetária restritiva do Banco Central (BC), que visa, por meio do aumento dos juros (Selic), hoje em 13,25% ao ano, combater a inflação.
EDUCAÇÃO
Entre os nove grupos de produtos e serviços analisados pelo IBGE, o de Educação registrou a maior variação, alta de 4,70% e impactos de 0,28 pontos percentuais sobre o IPCA, seguido por Habitação (4,44%), que teve o maior impacto no índice do mês (0,65 p.p.).
No grupo Habitação (4,44%), pesou o impacto da energia elétrica residencial (alta de 16,80% e 0,56 p.p.) sobre os bolsos dos consumidores, que veio após a incorporação do Bônus de Itaipu em janeiro deste ano, que concedeu descontos em faturas no mês de janeiro deste ano (-14,21%).
Já na Educação, o aumento de quase 5% neste grupo foi puxado pelos cursos regulares (5,69%), com os reajustes de mensalidades escolares, que são comuns para todo o início do ano letivo e sempre crescentes. As maiores altas vieram do ensino fundamental (7,51%), do ensino médio (7,27%) e da pré-escola (7,02%). “Educação todo mês de fevereiro tem essa sazonalidade”, lembra Fernando Gonçalves.
Em fevereiro também houve aumentos nos grupos Alimentação e bebidas (0,70%) e Transportes (0,61%).
Na alimentação, a inflação desacelerou em relação ao mês de janeiro (0,96%). No mês passado, a alimentação no domicílio subiu 0,79% em fevereiro, um resultado também menor em relação a janeiro (1,07%).
Contribuíram para esses resultados, as altas do ovo de galinha (15,39%) e do café moído (10,77%). No lado das quedas destacam-se a batata-inglesa (-4,10%), o arroz (-1,61%) e o leite longa vida (-1,04%).
Por sua vez, Transportes apresentou alta de 0,61% em fevereiro, um resultado influenciado pelos aumentos do óleo diesel (4,35%), etanol (3,62%), gasolina (2,78%) e da tarifa de ônibus urbano (3,00%).
Juntos, os aumentos observados nos grupos Habitação, Educação, Alimentação e Transportes representaram 92% do índice IPCA de fevereiro.
Conforme o IBGE, o Índice de Difusão – que mede a proporção de bens e atividades que tiveram aumento de preços – cedeu de 65% para 61% na passagem de janeiro para fevereiro deste ano. Em dezembro de 2024, o índice alcançava os 69%.
Nos componentes do Índice de Difusão, os Alimentícios o decréscimo foi de 16 pontos, saindo de 71% para 55% entre janeiro e fevereiro deste ano. Para os Não Alimentícios, o aumento foi de 5 pontos, de 60 para 65%, na mesma base.