
O MPF-RJ denunciou o ex-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Nuzman, e o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, por corrupção e compra de votos para a escolha do Rio de Janeiro como cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O MPF pede reparação por danos materiais no valor de R$ 6,34 milhões e de danos morais no valor de R$ 1 bi.
O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF-RJ) denunciou o ex-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) Carlos Nuzman e o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), por suspeita de corrupção e compra de votos para a escolha do Rio de Janeiro como cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Segundo o MPF, o episódio conhecido como “a Farra dos Guardanapos” (em setembro de 2009) foi uma “comemoração antecipada” da escolha da cidade, anunciada apenas em outubro.
Além de Nuzman e Cabral, também foram denunciados, o ex-diretor de operações e marketing do COB, Leonardo Gryner; o empresário Arthur Soares e os senegaleses Papa Massata Diack e Lamine Diack, que articularam a compra de votos.
Leonardo Gryner também foi denunciado por organização criminosa e Nuzman por organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Além da condenação pelos crimes tipificados, a denúncia pede a reparação por danos materiais no valor de R$ 6,34 milhões e de danos morais no valor de R$ 1 bilhão.
De acordo com a denúncia do MPF-RJ, Cabral, Nuzman e Leonardo Gryner solicitaram diretamente a Arthur Soares e aceitaram promessa de vantagem indevida a outras pessoas, Papa Diack e Lamine Diack, consistente no pagamento de US$ 2 milhões para garantir votos para o Rio de Janeiro na eleição da cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Isso configura corrupção passiva, detalhou o MPF.
Na denúncia, o MPF lembrou cronologia das investigações que revelaram suspeita de compra de votos para escolha do Rio de Janeiro como cidade sede da Olimpíada. As apurações dos investigadores revelaram que em agosto de 2009, pouco mais de um ano após o Comitê Olímpico Internacional anunciar as quatro cidades que concorreriam para sediar os jogos de 2016 e há cerca de dois meses para o anúncio final, Nuzman, Gryner e Cabral se encontraram com Lamine Diack durante o Mundial de Atletismo de Berlim. O senegalês teria indicado seu filho para tratar de pagamentos por “patrocinadores”, informou o ministério. De acordo com o MPF-RJ, no final de agosto, Gryner foi apresentado por Cabral a Arthur Soares, aproximando-os para acertar o pagamento aos Diack.
Em setembro de 2009, aconteceu em Paris o episódio que ficou conhecido como “Farra dos Guardanapos”, que contou com a participação de vários integrantes da organização criminosa chefiada por Cabral, de acordo com apuração do MPF-RJ – inclusive Nuzman. De acordo com o ministério público, teria sido a comemoração antecipada da vitória do Rio de Janeiro e mostrava o ex-governador confraternizando com correligionários num restaurante em Paris, usando guardanapos amarrados na cabeça.
Dez dias depois, teria sido feita primeira tentativa de depósito dos valores acordados entre Cabral, Soares, Nuzman, Gryner e Diack, por meio de transferência bancária feita a partir da conta Matlock, de Arthur Soares, de acordo com o MPF-RJ. A transferência foi rejeitada pelo banco por não haver razão econômica para o pagamento.
No fim de setembro, foi feita nova tentativa de transferência do pagamento, desta vez bem sucedida, detalhou o ministério. Assim, em 2 de outubro, o Rio foi anunciado como cidade-sede da Olimpíada de 2016, lembrou o MPF-RJ.