“É muito difícil pra gente saber que meu tio foi assassinado pelo Estado. Levou um tiro nas costas. Um homem do bem que trabalhava catando reciclagem”, desabafa Jurena Silva de Souza, sobrinha de Dierson Gomes da Silva, de 50 anos, morto por policiais militares que confundiram um pedaço de madeira com um fuzil, durante uma operação da Polícia Militar, na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio de Janeiro no início da manhã desta quinta-feira (5).
“Eles andam de fuzil e não conseguiram identificar que não era um fuzil?”, questionou Jurema, em entrevista ao portal G1.
Segundo a familiar, Dierson nunca teve envolvimento com o tráfico de drogas. Ela conta que ele estava em uma construção que fazia parte da casa da mãe quando foi morto por PMs. “Trabalhava com reciclagem e com o que aparecia, desentupia os canos, ajudava em obra, capinava, fazia o famoso bico. Era um pouco de tudo para se manter”, diz a sobrinha, que era tratada pelo tio como se fosse uma filha.
O catador foi morto por PMs que confundiram um pedaço de madeira com um fuzil. A informação foi confirmada, inclusive, pela própria corporação em nota. De acordo com a Polícia Militar, uma equipe do 18º BPM (Jacarepaguá) se deparou com o homem portando o que aparentava ser uma arma com bandoleira e atiraram.
Para o irmão de Dierson, Marcos Cardoso, de 44 anos, o número de disparos dados contra o catador não condiz com a justificativa de confusão. “Como que eles se confundiram e deram tantos tiros? Falaram que eles dispararam mais de 30 tiros contra o meu irmão”, questionou o familiar.
A sobrinha também contestou a versão dos PMs. “Eles são treinados para isso. Se fosse uma pessoa sem treinamento, não dizia nada. Eles andam de fuzil e não conseguiram identificar que não era um fuzil? Para mim não tem lógica. Eram oito horas da manhã, estava claro. Como que não identificaram que aquilo não era um fuzil?”, perguntou.
Dierson trabalhava com recicláveis e também realizava bicos. Ele era conhecido por todos na região como ‘Lord’. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) que realizou uma perícia no local..
Os policiais militares envolvidos na morte do catador Dierson Gomes da Silva, 51 anos, durante operação na Cidade de Deus, Zona Oeste, foram afastados do cargo, após confundirem um pedaço de madeira com um fuzil. Em nota, a corporação explicou que uma equipe do 18º BPM (Jacarepagua) se deparou com o homem portando o que aparentava ser a arma com uma bandoleira e por isso atiraram.
Ainda segundo a PM, foi instaurado um procedimento apuratório para averiguar as circunstâncias da ocorrência. O local do fato foi preservado e periciado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). O Comando do 18ºBPM está em contato permanente com o titular da DHC, assim como a Corregedoria Geral da Corporação acompanha o caso.