Preços administrados pelo governo foram os que mais contribuíram para a pressão inflacionária das famílias com renda inferior a R$ 1.650,50
O Indicador de Inflação por Faixa de Renda do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou que a inflação continua sendo muito maior para os mais pobres. Puxada pelo aumento da energia elétrica, o gás de cozinha e os alimentos, a inflação para as famílias de renda muito baixa – que recebem menos de R$ 1.650,50 – foi de 0,62% em junho. Para os domicílios com renda maior de R$ 16.509,66 a taxa ficou em 0,39%.
O estudo foi divulgado pelo Ipea na quarta-feira (14) e pela terceira vez seguida a inflação para os mais pobres é quase duas vezes o dos mais ricos.
E são exatamente os aumentos nos preços e serviços com aval do governo que pressionam a inflação.
“No caso da energia, a variação de 1,95%, em junho, reflete o acionamento da bandeira vermelha patamar 2, além da recomposição tarifária registrada em Curitiba. As variações do gás de botijão e do gás encanado, por sua vez, seguem influenciadas pela alta dos preços internacionais e já acumulam variações de 16% e 14,2% no ano, respectivamente”, diz o Ipea.
O estudo destaca que mesmo diante da deflação apresentada em alguns itens como cereais (-0,73%), tubérculos (-11,2%) e frutas (-2,7%), para as famílias de renda mais baixa, a alta no preço das carnes (1,3%), das aves e ovos (1,6%) e dos leites e derivados (2,2%) pressionam a inflação. Já as famílias de alta renda foram impactadas pelo segmento de transportes, sendo que as quedas nas passagens aéreas (-5,6%) e nos transportes por aplicativo (-0,95%) não conseguiram anular os efeitos dos aumentos da gasolina (0,7%) e do etanol (2,1%).
“Os dados acumulados em doze meses mostram que, apesar da aceleração inflacionária generalizada para todas as faixas de renda, a taxa de inflação das famílias de renda muito baixa (9,2%) segue em patamar acima da observada na faixa de renda alta (6,5%), ainda pressionada pelas altas de 15,3% dos alimentos no domicílio, de 16,2% da energia elétrica e de 24,2% do gás de botijão no período. Já para as famílias de renda mais alta, boa parte dessa inflação acumulada vem do reajuste de 43,9% dos combustíveis no período”, aponta o Ipea.