
No mês, transferência de recursos públicos para pagamento de juros somou R$ 69,7 bilhões. Bloqueio total é de R$ 31,3 bilhões, atingindo setores como Saúde, Habitação, Defesa e Ciência e Tecnologia
Em abril de 2025, o setor público (União, Estados/municípios estatais) gastou R$ 69,7 bilhões apenas com o pagamento dos juros da dívida, segundo dados do próprio Banco Central (BC), divulgados nesta sexta-feira (30). Em 12 meses até abril, o cenário é ainda mais alarmante: ao todo, a gastança com os juros ficou em R$ 928,4 bilhões (7,71% do PIB), um salto de quase R$ 150 bilhões em relação ao período anterior.

Na sexta-feira, o governo divulgou o decreto com os bloqueios e contingenciamentos em despesas discricionárias – custeio e investimentos – no Orçamento de 2025: 31,3 bilhões a menos para Saúde, Cidades, Defesa, Ciência e Tecnologia, enfim, todos as pastas. Só ficaram de fora a Saúde, após mobilização da comunidade acadêmica, e o Banco Central.
O BC, chefiado por Gabriel Galípolo, afirma que seguirá mantendo os juros nas alturas – hoje em 14,75%, a pretexto de combater a inflação e atendendo as “expectativas” do mercado financeiro em manter os juros entre os maiores do planeta. Enquanto isso, a dívida pública incha, o custo do crédito estrangula empresas e famílias, dificultando o Brasil crescer com indústria forte e geração de empregos e renda.
Como alertou o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Ricardo Alban, no Dia da Indústria, “Temos que abordar com responsabilidade a taxa de juro abusiva, que corrói a economia”.
“Estamos num caminho que não haverá superávit primário suficiente para resolver o problema do déficit nominal”, declarou.
A cada aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic pelo Banco Central, o custo da dívida bruta federal é aumentado em cerca de R$ 50 bilhões.

Em abril, o governo federal registrou um superávit primário – economia para pagar juros – de R$ 16,2 bilhões, resultado tanto do aumento da arrecadação quanto da limitação da dotação orçamentária de cada órgão federal a 1/18 do valor mensal, aplicada sobre as despesas discricionárias (investimentos e custeio da máquina pública).