Dezenas de colonos vindos de assentamento judaico vizinho invadiram a cidade palestina, incendiaram 36 casas e 15 carros, além de destruírem lojas. Um palestino morreu e outros 100 ficaram feridos
Colonos israelenses (denominação suave para assaltantes de terras ocupadas e usurpadas aos palestinos) invadiram a cidade palestina de Hawara e, tomados de um frenesi sanguinário puseram-se a incendiar casas e carros e a destruir vitrines de lojas a pedradas.
Os números dão conta do tamanho do criminoso vandalismo: 36 casas incendiadas, 15 carros destruídos, mais de 100 palestinos feridos e um morto.
O pretexto para a chacina foi o assassinato de dois colonos a tiros quando passavam de carro pela mesma cidade, mas cujo autor ainda não foi determinado.
A dimensão de uma suposta punição coletiva não deixa nada a dever aos pogroms (incursões assassinas contra aldeias judaicas na Europa Oriental no período do regime czarista ou às razias de punição coletiva dos nazistas quando integrantes de suas tropas e ocupação e assalto caíam diante da resistência nos países ocupados.
Moradores da cidade cisjordana descreveram o pânico que os atingiu quando o assalto estava em andamento, enquanto os soldados das forças de ocupação israelenses assistiam impassíveis para só entrarem em ação quando o estrago já estava feito.
“Em nenhum momento pensei em minha casa ou em meus bens, a única coisa que me vinha era a preocupação com minhas crianças e em como salvá-las daquele pesadelo”, disse um dos moradores a entrevistador do portal Middle East Eye.
“Nós acabamos conseguindo sair da casa para local seguro com a ajuda de equipes de ambulâncias que se arriscavam e também caiam sob ataques dos colonos. Tudo acontecia enquanto os soldados permaneciam parados”, acrescentou o morador de Hawara.
Diversas organizações de direitos humanos e uma manifestação ocorrida no sábado em Tel Aviv, repudiaram a estúpida violência.
Entre os que se indignaram com o pogrom, a organização israelense B´Tselem, para quem “foi um ato de punição coletiva por colonos israelenses que desfrutam de uma presença apoiada pelo governo em terras ocupadas palestinas, o que representa uma violação da lei internacional”
“O regime supremacista judaico perpetrou um pogrom em cidade próxima a Nablus ontem”, prossegue a nota deste domingo do B’Tselem.
“Não se trata de ‘perda de controle’. Isso é exatamente como se mostra o controle israelense. Os colonos fazem o ataque, os militares o asseguram e os políticos o apoiam”, denuncia o grupo. Há uma fatídica sinergia”.
“O pogrom de Hawara foi uma manifestação extrema de uma política israelense que se estende por muito tempo. Foi, portanto, um massacre levado a cabo pelo Estado de Israel”, acrescenta.
Já o primeiro-ministro, Netanyahu, ao invés de condenar a razia de cunho racista, pediu meramente que os colonos “não queiram fazer justiça com suas mãos” e pediu aos vândalos que “deixem às forças israelenses realizarem seu trabalho”.
A deputada trabalhista, Merav Michaeli, também se ergueu contra a selvageria e qualificou o ataque de “pogrom” e acusou os colonos de se valerem “de uma legitimação de integrantes do governo”.
“Este crescimento canceroso que ameaça o país”, acrescentou a deputada, “tem que ser extirpado o mais breve possível antes que nos leve à total ruína”.
A presidência palestina deixou claro de onde parte a criminalidade:
“Este terrorismo e tudo que esteja por trás dele tem como objetivo destruir e barrar todos os esforços internacionais exercidos com a finalidade de tentar sair da presente crise”.
“Estamos em uma encruzilhada, ou a comunidade internacional assume suas responsabilidades, de forma a obrigar o governo de Israel a parar sua agressão e a parar os crimes dos colonos imediatamente, ou veremos crescer um ciclo de violência”, alertou a nota palestina.