No seu programa “Meia Noite em Pequim” da TV Grabois, o professor Elias Jabbour aborda um tema muito atual, “A China é um país desigual?”, e como isso se liga com o socialismo com características chinesas e o extraordinário crescimento do país.
Para tratar esse tema, Elias capricha nos gráficos para possibilitar ao espectador comparações com os países capitalistas centrais, usando medidas de desigualdade como o Índice de Gini, o Controle Estatal sobre o Fluxo de Renda, a Variação da Renda desde o 1% até os 50% mais pobres, e para suscitar um debate sobre o que significa a governança socialista da sociedade.
Como ele mostra, a China fez escolhas difíceis para conseguir alcançar a produtividade do trabalho dos países capitalistas centrais e agora empreende o esforço para alcançá-los e superá-los na capacidade de inovação. É a marcha pelo domínio da alta tecnologia.
De 1949 a 1978 a China foi a sociedade mais igual do planeta. A reforma e abertura levaram à coexistência de duas tendências, a de concentração de renda no 1% do topo, mas, também, a elevação da renda dos mais pobres, assim como a desigualdade regional. Acelerou-se a urbanização e a industrialização.
Quando se compara como a desigualdade evoluiu na China e nos EUA desde 1978, se constata que no caso chinês a renda do 1% mais rico cresceu, mas cresceu concomitantemente a renda dos mais pobres. Nos EUA, só a renda do 1º. A dos mais pobres ficou estagnada.
Nos primeiros 25 anos, a China concentrou seus esforços de crescimento no litoral. Depois, com as estatais e o sistema financeiro estatal, foi possível interiorizar o crescimento, como revelado pelo fim da pobreza extrema e os 40 mil quilômetros de trens bala que cortam toda a China.
Na China, assinala Elias, o controle do Estado sobre o fluxo de renda, sobre a produção, entrega ao Estado condições para enfrentar o problema da distribuição de renda de forma muito mais resoluta do que qualquer país do mundo.
Caso alguém pergunte, no Brasil o 1% mais rico fica com 28% da renda nacional, contra 14% da China.
Veja esse episódio no vídeo acima.
Elias Jabbour é professor dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Econômicas e em Relações Internacionais da UERJ