Para o infectologista Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a CoronaVac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, “é absolutamente eficiente”.
Sobre a eficácia global da vacina, o infectologista afirmou que “provavelmente vamos chegar a alguma coisa em torno de 63% a 68% de eficácia” e completou: “O que é absolutamente eficiente. Precisamos ter uma eficácia acima de 50% para atingir a imunidade coletiva”, disse em entrevista à CNN.
O infectologista ainda explicou que “acima de 50% temos uma boa vacina e que protegerá a população”.
A eficácia global é medida pela comparação geral entre os casos positivos entre os voluntários da vacina, independente de terem sido leves, moderados ou graves. Vecina questionou o Butantan por ter divulgado os dados de eficácia dividindo a análise por grupos, assim como fez a AstraZeneca, Pfizer e Moderna. “Por que o Butantan fez isso? Não faço a menor ideia. Tentou mostrar as coisas de uma forma melhor do que são, sem necessidade”.
O Instituto Butantan divulgou na semana passada a eficácia de 78% da CoronaVac para casos leves e 100% para casos graves. No anúncio dos dados completos, prometido pelo governo paulista para hoje (12), é esperado que a CoronaVac demonstre uma eficácia entre 63% e 68%, o que é considerado mais do que suficiente para uma vacina contra a covid-19. O mínimo exigido para a aprovação da Anvisa é uma proteção com 50% de eficácia.
O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse em entrevista ao portal UOL, na segunda-feira (11), que “não existe dúvida sobre a eficácia clínica da CoronaVac”. “Se você quer saber o efeito, é este efeito que foi anunciado: 78% para casos leves e 100% para casos graves e moderados. Essa é a eficácia, isso que importa, a eficácia clínica”, afirmou.
Sobre os demais dados, Covas afirmou que “brevemente estamos programando uma conferência científica onde apresentaremos esses dados em pormenores” e salientou que “o que importa para a vacina” é a sua eficácia, “o poder de diminuir o número de casos graves, óbitos e que precisam de assistência médica”. Não só a eficácia geral, mas para faixas etárias, comorbidades. Neste momento, o que importa é a análise da Anvisa e solicitação de uso emergencial”, frisou o presidente do Instituto Butantan.
Dimas Covas ainda questionou o motivo da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, em parceria com o laboratório AstraZeneca não ter sido questionada desta forma. “Da outra vacina também precisamos saber o que está se falando. Foram apresentados dados discordantes, mas todas as vacinas têm que ser discutidas da mesma forma. Temos que ter o mesmo grau de preocupação e questionamento para todas as vacinas que pretendem ser usadas no Brasil, não só a uma”, afirmou Dimas Covas.