A cidade de Miracatu (SP), onde o irmão de Jair Bolsonaro é chefe de gabinete do prefeito Vinícius Brandão (PL), recebeu pelo menos R$ 10 milhões do orçamento secreto em 2021, além de R$ 25 milhões de verbas destinadas por Ministérios.
O orçamento secreto, ou “emendas de relator”, é usado pelo governo Bolsonaro para comprar voto de deputados e senadores em votações importantes no Congresso Nacional.
Os parlamentares recebem a liberação para indicar o destino de milhões de reais sem que seu nome seja vinculado à verba.
O município de Miracatu, que tem apenas 20 mil habitantes, recebeu R$ 10 milhões por ter um membro da família Bolsonaro na Prefeitura.
Renato teve reuniões com membros do governo federal para conseguir outros milhões de reais para sua cidade, o que ignora o princípio constitucional da impessoalidade.
O ministro da Cidadania, João Roma, admitiu que se reuniu com Renato Bolsonaro para conversar sobre a liberação de quase R$ 10 milhões. A cidade recebeu R$ 9,5 milhões do Ministério da Cidadania.
“Ele é irmão do presidente, circulou e, talvez até pelo jeito dele, suave, todo mundo tem vontade de ajudar o cara. Dá vontade de ajudar. Mas não é aquela pessoa que fica vendendo prestígio. Não é dessas criaturas que a gente vê em Brasília a vida toda”, explicou-se o ministro ao Globo, tentando minimizar a situação.
João Roma contou que se reuniu com Renato duas vezes para discutir a destinação da verba para concluir uma obra.
O ministro do governo Bolsonaro falou que não vê nada de errado em receber o chefe de gabinete de uma cidade de 20 mil habitantes que é irmão do presidente da República, enquanto dezenas de outros prefeitos não conseguem acesso ao Planalto, muito menos verbas para suas demandas.
O Portal da Transparência mostra que a cidade de Miracatu também recebeu dinheiro dos Ministérios do Desenvolvimento Regional, Agricultura e Turismo.
