De Rosário, a comissão quer saber e vai cobrar a razão do ministro se omitir sobre as negociações irregulares na Saúde. De Batista Jr., o motivo da prescrição de medicamentos do chamado “tratamento precoce” para a Covid-19, sem eficácia e segurança comprovada
Entre os depoimentos que a CPI anunciou para esta semana, estão os de Wagner Rosário, ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), e Pedro Batista Jr., diretor-executivo da Prevent Senior, que faltou à oitiva prevista para a última quinta-feira (16) alegando ter recebido a convocação em cima da hora.
Pelo requerimento do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), Rosário deveria falar de investigações sobre desvio de recursos liberados pela União para Estados e municípios.
Todavia, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), avisou que vai cobrar do ministro explicações sobre a omissão da CGU em negociações irregulares no Ministério da Saúde para compra de imunizantes.
PREVENT SÊNIOR NA CPI
Quarta-feira (22) vai ser ouvido, finalmente, o diretor-executivo da Prevent Sênior, Pedro Benedito Batista Jr.
Para os senadores, a ausência do depoente caracterizou “ação protelatória e de má-fé”, pois seus advogados já tinham recorrido ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que Batista Jr. se valesse do direito constitucional de permanecer em silêncio em questionamentos que pudessem incriminá-lo.
De Batista Jr., os senadores querem apurar, para saber e entender, por que a possível pressão para que os médicos conveniados à Prevent Senior prescrevessem medicamentos do chamado “tratamento precoce” para a Covid-19, sem eficácia e segurança comprovada.
Os senadores vão querer saber também sobre as denúncias de pacientes da operadora, que teriam sido assediados para aceitar o “tratamento precoce”.
MAIS DEPOIMENTOS
O vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) defendeu ainda o depoimento de Danilo Trento, diretor da Precisa Medicamentos, empresa acusada de irregularidades na negociação de contratos com o Ministério da Saúde.
Ainda não há consenso, segundo Humberto Costa (PT-PE), em relação à convocação de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro, cujo requerimento convocando-a foi aprovado na última quarta-feira (15). Há indícios de vínculo entre ela e investigados pela CPI por tráfico de influência, mas não há certeza quanto à pertinência desses casos para o objeto da CPI.
“O mais correto: tem um pedido de CPI do senador Alessandro Vieira, chamada ‘CPI da Rachadinha’. O melhor seria conseguir essas assinaturas. Aí a gente traz essa gente todinha”, explicou Humberto.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), propôs a inclusão na pauta de pelo menos um depoimento de médico, dentre os vários que enviaram mensagens à CPI, para relatar ameaças sofridas por se recusarem a adotar o chamado “tratamento precoce”, com medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19.
“Seria importante, respeitando os profissionais de saúde, para não os expor, que a gente tivesse pelo menos um que pudesse aqui testemunhar publicamente para a nação brasileira o que ocorreu de verdade. Nós temos mensagens, gravações fortíssimas”, explicou Aziz.
MOMENTO DE ENCERRAR TRABALHOS DA CPI
O momento ideal para o encerramento da CPI foi motivo de debate entre senadores de todos os campos políticos ao longo da semana passada. O surgimento de informações novas, a marcação de depoimentos adicionais e a discussão do conteúdo do relatório final levaram membros da comissão a admitir rever a ideia inicial de dar por terminados os trabalhos entre esta e a próxima semana.
Oficialmente, a CPI, que já foi prorrogada uma vez, pode ir até o dia 5 de novembro. A comissão foi instalada em 27 de abril.
“Eu acho que nós teríamos que ter mais duas semanas de CPI. Hoje é mais razoável pensar na conclusão dos trabalhos para a primeira semana de outubro. Há 30 requerimentos pendentes, já aprovados. Temos que escolher quais dessas convocações nós vamos pautar”, detalhou Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão.
“NOVAS CONTRIBUIÇÕES”
O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), reiterou por sua vez, na última quinta-feira, que a decisão vai ser colegiada. A previsão era de que o relatório final seria entregue até a próxima sexta-feira (24). “A comissão está colhendo, porém, novas contribuições”, entre essas, a de um grupo de juristas liderado por Miguel Reale Jr.
“O relatório é o produto do que a comissão quer e pensa. A tarefa com que me honraram foi exatamente essa, e eu vou me adequar ao seu cumprimento”, resumiu Renan.
Na sessão da última terça-feira (14), Alessandro Vieira (Cidadania-SE), disse concordar com a antecipação da entrega do relatório, desde que essas antecipações não “acabem cerceando o trabalho de todos”.
Otto Alencar (PSD-BA) afirmou acreditar que o relatório possa ser entregue até a sexta-feira desta semana, apesar da possibilidade de surgimento de outros fatos a investigar:
“Toda hora está surgindo um elemento novo, nessa trama grande de corrupção que tem o governo Bolsonaro no Ministério da Saúde”, declarou.
M. V.