O número de casos confirmados do novo coronavírus chegou em 151 na manhã desta sexta-feira (13), no Brasil. Durante a tarde de quinta-feira, 12 o Ministério da Saúde informou que havia 77 casos com diagnóstico positivo, mas a noite, o Hospital Albert Einstein informou que mais 98 pacientes tiveram o resultado positivo no exame para a Covid-19 (doença transmitida pelo novo coronavírus). Outros casos foram relatados pelas Secretarias estaduais de Saúde, mas não foram incluídos nos números oficiais.
Na quinta-feira, o Ministério da Saúde anunciou os seis primeiros casos de coronavírus no Paraná e os dois primeiros de Pernambuco. À noite, a Secretária de Saúde de Santa Catarina informou os primeiros dois casos no estado.
Conforme os casos começam a se espalhar e a contaminação não se dá mais, exclusivamente, por pessoas vindas de fora do país, o avanço da Covid-19 é exponencial. Somente na região metropolitana de São Paulo, os infectologistas preveem cerca de 45 mil casos nos próximos quatro meses.
Segundo confirmou o secretário de Saúde de São Paulo, David Uip, em reunião com um grupo de especialistas na quarta-feira, serão necessários ao menos 10 mil leitos de UTI para os pacientes mais graves, já que é necessária a intubação dos pacientes.
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O problema principal é que somente 44% dos leitos de UTI do País estão no Sistema Único de Saúde (SUS), rede responsável pela assistência médica de três quartos da população brasileira e que corre o maior risco de sobrecarga em caso de surto do novo coronavírus.
No Brasil, 25% da população tem convênio médico e, portanto, acesso à rede privada. Os demais, 75% dependem exclusivamente da rede pública.
Apenas 17,9 mil dos 40,6 mil leitos de UTI existentes no Brasil estão no SUS, ou seja, públicos, segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do portal Datasus, desconsiderando as UTI neonatais.
A questão se agrava na distribuição, quando a maioria desses leitos estão na rede privada que atende a minoria das pessoas, enquanto o SUS, que atende a maioria tem um número 3 vezes menor de leitos.
Enquanto os leitos de UTI privados têm taxa de ocupação média de 75%, os do SUS têm 95%.
“Embora o coronavírus não seja uma doença grave, cerca de 15% dos infectados vão precisar de uma UTI e o sistema de saúde não está preparado, não temos um fôlego extra no SUS porque ele já está no limite da utilização”, disse Ederlon Rezende, membro do conselho consultivo da Associação de Medicina Intensivista Brasileira (AMIB) para o jornal Estado de São Paulo.
Rezende ressalta que, em alguns Estados do Norte e Nordeste, nem sequer o índice mínimo da OMS é cumprido. Segundo o levantamento no CNES, isso ocorre em seis unidades da federação: Acre, Roraima, Pará, Amapá, Maranhão e Piauí. Em todos eles, o índice de leitos de UTI é menor do que um por 10 mil habitantes.
RIO DE JANEIRO
No Rio de Janeiro, o segundo estado onde ocorrem mais casos do novo coronavírus no país, a situação é critica. São 4.379 leitos de UTI, mas apenas 1.339 são públicos.
O ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta se mostrou ciente das dificuldades que o Rio do Janeiro pode enfrentar para conter a pandemia de coronavírus.
Além da falta de leitos, Mandetta acredita que as condições geográficas e sociais complexas da cidade exigem atenção das autoridades.
“O Rio de Janeiro tem suas dificuldades e peculiaridades. Sei como é difícil a entrada de ambulância, difícil o conceito de manipulação de pessoas e de higiene. Estudei no Rio de Janeiro e conheço bem a cidade. A gente sabe as fragilidades do Rio”, disse o ministro, sabendo das dificuldades, porém sem apresentar um plano de ação especifico para a cidade.
Na quinta-feira, 12, o governo anunciou que irá contratar 2 mil leitos para tratar do novo coronavírus. Mas, a iniciativa não deverá mudar a relação leitos x paciente, já que a medida do governo consiste em alugar leitos na rede privada.
ESTADO TERMINAL
Segundo o Ministério da Saúde, o governo Bolsonaro pretende orientar que pacientes em estado terminal não deverão ocupar vagas nas UTIs. A intensão é “melhorar o uso” dos leitos.
“Queremos usar melhor os leitos da UTI. Os critérios de admissão e de saída dos leitos de UTI serão modificados. Em uma situação como esta, não vamos manter em leitos de UTI pacientes terminais. Não vamos manter em leitos de UTI pacientes que não teriam que ocupar estes leitos”, disse o secretário-executivo João Gabbardo Reis.
Segundo ele, o ministério também estuda “interferir” na indicação de cirurgias eletivas, recomendando o adiamento dos procedimentos cirúrgicos cujos pacientes podem esperar. “Não tem sentido, neste momento, falarmos em cirurgias eletivas. Além de precisarmos dos leitos para o coronavírus, não vamos colocar dentro de um hospital, de forma desnecessária, um paciente que pode esperar para fazer o procedimento”, disse Gabbardo, afirmando que a proposta será discutida com os estados e com as entidades médicas.
De acordo com o secretário, as medidas visam a uma “utilização mais racional” dos recursos disponibilizados à média e alta complexidade em uma “situação de emergência” que, segundo ele, justifica modificações nas normas em vigor.
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