O ex-banqueiro Eduardo Moreira afirma que quem ganha com a reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro são os bancos.
“É importante ficar super claro para as pessoas que, até legalmente, é impossível que esses recursos que querem que sejam economizados na reforma da Previdência, que esses recursos vão parar na Saúde, na Educação, etc. A Emenda Constitucional 95 faz com que todo o excesso de arrecadação que existe, a partir de 2016, vai todo para o pagamento dos juros da dívida”, afirma o economista.
“Então, o que acontece com essa reforma da Previdência é o seguinte – para onde vai a gente já entendeu – o um trilhão que ia gerar em economia vai parar na mão de meia dúzia de banqueiros e grandes investidores, que são os detentores da dívida pública brasileira”, enfatiza.
“Todo dinheiro que vai para algum lugar, ele vem de outro. Então de onde vem esse dinheiro?”. Dos trabalhadores, assegura Moreira, em especial da imensa parcela deles que tem como principal fonte de renda um, dois, três salários mínimos, que é o que o Regime Geral da Previdência Social paga.
Essa massa de trabalhadores para obterem suas aposentadorias e outros benefícios teriam que aumentar brutalmente suas contribuições em termos de idade mínima e tempo de contribuição.
“São vidas que estariam sendo ceifadas, para garantir o pagamento de juros para uma meia dúzia. O que está sendo feito é um ajuste fiscal em cima dos trabalhadores brasileiros para garantir o pagamento de juros da dívida”.
Moreira contesta a pretensa derrubada de privilégios e lembra que, quanto ao funcionalismo público, foi estabelecido pela lei regulamentada em 2013 a fixação do teto de aposentadoria no mesmo valor do teto máximo de quem se aposenta pelo INSS, hoje no valor de R$ 5.882,92. Não havendo mais a condição do servidor público admitido a partir de 2003 receber 100% do seu último salário como ocorria antes.
Reponde ainda a seguinte questão: por qual razão poderia o trabalhador, o assalariado, apoiar essa reforma, apesar do prejuízo por ela imposto? Isso pode acontecer. “Vou dar minha contribuição para melhorar a economia e isso vai gerar mais empregos”, podem pensar alguns. “Mas nem isso vai acontecer”, sustenta Moreira.
O dinheiro das aposentadorias vai para milhões de pessoas que o utilizam para seu consumo imediato, movimentam o comércio e geram pedidos para indústria. São mais de quatro mil municípios, segundo informa, cujo dinheiro que chega para as aposentadorias, pensões, etc., é maior do que o imposto que o governo federal é obrigado a transferir, de direito, para os municípios.
“Você vai ter menos salário e menos emprego”, afirma. Porque esse dinheiro sairia de circulação para ficar estocado, sem ativar a economia.
Como ex-banqueiro, Eduardo Moreira sabe bem que os bancos pegariam esse trilhão da Previdência para continuar emprestando para o governo, além de continuar explorando, também, correntistas e empresas com taxas de juros extorsivas.
Investimentos para alavancar a economia? Moreira indica que nada de significativo seria feito. “Quando esse dinheiro vira estoque ele faz parar a economia brasileira”.
“Se essa previdência for aprovada, o Brasil vai ser o país do mundo com os pobres mais pobres”, alerta Moreira. Não há país desenvolvido com um povo miserável. Os países mais desenvolvidos do mundo são os que têm as riquezas melhor distribuídas por todos, garante o ex-banqueiro.
J.AMARO
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