“Confio na investigação e na Justiça, que apontarão que eu não tenho qualquer responsabilidade seja omissiva ou comissiva nos fatos do dia 8 de janeiro”, afirmou Dias
O general Gonçalves Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), prestou depoimento nesta sexta-feira (21) na sede da Polícia Federal (PF) em Brasília. Ele falou durante cinco horas no inquérito que apura os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes no 8 de janeiro.
“O comparecimento na sede da Polícia Federal é, para mim, uma grande oportunidade de esclarecer os fatos que têm sido explorados na imprensa”, disse o general após sair da PF. Ele disse que não teve qualquer responsabilidade – nem por omissão ou por meio de ação – em relação ao que houve durante atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
No dia em que pediu demissão, o general falou à TV Globo. “Eu entrei no Palácio [do Planalto] depois que o palácio foi invadido e estava retirando as pessoas do 3º e 4º piso, para que houvesse a prisão no 2º”, disse Dias. Na entrevista, Gonçalves Dias afirma que sua imagem ao lado de manifestantes foi divulgada fora de contexto. “Fizeram um corte específico na produção, na produção dos vídeos que vocês olharam”, disse.
“Confio na investigação e na Justiça, que apontarão que eu não tenho qualquer responsabilidade seja omissiva ou comissiva nos fatos do dia 8 de janeiro”, afirmou Dias. O depoimento foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações na Suprema Corte. Gonçalves Dias pediu demissão após a divulgação de vídeos que aparentemente que mostram o general circulando entre invasores do Palácio do Planalto no dia dos atos golpistas de 8 de janeiro.
As imagens foram divulgadas pela CNN. O vídeo também mostra servidores do GSI cumprimentando e dando água para os vândalos. Em um primeiro momento, a emissora divulgou as imagens com os rostos borrados, alegando que optou por “não identificar os militares do Gabinete de Segurança Institucional”. Na quinta (20), divulgou as imagens limpas, sem borrar os rostos e sem edição.
O ex-ministro afirmou que militares que aparecem ajudando manifestantes devem ser punidos. Ele citou especificamente um major que estava distribuindo água. “Quem tiver algum envolvimento, que seja punido. Inclusive aquele major. Aquilo é um desvio de atitude aqui de dentro”, declarou. O major do Exército ao qual Dias se refere é José Eduardo Natale de Paula Pereira. Ele atuava como coordenador de segurança de instalações dos palácios presidenciais e estava trabalhando no Palácio do Planalto no domingo.
“Ninguém fala, mas nós preservamos praticamente o terceiro piso todinho. O coração do Planalto, que é a sala do presidente, ela foi preservada. Toda a ala do gabinete pessoal foi preservada e o quarto piso foi preservado por completo desses invasores”, disse Dias.
Ministros do governo Lula fizeram uma defesa pública do general Gonçalves Dias, dizendo não acreditar que ele tenha se envolvido nas invasões do dia 8 de janeiro nem apoiado os invasores.
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