Com aumento salarial. Diretor do Ministério do Turismo, José Medeiros Nicolau, o Zezeco, flagrado nos alpes franceses no momento em que dizia dar expediente em Brasília, foi denunciado. Mas ao invés de punição ganhou promoção
Após flagra nos alpes franceses e voltar para o Brasil, José Medeiros Nicolau, diretor do Ministério do Turismo recebeu boa notícia: foi promovido e recebeu aumento de salário.
Trata-se de deboche e/ou escárnio com a sociedade brasileira. A atitude do ministro do Turismo em promover o erro e a desídia cheira à provocação.
No governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) tem sido assim. Funciona ao contrário, na bizarrice. O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, que é negro, é racista; o ministro da Ciência e Tecnologia compactua com a anticiência do chefe, entre outras aberrações que saltam aos olhos.
Medeiros, conhecido como Zezeco, é filiado ao PP, do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e do ministro da Casa Civil, senador licenciado, Ciro Nogueira (PI), e ocupava o cargo de diretor do Departamento de Ordenamento, Parcerias e Concessões da Secretaria Nacional de Atração de Investimento do Ministério do Turismo, cujo salário bruto é de R$ 13,6 mil.
Na última terça-feira (15), o servidor de livre provimento ou cargo de confiança foi promovido a secretário-executivo Adjunto da Secretaria-Executiva da pasta, cuja função tem remuneração mensal precisa de R$ 16,9 mil, segundo o Portal da Transparência.
ESCONDE-ESCONDE
A promoção de Zezeco foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) na última terça-feira por meio de portaria assinada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente licenciado do PP e expoente do Centrão.
Procurados, Zezeco, o Ministério do Turismo e a Casa Civil ainda não se manifestaram sobre os motivos da promoção do funcionário nem se o novo cargo foi indicação do próprio ministro ou de algum outro membro do governo ou do Congresso.
ENTENDA O FATO
No último dia 8 de janeiro, jornal O Globo mostrou que o servidor divulgou na agenda oficial dele, que passou uma semana cumprindo “despachos internos” na sede do Ministério do Turismo, em Brasília, quando, na verdade, ele estava a 8.732 quilômetros da capital, esquiando nos alpes franceses.
Naquela ocasião, Zezeco alegou que mantinha “agenda normal” de trabalho por meio remoto — da França.
“Reunião por vídeo, despachos no fuso do Brasil, nesses 5 dias úteis absolutamente nada parou”, disse o secretário na ocasião.
‘TRABALHO REMOTO’ EM RESORT DE LUXO NOS ALPES
Zezeco foi prefeito de Barra de São Miguel, em Alagoas, mas desde agosto do ano passado ocupava diretoria na pasta do Turismo. O diretor embarcou em viagem para a França, com a namorada e casal de amigos.
Quem não quer trabalho assim? Ainda mais se for pago pelo erário… Afinal, o secretário estava em “trabalho remoto”.
A região escolhida pelo casal para curtir “jornada de trabalho virtual” abriga uma das estações de esqui mais famosas do mundo, a Courchevel, conhecida por ter a maior área destinada ao esporte no planeta: os Três Vales. O local é dividido em cinco resorts de luxo.
Procurado na ocasião, o Ministério do Turismo informou que o funcionário solicitou que fosse deduzido da remuneração dele, os dias úteis em que esteve na França.
Disse, ainda, que o diretor, no período de viagem, manteve “sua agenda de trabalho com a realização de reuniões on-line, despacho de processos e articulações para programas prioritários”.
Após o jornal O Globo procurar o Ministério do Turismo, na semana passada, a agenda oficial do diretor, em que constava o termo “despacho interno”, foi alterada para “sem compromissos oficiais” nas datas em que ele esteve viajando.
M. V.