Nove governadores e o ex-governador Wilson Witzel foram convocados. Ainda sem data definida para as novas oitivas, ex-ministro e o atual chefe da pasta de Saúde terão de comparecer perante à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) porque está evidente que não disseram a verdade sobre muitas indagações que foram feitas
A CPI da Pandemia no Senado aprovou, nesta quarta-feira (26), a reconvocação do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e do atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga. Os depoimentos ainda não têm datas definidas para ocorrer. A situação de ambos se complicou porque outros depoimentos colidiram com informações que deram à CPI e não batem.
O retorno, do agora general reformado, vem após a participação do militar, então na ativa, em ato público em favor do presidente Jair Bolsonaro no último domingo (23), no Rio de Janeiro. E depois do depoimento, nesta terça-feira (25), da secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, que contrariou o que Pazuello afirmou na semana passada sobre a crise de oxigênio provocada pela Covid-19 no Amazonas.
À CPI Mayra afirmou que o ex-ministro da Saúde soube do desabastecimento de oxigênio em Manaus no dia 8 de janeiro. Na semana passada, Pazuello afirmou na comissão que foi informado apenas na noite do dia 10 de janeiro sobre o desabastecimento de oxigênio em Manaus (AM).
NOVOS ESCLARECIMENTOS
Depois do depoimento de Pazuello em dois dias consecutivos (19 e 20 de maio), alguns senadores avaliaram que o ex-ministro mentiu e precisa dar novos esclarecimentos. Humberto Costa (PT-PE), Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) assinam os requerimentos:
“Após declarar, por exemplo, que sempre foi favorável ao uso de máscaras e ao isolamento social, o general da ativa [agora na reserva] decidiu participar de manifestação convocada pelo presidente sem as devidas precauções diante da pandemia que assola a população brasileira, fomentando atitudes que colocam as vidas das pessoas em risco. Essas e outras mentiras precisam ser esclarecidas”, apontou Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI.
Senadores também aprovaram o retorno do atual ministro da Saúde à comissão. Entre os requerimentos aprovados, estão os dos senadores Humberto Costa e de Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Segundo o senador pernambucano, o depoimento anterior de Queiroga também foi contraditório e precisa retornar à comissão, a fim de fazer também novos esclarecimentos.
Tanto Pazuello, quanto Queiroga mentiram à CPI sobre vários aspectos da investigação.
“O depoimento foi contraditório em diversos aspectos. Um deles diz respeito à afirmação de que, na gestão dele, não há promoção do uso da hidroxocloriquina para tratamento da Covid. Todavia, o ministro, até o presente momento, não revogou a portaria do Ministério da Saúde que prescreve o uso da medicação”, aponta o senador por Pernambuco.
GOVERNADORES NA AGENDA DA CPI
Ainda não reunião desta quarta-feira, o colegiado aprovou a convocação de nove governadores e do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel para depor sobre suspeitas de desvio de recursos destinados ao combate ao coronavírus em Estados e capitais.
Foram chamados apenas chefes de Executivos estaduais citados em investigações da Polícia Federal. Antes da votação, senadores se reuniram de forma secreta por mais de 1h30 em outra sala em busca de acordo em torno dos nomes que seriam convocados, mas a aprovação veio depois de intensos debates no colegiado e em meio a pedidos de convocações de outros governadores.
O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) sugeriu a convocação do governador da Bahia, Rui Costa (PT), mas o pedido foi indeferido pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). Mesmo após acordo para não convocar prefeitos de capitais, Girão insistiu em chamar os chefes dos executivos municipais, o que Aziz classificou como “oportunista”.
Os senadores governistas na CPI tentam a todos os instantes desviar o foco da investigação. Mas a maioria de oposição tem conseguido manter coerência na linha investigativa do escopo original do pedido que deu origem à CPI.
Entre os governadores que serão convocados está Wilson Lima (PSC), do Amazonas, que ainda poderá dar detalhes sobre reunião no Palácio do Planalto em que foi descartada a intervenção federal no Estado.
Também foram convocados Hélder Barbalho (MDB-PA), Ibaneis Rocha (MDB-DF), Mauro Carlesse (PSL-TO), Carlos Moisés (PSL-SC); Antônio Garcia (PSL-RR), Coronel Marcos Rocha (PSL-RO), Waldez Góes (PDT-AP), Wellington Dias (PT-PI), além do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel e a vice-governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr (PSL).
A aprovação dos requerimentos para convocação dos chefes dos executivos estaduais calou a boca dos senadores governistas na CPI.
O presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM) considerou normal a aprovação dos requerimentos, pois faz parte do escopo das investigações, já que pedido nesse sentido foi chancelado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
M. V.