Na última quarta-feira (17), os caminhoneiros autônomos, dirigentes de cooperativas de transportes de vários estados do Brasil se reuniram com o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, diretores da empresa e dirigentes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) para debater a necessidade do Brasil fazer 100% do refino do petróleo. No encontro, os trabalhadores saudaram o fim do PPI (Preço por Paridade de Importação), anunciado nesta semana pelo presidente Lula.
“Foi anunciado aquilo que estávamos buscando desde 2017, o fim do PPI. Pauta que estava presente nas promessas de campanha do presidente Lula e agora foi cumprida”, ressaltou Carlos Alberto Litti Dahmer, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL).
“Com o fim do PPI, teremos redução nos preços dos combustíveis, com reflexos positivos para a economia e para a redução da inflação, que é fortemente pressionada pelos combustíveis. Direta e indiretamente os combustíveis têm impacto de 40% na inflação, segundo cálculos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Aumenta o diesel, aumentam frete, comida, vestuário, transporte”, destacou Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.
De acordo com Prates, “estamos há várias décadas lutando para ter essa autossuficiência também em refino para se ter segurança energética e também no mercado de combustível. Temos ainda um déficit que varia de 15%, 20%, 25% como no caso do diesel, por exemplo. Mas isso não significa que temos que praticar o preço da Alemanha no Brasil, o preço da Holanda mais frete na porta da refinaria brasileira. Foi isso que acabou”, disse Prates.
“Não fazia sentido eu ser obrigado a praticar aqui na Petrobrás o preço do concorrente. Quem é o concorrente, o cara que traz o combustível de fora, o cara que traz o petróleo de fora. Foi isso que mudou, não tem nenhum segredo. Esse é um grande dia, um dia que marca uma nova era. Dia dessa nova era de competitividade interna dos preços no Brasil. O Brasil é um país autossuficiente e isso é uma vitória histórica. Desde Getúlio todos os presidentes e partidos brigaram para que o Brasil tivesse autossuficiência em petróleo”, completou Prates.
De acordo com Litti, o presidente da estatal informou que retomará as cooperativas de caminhoneiros autônomos para o transporte dos combustíveis e demais produtos da Petrobrás.
“Foi uma satisfação muito grande receber esta notícia e mais uma outra: as cooperativas que transportavam os produtos da Petrobrás irão voltar. Caminhoneiros autônomos se organizarem em cooperativas novamente é um grande passo para que a gente sobreviva, não só no transporte líquido, em todo o Brasil. E essa construção que se deu hoje aqui vai ter desdobramentos. A gente vai voltar a trazer para o caminhoneiro autônomo a luta pela sobrevivência, nada mais do que isto, e sobreviver é estarmos junto dentro da luta, por que só a luta faz a lei e transforma a vida”, afirmou Litti.
Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira, vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), afirmou que Prates assumiu também o compromisso de fazer da Petrobrás um instrumento para a reindustrialização, de fortalecimento da economia e desenvolvimento do país. “Além disso, temos a necessidade imperiosa de reduzir a taxa de juros para que o país possa crescer, para que a gente possa ter mais emprego, melhores salários e ter os caminhoneiros ajudando a construir esse país”, ressaltou.