Porta-aviões Harry Truman é forçado a ir pescar em águas mais calmas após saraivada de mísseis e drones
Um avião F-18 de dois lugares norte-americano foi derrubado no domingo (22) sobre o Mar Vermelho, sendo que o Iêmen anunciou ter abatido o avião agressor em resposta a ataque dos EUA, enquanto o Pentágono alegou que a derrubada foi por “fogo amigo” de um navio da escolta do porta-aviões Harry S. Truman.
Em suma, a polêmica é se um dos países mais pobres do mundo derrubou um F-18 norte-americano, ou se, apertados pela saraivada de mísseis e drones iemenitas em resposta, os próprios ianques derrubaram seu avião. Como se diz na linguagem do futebol, aperta que eles próprios marcam contra.
Segundo o comunicado iemenita, suas forças “derrubaram com sucesso uma aeronave F-18, enquanto os destróieres inimigos tentavam enfrentar os drones e mísseis iemenitas lançados contra o porta-aviões simultaneamente à agressão EUA-Reino Unido contra o país”.
“Em segundo lugar, observou o comunicado, a maioria das aeronaves hostis recuou do espaço aéreo iemenita para águas internacionais no Mar Vermelho em um esforço para defender o porta-aviões USS Harry Truman, que estava sendo alvejado.”
“Em terceiro lugar, o ataque lançado pela coalizão em território iemenita falhou e as Forças Armadas iemenitas marcaram uma derrota crucial para os agressores.”
“Quarto, o porta-aviões USS Harry S. Truman, depois de ser submetido a vários ataques da força de mísseis, forças navais e força aérea, retirou-se de sua localização anterior no Mar Vermelho em direção às águas do norte”.
A declaração concluiu com uma forte advertência: “As Forças Armadas do Iêmen alertam o inimigo israelense e americano contra a agressão ao Iêmen e que as Forças Armadas do Iêmen usarão todo o seu direito de defender o Iêmen e continuar a apoiar o povo palestino até que a agressão contra Gaza pare e o cerco seja levantado”.
FOGO AMIGO ?
Os norte-americanos não contestam que seu F-18 foi derrubado (e seus dois pilotos tiveram de se ejetarem), mas asseveram, como se fosse algum mérito, que foi por “fogo amigo”.
De acordo com o serviço de notícias da Marinha norte-americana, o F-18 foi “abatido por engano pelo cruzador de mísseis guiados USS Gettysburg sobre o Mar Vermelho por volta das 3 da manhã, horário local, no domingo”.
“Incidente” que a Associated Press (AP) classificou como “o mais sério a ameaçar tropas” em mais de um ano de ataques dos EUA ao Iêmen.
O comando do Pentágono para a Ásia Central e Oriente Médio, o Centcom, apressou-se a alegar que “o incidente não foi resultado de fogo hostil”, acrescentando que foi aberta uma “investigação” sobre “um caso suspeito de fogo amigo”.
Analistas, com certa ironia, observaram que as notícias não comentam se será investigada a hipótese de tentativa de suicídio de parte dos Top Guns de plantão.
Ainda segundo o Centcom, o comando do Pentágono para a Ásia Central e Oriente Médio, o fracassado ataque norte-americano tinha como alvo uma “instalação de armazenamento de mísseis e uma instalação de comando e controle” do Ansar Allah, para “interromper ou debelar” o bloqueio iemenita no Mar Vermelho aos navios israelenses ou de países cúmplices com o genocídio em Gaza.
‘FRIEND OR FOE’ ENGASGA
Wang Ya’nan, editor-chefe da revista Aerospace Knowledge, sediada em Pequim, disse ao Global Times que incidente tão incomum provavelmente foi influenciado por ataques de drones e mísseis Houthi [iemenitas] em resposta ao ataque norte-americano.
Para Wang, os drones e mísseis iemenitas forçaram os militares dos EUA a continuar respondendo, levando à fadiga operacional e tornando-os excessivamente reativos a ameaças percebidas.
“O cenário poderia ser assim: depois que o navio de guerra dos EUA interceptou vários drones, ele de repente avistou outro objeto e, sem pensar duas vezes, abriu fogo, apenas para atingir com precisão uma aeronave amiga.”
O que mostra uma redução da eficiência de combate das forças dos EUA ao longo do tempo, conforme Wang.
De um ponto de vista técnico, “é plausível que o navio de guerra dos EUA tenha pulado o procedimento de identificação de amigo ou inimigo (IFF) para ser mais responsivo” às pressões iemenitas.
Outro aspecto é que o sistema de compartilhamento de informações de combate dos norte-americanos provavelmente não tem eficiência ideal, caso contrário, o navio de guerra deveria saber que era uma aeronave amiga, acrescentou Wang.
No sábado, ataque iemenita com míssil, em apoio aos palestinos e contra o genocídio, atingiu Tel Aviv, na área de Jaffa, fazendo as sirenes dispararem. Tentativas de interceptação fracassaram e um alvo militar foi atingido. O serviço médico de emergência de Israel disse em um comunicado que 16 pessoas foram “levemente feridas por cacos de vidro de janelas quebradas em prédios próximos”. Na quinta-feira, aviões israelenses bombardearam a capital do Iêmen, Sanaa, e o porto de Hodeidah.