
“Mantendo nossos quadros ajudaremos a evitar ou minimizar um possível colapso econômico e social”, afirma manifesto “Não demita”
Empresários de vários setores lançaram manifesto convocando outros empresários a se unirem no esforço nacional no combate ao coronavírus, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde. O manifesto “Não demita” afirma que “esta crise vai passar” e que “vamos juntos construir esta travessia até o fim de maio”.
Ao contrário do movimento encabeçado pelo dono da rede de restaurantes Madero que criticou as medidas adotadas pelo governadores do Rio de São Paulo, anunciando a demissão de 600 funcionários, o manifesto afirma: “Mantendo nossos quadros ajudaremos a evitar ou minimizar um possível colapso econômico e social”.
Lançado por um grupo de 40 empresários, o documento é assinado por pequenas, médias e grandes empresas. Por aquelas que não pararam para garantir produtos essenciais e por outras que foram atingidas diretamente pela quarentena, entre elas, as Lojas Magazine Luiza, o Grupo Pão de Açúcar, Lojas Renner, Natura, Boticário, Bradesco, Itaú, Santander, e outros fabricantes de alimentos, empresas de tecnologia e de saúde. Até a data de ontem (4/4), cerca de 200 empresas aderiram ao manifesto, que segue abaixo na íntegra.
Empresários, não demitam! Esta crise vai passar
“Esta é uma convocação de empresário para empresário.
A primeira responsabilidade social de uma companhia é retribuir à sociedade o que ela proporciona a você – começando pelas pessoas que dedicam suas vidas, todo dia, ao sucesso do seu negócio.
É por isso que nossa maior responsabilidade, agora, é manter nosso quadro de funcionários.
Estes são tempos extraordinários que exigem medidas extraordinárias. Muitos passamos a vida tentando construir um legado. A hora é essa.
Neste momento, o Brasil é um país de heróis. Na saúde, milhares de profissionais dão o melhor de si e correm riscos para salvar vidas nos hospitais. Em outros setores da economia, milhões de brasileiros trabalham todos os dias para manter nossas cadeias de fornecimento intactas. Eles garantem o funcionamento das fábricas, o abastecimento e o transporte público.
Já o nosso ato de coragem é outro: cuidar dos funcionários que dependem de seus salários e de nossas empresas.
Por isso, fazemos este chamamento e assumimos, nós mesmos, este compromisso: empresários, mantenham seus quadros pelo menos nos próximos dois meses.
Esta crise vai passar. Vamos juntos construir esta travessia até o fim de maio. Mantendo nossos quadros ajudaremos a evitar ou minimizar um possível colapso econômico e social.
Se você tem fábricas ou instalações, siga as orientações da OMS e do Ministério da Saúde. Crie um ambiente de trabalho em que as pessoas possam comer e trabalhar com distância física, e assim se sintam tão seguros quanto se estivessem em casa.
Mas precisamos fazer mais. Também temos responsabilidade com a sociedade em geral.
Se você tiver força financeira, ajude as pessoas que moram nas nossas comunidades a terem condições de sobrevivência. Essas pessoas também são empreendedoras.
São os vendedores de pipoca, de cachorro-quente, as manicures e diversos outros que não têm com quem contar. Elas também ajudam a levar o nosso país para frente, mas neste momento não podem sair de casa para lutar pela sobrevivência.
Você, empresário, também é um sobrevivente. Ajude.
A verdade é que precisamos todos uns dos outros e, sob circunstâncias terríveis, estamos finalmente nos dando conta disso.
Se você já foi fortemente afetado pela crise ou está passando por dificuldades financeiras na sua empresa e realmente não tem caixa para evitar demissões, ainda assim, reflita.
Desligar gera um custo imediato, muitas vezes maior que dois meses de salários, e há linhas de crédito recém criadas para ajudar as empresas a atravessar a tempestade.
Faça sua parte. O país precisa de você”