Manifestação do presidente da Câmara à CNN unificou posição do Congresso Nacional contra intentos golpistas de Bolsonaro. Ele também considerou que ainda não é hora para impeachment
Em entrevista à CNN no sábado (10), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), se somou ao conjunto do país nas críticas aos ataques e ameaças de Bolsonaro à democracia. “É importante dizer que a presidência da Câmara tem compromisso com a democracia, com as reformas, com a harmonia, com a governabilidade, mas não tem compromisso algum com nenhuma ruptura política, institucional, democrática, com qualquer insurgência de boatos, com qualquer manifestação desapropriada”, disse o deputado.
Ele fez questão de de frisar, durante a entrevista, que “não terá o nosso apoio qualquer insurgência de quebra da regra institucional”,
RUPTURA DA DEMOCRACIA
Em relação a fala sobre as eleições de 2022, Lira destacou também que “a Casa não tem compromisso com qualquer ruptura da democracia”. “A Câmara, como a casa do povo, a mais aberta à democracia, está atenta a qualquer tipo de insurgência contra as instituições, a liberdade, e o que o preceito constitucional define como divisão dos poderes. A institucionalidade do Brasil não será posta em risco”, afirmou.
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CRÍTICAS AOS PODERES
“Eu não defendo ativismo de poder nenhum, do Legislativo, do Judiciário, muito menos do Executivo e dos seus ministérios agregados. Então, isso eu queria deixar bem claro”, acrescentou Lira.
“Dizem que nós somos parceiros do governo, mas nós temos a nossa independência, a nossa pauta da Câmara, elas variam da esquerda para o centro e para a direita, dando espaço a todos os parlamentares, mais focados no combate à pandemia, a vacina no braço do povo, na volta do crescimento, no desenvolvimento do nosso país e não terá o nosso apoio qualquer insurgência e quebra da regra institucional”, prosseguiu.
IMPEACHMENTE É MAIS QUE UMA PESQUISA
Na entrevista, o deputado Arthur Lira disse também que não é o momento para a instauração do impeachment. “Impeachment não é só uma pesquisa”, disse o presidente da Câmara, no mesmo dia em que Datafolha mostrou apoio de 54% dos brasileiros ao impeachment do presidente.
“O impeachment é muito mais que uma pesquisa, muito mais do que vontade da oposição, que eu nem sequer sei se quer o impeachment mesmo”, disse. “Não é o presidente da Câmara que faz o impeachment”, acrescentou.
“Nós defendemos as eleições como, de um lado a maneira democrática de escolher os nossos representantes e de outro para que a população também absorva que nós não temos que estar o tempo com todo com rupturas políticas nem a nível de golpe nem a nível de impeachment, a toda hora caindo na cabeça dos políticos, principalmente o presidente da República”, observou.
SEMI-PRESIDENCIALISMO
Lira defendeu que a partir de 2026 seja possível a discussão sobre uma homogenização dos regimes políticos — como partir para um regime de semi-presidencialismo ou parlamentarismo. “Nesse regime, se for o caso, é muito menos danoso que caía um primeiro-ministro do que um presidente. Quando um presidente cai, assume um vice que pode não estar alinhado com as propostas do eleito. Como alternativa, talvez isso seja mais simples”, disse o parlamentar.