Casos de Covid-19 aumentam significativamente no Brasil. O Ministério da Saúde confirmou nesta quinta-feira (17) 32.970 diagnósticos da doença nas últimas 24 horas. Isso representa uma subida de 162% em relação a duas semanas atrás. No total, são 34.971.043 infectados pela Covid no país desde o início da pandemia em 2020.
Apesar do disparo nos números de casos, as mortes permanecem estáveis, foram 71 registros em um dia em todo o país. O acumulado de vítimas soma 688.835.
São Paulo e Rio de Janeiro estão entre os estados que mais contribuíram para o aumento dos números. Dados da Secretaria da Saúde apontam que até terça-feira (15) houve mais de 300 novas internações por dia de casos suspeitos e confirmados de Covid-19 no Estado de São Paulo. É a média mais alta em quatro meses.
Ainda conforme os dados, 8 em cada 10 internações, tanto em enfermaria quanto em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), estão concentradas na Grande SP. A média na região é de 242 novas internações por dia. Já na capital paulista, a média de novas internações foi de 195 na terça-feira (15). O número dobrou em dez dias, uma vez que, em 6 de novembro, a média era de 92 novas internações.
Na Baixada Santista, no litoral de São Paulo, também subiu o número de internações por Covid-19 nas últimas semanas. Nesta quarta-feira, nove prefeituras consultadas pelo g1, algumas delas, como São Vicente, afirmou que houve aumento no número de testes. Até a data não havia registro de ocorrência pela BQ.1, subvariante da ômicron, nos municípios da Baixada.
Já o estado do Rio de Janeiro apresentou uma alta expressiva nos casos confirmados da doença. Entre a primeira e a segunda semanas de novembro (30 de outubro a 5 de novembro), o estado passou de 4.368 casos confirmados de covid-19 para 18.799 na semana entre 6 e 12 de novembro. Isso representa um aumento de 430%.
Os atendimentos de casos de síndrome gripal nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) passaram de 573 para 693. O aumento foi de 21%. Já as solicitações de leitos para tratamento da covid-19 passaram de 28 UTIs e 23 enfermarias para 37 UTIs e 46 enfermarias da semana 44 para a 45. A média de atendimentos saltou de sete para 12 por dia.
Os atendimentos das ocorrências de síndrome gripal nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) no estado passaram de 573 para 693. O aumento foi de 21%. Já as solicitações de leitos para tratamento da Covid-19 passaram de 28 UTIs e 23 enfermarias para 37 UTIs e 46 enfermarias de uma semana para a outra. A média de atendimentos saltou de sete para 12 por dia, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Mas, de acordo com a secretaria, a média de solicitações ainda está bem abaixo do verificado nos momentos mais graves da pandemia no estado. “Na última onda causada pela variante ômicron em janeiro e fevereiro deste ano, a média diária de solicitações de leitos chegou a 177, incluindo enfermaria e UTI. E no pico da onda causada pela variante Gama, em março de 2021, essa média diária chegou a 422 solicitações”, informou a SES.
A nova onda de Covid-19 é resultado do surgimento da BE.9, uma subvariante da ômicron, responsável pela volta expressiva de casos da doença na Europa e nos Estados Unidos, que chegou ao Brasil. Em 8 de novembro, o estado de São Paulo registrou a primeira morte causada pela nova cepa: uma mulher de 72 anos, que estava internada na capital paulista. E dois casos – um na capital e outro em Ribeirão Preto – foram confirmados.
No Rio Grande do Sul, no último dia 4, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) e a Secretaria Estadual da Saúde (SES detectaram o primeiro caso em decorrência da circulação da variante BQ.1 da covid-19 no estado.
NOVAS VARIANTES EM CIRCULAÇÃO
Na segunda-feira (14), a rede Genômica da Fundação Oswaldo Cruz Fiocruz identificou outro ocorrência da doença pela nova versão da ômicron no Amazonas. Segundo o pesquisador Tiago Gräf, da Rede Genômica, a variante “fez ressurgir a Covid-19 no Amazonas” e não se sabe se ela poderá fazer o mesmo no resto do Brasil.
“O que ocorre no estado tende a se repetir em outras regiões e pode estar acontecendo novamente”, alerta Gräf, em nota da Fiocruz. “A BE.9 e a BQ.1.1 têm suas diferenças em outras regiões do genoma, mas na (proteína) spike são muito similares. É por isso que é muito importante que monitoremos de perto a BE.9”, defende o cientista.
Os estudos da fundação se iniciaram depois que o Amazonas passou por um repique de casos desde metade de outubro. Dados da Fiocruz mostram que a média móvel semanal do estado passou de 230 casos para cerca de 1 mil.
Segundo dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), foram registrados 1.440 casos da doença de 1º a 9 de novembro ante as 243 infecções de Covid-19 no Amazonas de 1º a 9 de outubro. A alta representa um aumento de 492,6%.
A explosão de casos preocupa em um cenário onde apenas 38% da população amazonense tomou a terceira dose e 13,6%, a quarta dose, de acordo com levantamento da FVS.
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, a BE.9 é uma evolução da sublinhagem BA.5.3.1, uma ômicron da linhagem BA.5. A subvariante compartilha algumas das mutações encontradas na última variante notável, a BQ.1. Por sua vez, essa linhagem tem revelado uma elevada capacidade de transmissão comparada às outras sublinhagens do coronavírus circulando atualmente no Brasil.
“As autoridades de Vigilância na Europa estimam que no começo de 2023 a BQ.1 será responsável por 80% dos casos no continente europeu. No Brasil, podemos esperar um cenário semelhante, mas ainda precisamos ver se outra linhagem, como a BA.5.3.1, que surgiu no Amazonas, e a subvariante BE.9, não vai ocupar esse lugar”, analisa o virologista Felipe Naveca, da Fiocruz Amazônia.
Apesar desse quadro, o governo federal não se movimenta no sentido de garantir aos brasileiros as versões atualizadas das vacinas desenvolvidas pela Moderna e Pfizer em uso na Europa e nos Estados Unidos. Os imunizantes mostram maior eficiência no enfrentamento das variantes da ômicron em comparação com às versões disponíveis no país atualmente.
ANTICORPOS CAEM COM O PASSAR DO TEMPO
Ethel Maciel, doutora em epidemiologia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), explicou que anticorpos conferidos pela quarta dose diminuem com 13 semanas de aplicação e que, sem a vacina bivalente, é preciso iniciar a quinta dose para alguns grupos de risco.
É o caso do Estado do Rio de Janeiro. Sem ter um prazo sobre quando as vacinas, também classificadas como bivalentes, chegarão ao Brasil, as autoridades de saúde já estão aplicando a quinta dose de reforço em imunodepressivos.
Diante do atraso na liberação das vacinas de segunda geração, entidades médicas têm cobrado do governo brasileiro o apressamento do processo de análise pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) dos imunizantes.
Em recente boletim, a Associação Médica Brasileira (AMB) reforçou o pedido. “[É preciso] promover rapidamente a aprovação e acesso às vacinas covid-19 bivalentes de segunda geração, que estão atualmente em análise pela Anvisa”, defendeu a entidade. A mesma iniciativa já havia sido adotada pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) na semana passada.
A Anvisa, alega que “os processos passaram pelas etapas de análise dos dados submetidos à agência, questionamentos da agência e esclarecimentos dos fabricantes, bem como discussão com sociedades médicas brasileiras”. “A equipe técnica da agência já recebeu os pareceres de especialistas das sociedades médicas sobre ambas as vacinas bivalentes da Pfizer”, completou o órgão.
No entanto, até o momento, o órgão regulador, o Ministério da Saúde e nenhum representante do governo do presidente Jair Bolsonaro, estimou um prazo para que as vacinas possam chegar – literalmente – aos braços dos brasileiros.