(HP 04 e 09/07/2014)
Há homens, como diz o poeta, imprescindíveis.
As anotações que transcrevemos nesta página são de um prontuário policial: aquele com que foi agraciado Oswaldo Lourenço, líder sindical desde 1943, combatente até hoje, eleito deputado estadual em 1962 – e impedido de tomar posse (“todavia a Justiça Eleitoral sustou sua diplomação, como o fez com os demais candidatos comprovadamente comunistas“, diz o prontuário, como se existisse – ou tivesse existido – alguma lei no país que impedisse alguém de ser eleito por ser comunista) – e, atualmente, aos 89 anos, membro da Executiva Nacional da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil e membro do Diretório Nacional do Partido Pátria Livre (PPL).
Imprescindíveis são os homens que lutam a vida inteira.
Conta Oswaldo Lourenço:
“Em 22 de outubro do ano passado, convidado pela Câmara Municipal de Santos para participar da Comissão da Verdade, integrada por vereadores daquela cidade, tive a grande surpresa e honra de receber do companheiro Maurício Valente, do Comitê Popular de Santos, um documento elaborado pela Delegacia de Ordem Política e Social, com muitas anotações sobre minhas atividades e reuniões políticas sindicais de 1957 a 1970 (eu sabia que era seguido por policiais, mas não tanto)“.
E acrescenta ele:
“Obviamente, é muito difícil resumir mais de 70 anos de lutas, pois participei de minha primeira greve em 1943, quando tinha 18 anos e fora recentemente contratado para trabalhar nas grandes oficinas da Companhia das Docas do Porto, como ajudante de caldeireiro. De lá para cá foram tantas as greves que seria fastidioso enumerar“.
Lendo hoje as anotações do prontuário nº 8473 – periodicamente eram feitos “históricos políticos” para resumir a trajetória de um “epigrafado” (ou “nomeado”) que não desistia de lutar – é inevitável que nos venha à cabeça, por contraste, que Oswaldo Lourenço é uma das pessoas mais civilizadas que existem. A forma como esses esbirros o retratam – um sujeito “perigoso”, “subversivo” e até “terrorista” – diz mais a respeito deles do que a respeito do “nomeado” (ou “epigrafado”).
Mas isso não quer dizer que sejam inúteis as anotações – para alguma coisa elas servem, como o leitor perceberá. O que não quer dizer que tenhamos de incentivar esse tipo de espionagem aos democratas e patriotas para ter conhecimento da vida deles.
No caso de Oswaldo Lourenço, há uma fonte muito mais confiável: os dois volumes de seu livro memórias, “Companheiros de Viagem”. Oswaldo Lourenço, além de seus outros méritos, escreve bem.
Excelente leitura, as memórias de Oswaldo Lourenço são notáveis porque, nas anotações da polícia, o leitor não encontrará fatos como este:
“Quando ocorreu o golpe de 1º de abril de 1964, as forças da repressão invadiram o sindicato espalhando os documentos e colocando armas para nos acusarem de sua posse. Os diretores do sindicato nos reunimos numa casa para prepararmos um plano de fuga. Ficamos sabendo que a ordem não era prender e sim matar, uns cinco líderes do movimento sindical santista, sendo eu um deles. Mesmo assim, ousei ir à maternidade para ver Cecilia, minha filha recém-nascida. Tive a solidariedade de uma enfermeira do Hospital da Santa Casa de Santos, que me chamou e me levou para os fundos do hospital dizendo que a polícia já estava na frente do hospital me esperando“.
As anotações policiais, com raras exceções, são sobre fatos públicos. Algumas delas são, mesmo, sobre notícias que apareceram na imprensa – ou sobre documentos que foram assinados abertamente, por exemplo, manifestos que foram feitos para serem assinados.
Por razões de espaço, reproduzimos apenas as anotações principais. Procuramos não alterar o texto original, mesmo quando havia alguns erros (aliás, poucos: o redator, a julgar pelo manejo que faz da crase, era bastante alfabetizado). Mas deixamos no texto os “digo” e outros sinais característicos dessa espécie de literatura dedo-durística. Com exceção de um caso (RR = relatório reservado, nome dado aos papéis escritos por policiais e delatores), não explicitamos as abreviaturas, por achar desnecessário. Não será difícil ao leitor intuir, por exemplo, que CM significa Comitê Municipal.
Pretendíamos publicar o prontuário nº 8473 em uma única vez. Mas a riqueza da vida de Oswaldo Lourenço não deixou alternativa, senão publicá-lo em duas vezes. Para o leitor que quiser ler a íntegra do prontuário, o Arquivo do Estado de São Paulo colocou-o na Internet: basta procurar o arquivo BR_SP_APESP_DEOPS_SAN_P008473_01 em www.arquivoesta do.sp.gov.br/upload/Deops/Prontuarios.
C.L.
16.05.1957 – Eleito suplente da diretoria do Sindicato dos Empregados na Administração dos Serviços Portuários.
1957 – Em movimento eclodido na Cia. Docas de Santos, mostrou-se favorável à greve.
Fev. 1958 – Em declarações à imprensa, declarou que o recuo dos doqueiros na questão da greve não significava covardia da classe.
Abril 1958 – Em reunião do Sindicato dos Empregados na Administração dos Serviços Portuários propôs se oficiasse ao Governador do Estado para que mandasse o Secretário da Segurança Publica apurar, em inquérito, qual o acusador do conhecido comunista Felipe Ramos Rodrigues.
Maio 1959 – É eleito 1º secretário de Sindicato dos Empregados na Administração dos Serviços Portuários sob regime comunista.
28.07.1959 – Falando na reunião do Fórum Sindical de Debates realizada nesta data, representando o Sindicato dos Empregados na Administração dos Serviços Portuários, sugeriu a necessidade de relações comerciais com a União Sovietica.
Set. 1959 – Começa a aparecer no Forum Sindical de Debates, como representante do Sindicato a cuja diretoria pertence.
1.05.1960 – É designado pelo Forum Sindical de Debates, para formar na comissão de organização e propaganda e proteção ao trabalho, no II Congresso Sindical dos Trabalhadores, a se realizar de 27 de abril a 19 de maio de 1960.
18.06.1960 – Conforme RR [relatório reservado] os comunistas de Santos, nesta data, reuniram-se na sede do Jornal Novos Rumos, com a finalidade de eleger o novo “Secretariado” e designar delegações ao V Congresso que se realizaria na Capital. Nessa reunião o epigrafado foi eleito Secretário Sindical do Novo Secretariado e Delegado Suplente para as conferências de Zona.
27.06.1960 – Presente à reunião do F.S.D., quando ficou resolvida a deflagração da greve geral em apoio a empregados de Moinho Paulista que se negavam a ir à Curitiba, para onde haviam sido transferidos pela empresa empregadora.
30.06.1960 – Em manifesto publicado na imprensa local, conclama os trabalhadores a cessarem suas atividades a partir de 0 hora de 1.7.1960, em solidariedade aos trabalhadores do Moinho Paulista.
07.07.1960 — Como secretário geral do Comitê Nacionalista Portuário Pró Lott-Jango, enviou nesta data à Sr ª Edna Lott, um telegrama nos seguintes termos: «Comitê Nacionalista Portuário Pró Lott-Jango, Santos, congratula-se posição patriótica ilustre dama contra Ministro Pais de Almeida e os inimigos do povo no governo federal”.
Julho 1950 – Fez parte de piquete de greve, permanecendo em frente ao escritório do tráfego da C.D.S. impedindo que demais funcionários fossem trabalhar e que os fiscais tirassem as chaves.
08.07.1960 – Em reunião do F.S.D., onde se tratava ainda do caso do Moinho Paulista, usou da palavra para atacar aquela firma e as demais de capitais estrangeiros.
30.08.1960 – Vem, em companhia de outros líderes sindicais, servindo de acompanhante a tripulantes de navios russos que aqui fazem escala, levando-os a passeios pela cidade.
24.10.1960 – Concorre às eleições no FSB, para membre do Conselho Fiscal, sendo sua chapa, com grande número de comunistas, derrotada.
29.10.1960 — Manifestou-se partidário da greve geral em apoio aos funcionarios do DER-SPG que já haviam paralisados os trabalhos.
03.11.1960 – Em nova reunião para estudo de situação dos funcionários do DER-SPG, dirigindo a ala comunista (nesta altura era secretário sindical do CM do PCB em Santos) pôs todos os obstáculos para uma solução harmônica, insistindo na greve geral que deveria eclodir a 1º do mês passado.
16.12.1960 – Em reunião organizada pelos comunistas, foi indicado para dirigente do O.B. do setor Docas.
Abril 1961 – Assina, com outros dirigentes sindicais, manífesto contra a invasão de Cuba pelos EE.UU.
20.04.1961 – De 20 de abril a 17 de maio esteve em visita à União Soviética, partindo dos, digo, do Rio, por via aérea, diretamente para Moscou, tendo visitado além daquela cídade, Odessa, Leningrado e posteriormente Budapest, na Hungria, onde tomou parte no Congresso da Juventude Operária Estudantil.
05.06.1961 – Em reunião do CM do PCB em Santos, foi indicado para fazer conferência a 9 do mesmo mês na sede do Sindicato dos Empregados na Administração do Serviços Portuários.
07.06.1961 – Presente à reunião de elementos da “Base Docas”, à rua do Comércio nº 9, sede do jornal “Novos Rumos”, quando foi tirado, digo, tratado o p1ano de constituição do partido e estruturação de equipes, com vistas às proximas eleições no Sindicato dos Operários nos Serviços Portuários que deveria, de acordo com a orientação do Partido Comunista, continuar sob regime comunista.
09.06.1961 – Realizou conferência na sede do Sindicato a que pertence, fazendo ampla exposição sobre sua viagem e participação no Congresso Internacional de Transporte. Na ocasião, teceu enormes elogios ao que viu, descrevendo os festejos comemorativos ao Dia do Trabalho, na União Soviética, elogiando, igualmente os serviços portuários e entidades sindicais de Odessa e do Mar Negro. A par dos elogios, atacou companheiros de viagem que não se interessam pelo setor ideológico, mas tão somente pelos passeios. Atacou, ainda, para uma assistência de pouco mais de 100 pessoas, o regime de nosso governo, criticando igualmente a invasão de Cuba por mercenários pagos pelos capitalistas.
29.06.1961 – Recebeu homenagem dos portuários, com almoço em restaurante da cidade, pela sua participação no Congresso Internacional dos Trabalhadores, quando da sua recente viagem a Rússia.
04.08.1961 – Pelo jornal “O Diário”, dirigiu-se aos líderes sindicais, solicitando apoio para o 1º Congresso Nacional dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas.
20.08.1961 – Teve marcada atuação na Campanha dos Camponeses do Litoral Paulista.
29.08.1961 – Foi um dos agitadores que mais se evidenciaram quando da renúncia do Presidente Jânio Quadros, tudo fazendo para a eclosão de greves na cidade.
01.09.1961 – Em reunião do FSD, ao dirigir-se aos elementos que não deram apoio à última greve programada, tachou-os de traidores, sem-vergonhas, vendidos aos “trusts”, vermes, etc.
01.10.1961 – Participa ativamente do 1º Congresso Nacional dos Trabalhadores Agrícolas e Lavradores.
15.10.1961 – Era declarações feitas à imprensa local, disse que como participante da Comissão de Líderes Sindicais recebida pelo Presidente da República, denunciou, entre outras irregularidades, a precariedade dos serviços prestados pelo Samdu de Santos.
16.10.1961 – É eleito 1º Secretário do Fórum Sindical de Debates, em chapa na qual predominam os comunistas.
12.12.1961 – Presidiu reunião do Fórum Sindical de Debates na qual foram traçados planos para a greve geral de 14 próximo, com o fim de forçar o Senado a aprovar Lei que concederá o 13º mês de salário.
04.01.1962 – Compareceu com outros à reunião preparatória para a concentração dos trabalhadores pela “Luta Contra a Carestia”, realizada no Centro dos Estudantes de Santos.
14.01.1962 – Compareceu com outros comunistas à Assembleia Geral da Associação dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Litoral Sul do Est. de S. Paulo, realizada em Juquiá, fazendo parte da mesa que dirigiu os trabalhos. Usando da palavra, instigou os lavradores a que defendessem suas terras a bala se necessário, que eles, dirigentes sindicais, os garantiriam contra as autoridades. Mencionou outra entidade congênere (do Padre Pestana), dizendo que a mesma nada fazia pelos lavradores, razão pela qual todos deveriam se unir a esta. Disse, ainda, que nas cidades o que os operários conseguiram não lhes caiu do céu, mas foi conquistado com armas na mão e que muito sangue correra. Terminou oferecendo o apoio dos operários para vencerem os obstáculos encontrados pelos lavradores. As reuniões duraram de 7 a 14 de janeiro e, durante quase todo o transcorrer, não perdeu Oswaldo Lourenço oportunidade de com palavras de subversivo incentivar os trabalhadores agrícolas às violências, alertando-os para que nada assinassem sem antes ouvir os dirigentes sindicais, que estavam sempre prontos para orientá-los.
01.04.1962 – Assina com outros dirigentes sindicais, manifesto contra a viagem do Presidente da República aos EE.UU.
01.05.1962 – Nas solenidades comemorativas à data, organizadas pelo Fórum Sindical de Debates, falou de modo a bem demonstrar sua ideologia política, fazendo referências desairosas ao Presidente da República e ao Governador do Estado, mencionando autoridades arbitrárias que protegem “trusts” internacionais. Citou a seguir a situação da “brava e pequena Cuba”, e prosseguiu conclamando os presentes a se unirem e se prepararem para uma revolução armada, único caminho para que os patriotas e nacionalistas consigam expulsar os exploradores do povo.
03.05.1962 – Ao final de reunião do FSD, quando se tratava de assunto de interesse dos petroquímicos, incitou a classe à greve, dizendo ser único meio de solucionar os problemas dos trabalhadores em Santos.
23.06.1962 – Presidiu reunião dos marítimos que prestam serviços no DER e de amarradores, a qual terminou com a resolução de greve no caso de não atendimento de suas reivindicações.
25.06.1962 – Novamente, em reunião do FSD, bate-se por deflagração de greve geral, desta vez em solidariedade ao pessoal do DER-3PG, tendo sido designado para viajar para o Rio a fim de entender-se com o Assessor Sindical do Presidente da República (Gilberto Cockrat de Sá).
05.07.1962 – Teve participação ativa na greve eclodida nesta data.
01.08.1962 – Assinou, com o presidente do FSD, mensagem de apoio ao Sindicato dos Estivadores, que se achava na iminência de intervenção, por se achar, digo, negar a dar registro a novos estivadores matriculados na Capitania dos Portos.
Agosto 1962 – Apresenta-se como candidato a Deputado Estadual para as eleições de outubro próximo.
04.08.1962 – Como representante do FSD compareceu à assembleia dos servidores municipais, na ocasião em movimento reivindicatório.
06.08.1962 – Presente, acompanhou comissão de grevistas do DER-SPG ao Rio de Janeiro dando-lhes assistência, já como elemento subversivo que é, como candidato a deputado que se apresenta.
07.08.1962 – Presente, novamente, à assembleia dos servidores municipais, quando, usando da palavra se referiu a traidores que se desligaram do FSD e se uniram a padres, vereadores e a polícia, visando a desunião dos trabalhadores, para enfraquecê-los. A seguir, pregou greve aos servidores municipais.
12.08.1962 – Em assembleia realizada no Morro da Penha, patrocinada pela Sociedade de Melhoramentos do Morro da Penha, falou aos presentes (estes, enganados por políticos interessados em agradá-los, insurgiram-se contra os proprietários daquelas terras, correndo no foro local ação competente) frisando: “a classe operária e o povo brasileiro vivem espoliados nos diversos setores. O FSD parou três vezes a cidade de Santos, e se houver necessidade a paralisará outras vezes, em solidariedade aos moradores no Morro da Penha” (campanha eleitoral).
24.08.1962 – Segundo os jornais desta data, teria o TRE dado prazo de 48 horas para que o P.T.B. se manifestasse a respeito do registro de 7 candidatos apontados como comunistas, entre os quais encontrava-se Oswaldo Lourenço.
Setembro 62 – Começam a ser instalados os comitês eleitorais para sua campanha política, contando com o apoio integral dos comunistas.
11.09.1962 – Indiciado em Inquérito Policial por infração dos artigos 5, 7 e 13 da Lei 1802, de 5 de Janeiro de 1953, havendo, contra si, sido decretada prisão preventiva pelo Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal desta Comarca (parte ativa na tentativa de deflagração de greve geral). Não foi efetivada a prisão por ter se homiziado.
16.09.1962 – Pelo mesmo magistrado, é expedido contra-mandado de prisão preventiva.
Nov. 1962 – Ao final das apurações obteve número suficiente de votos para se eleger, todavia a Justiça Eleitoral sustou sua diplomação, como o fez com os demais candidatos comprovadamente comunistas.
10.12.1962 – Procura apoio dos elementos ligados ao F.S.D., para organizar uma passeata de protesto pela não diplomação dos candidatos comunistas.
24.05.1963 – Em visita a esta cidade que se antecipou ao Sr. presidente da República, os Srs. Almino Afonso e Miguel Arraes, respectivamente Ministro do Trabalho e Governador do Estado de Pernambuco, foram recebidos na sede do Sindicato dos Portuários e encaminhados à mesa dos trabalhos, da qual participou Oswaldo Lourenço (que teve sua posse de deputado obstada pelo T.R.E.). Mais de três mil pessoas estavam presentes. Os discursos pronunciados pelos oradores se caracterizavam pela repetição de velhos “slogans” subversivos, em uso nas incursões comunistas, provocando da parte da assistência aplausos que atribuímos mais a emotividade do que ao conteúdo das orações.
30.08.1963 – Tomou parte das reuniões que foram realizadas na tarde e a noite de ontem, na Prefeitura Municipal e na Santa Casa de Misericórdia local, nas quais intervieram mediadores, interessados e consultores jurídicos das partes em litígio, objetivando o encontro de fórmula conciliatória relacionada com a greve dos enfermeiros, da qual o Prefeito José Gomes foi o mediador.
Nov. 1963 – Seguiu para o Recife a fim de ali se entrosar com os comunistas e manter contacto com os líderes camponeses.
1964 – Durante os primeiros meses do ano, continuou sua ação subversiva e, ao eclodir, a 31.3.64, a Revolução Democrática, evadiu-se, tomando rumo ignorado.
31.03.1964 – Líder perigoso, encontra-se foragido.
Junho 1964 – Através de Ato Institucional teve seus direitos políticos cassados por 10 anos.
03.06.1964 – Indiciado em Inquérito policial como incurso no art. 10 da Lei de Segurança Nacional, combinado com o art. 12 do Código Penal, relatado e encaminhado ao Fórum de Santos em 3-4-1965.
07.08.1964 – Decretada sua prisão preventiva pelo MM. Juiz da 2ª Vara Criminal em consequência ao que ficou apurado pelo IPM da Orla Marítima (atividade subversiva).
24.09.1964 – Decretada sua prisão, por exercer atividades subversivas contra a Segurança Nacional, arts.2º IV, 5º, 7º, 12º e 13º da Lei 1802 (SN) pelo MM. Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal de Santos, Dr. Paulo Rabelo Teixeira (greve eclodida em setembro de 1962), em virtude de haver, nesta data sido revogado o despacho que decretou sua prisão preventiva, no processo crime em apreço.
14.10.1964 – Decretada pelo MM. Juiz da 2ª Auditoria Militar de S.Paulo, sua prisão preventiva, visto estar indiciado em inquérito policial instaurado contra Luiz Carlos Prestes e outros, por prática de atos subversivos, conforme rádio datado de 19-10-64 do DOPS sendo pedida a sua captura. Encontra-se foragido.
24.10.1964 – Transformada sua prisão preventiva em liberdade vigiada.
12.05.1965 – Decretada sua prisão preventiva pelo MM. Juiz da 2ª Vara Criminal de Santos, tendo em vista a denúncia apresentada pelo Dr. Antônio R. da Silva Salvador em inquérito policial que apurou atos de subversão relacionados às Ligas Camponesas de Taniguá. Na denúncia mencionada o Dr. Promotor citou o fato de Oswaldo Lourenço ter apresentado em Assembleia do Sindicato que dirigia, proposta (aprovada) de desconto em folha de pagamento de todos os empregados na administração do Porto, em benefício da referida liga camponesa, da importância de Cr$ 500,00 (Quinhentos Cruzeiros).
22.06.1965 – Apresentou-se ao MM. Juiz de Direito da 3ª Vara Criminal, sendo recolhido ao presídio local.
04.08.1965 – Posto em liberdade.
30.09.1965 – Conforme publicação em “A Tribuna”, foi-lhe negado Habeas-corpus, pelo Superior Tribunal Militar.
Jan. 1966 – Pelo ofício 110/66 da Auditoria Militar, comunica-nos o Juiz Auditor, estar o epigrafado em liberdade vigiada, por estar implicado em processo naquele juízo, como incurso na Lei 1802 (SN), não podendo tomar parte em reuniões de caráter político ou sindical, solicitando seja comunicado àquela auditoria, qualquer alteração dada pelo mesmo, a fim de serem tomadas as providências que se impõem o art. 43 § 5º da Lei acima citada, ou seja, decretação de sua prisão preventiva.
24.04.1966 – Documento enviado pela chefia dos Investigadores desta Delegacia, apreendido por ocasião do Movimento Revolucionário (1964) assinado pelo epigrafado e demais líderes sindicais da época, os quais através de telegrama enviavam congratulações ao Ministro de Relações Exteriores do Brasil, pelo reatamento de relações diplomáticas com a Rússia e solicitando extensão da medida, também, à China Comunista.
28.04.1966 – Documento enviado pela Chefia dos Investigadores da 4ª Delegacia, apreendido após o movimento revolucionário, assinado pelo epigrafado, na época enviado ao Sr. Paulo Mansur, diretor da Rádio Cultura de Santos em nome do comando da greve do Fórum Sindical de Debates, hipotecou solidariedade à referida rádio, enaltecendo-a pelos serviços prestados à população na divulgação de noticiários e comunicados enviados pelo comando de greve.
30.05.1966 – Documento enviado pela chefia dos Investigadores da 4ª Delegacia, apreendido após o movimento revolucionário, assinado pelo epigrafado, endereçado ao então presidente João Goulart, dando conta da greve geral eclodida na Baixada Santista (8/5/62), alertando o chefe da nação que o movimento não teve apenas o caráter de solidariedade aos petroquímicos em greve, mas também, à imediata encampação de várias fábricas petroquímicas (estrangeiras) de Cubatão.
24.01.1968 – Incurso na Lei de Segurança Nacional, figurando no inquérito instaurado contra Luiz Carlos Prestes.
31.05.1968 – Absolvido pela 4ª V.C. de Santos, do inquérito instaurado em 6.08.1962, pela 4ª Delegacia de Santos, como incurso no Art. 12 da Lei de Segurança Nacional, tendo como vítima os Serviços Públicos de Guarujá.
13.01.1969 – Ofício desta Delegacia à Delegacia de Cubatão solicitando a localização e apresentação do epigrafado pois segundo consta, estaria o mesmo em companhia de Misael Pereira dos Santos e Rolando Fratti, estabelecendo ligações com elementos terroristas.
Jan. 1969 – Conforme cópia em thermefax (digo Xerox), de certidão expedida pela 2ª Auditoria Militar, o epigrafado foi absolvido no processo 271/64 (Cadernetas de Luiz Carlos Prestes), foi excluído do processo 360/65 (IPM da Orla Marítima), somente estando em andamento na Justiça do Trabalho, processo em que o nominado é interessado, pois é movido contra a CDS, da qual era funcionário.
24/03/1973 – Conforme certidão do 2º Ofício Criminal, desta data, foi o marginado incluído na denúncia oferecida pelo Ministério Publico em 05.04.1965, como incurso no artigo 10º da Lei nº 1802/53, c/ 2, II do Código Penal, que por despacho proferido aos 07/07 de 1965, foi apensado ao processo nº 391/64 “B” – e remetido à Justiça Militar em 03.11.65.
15.01.1975 – Foi liberado em 9.11.74 do DOI/CODI/II Exercito, onde se encontrava preso.
16.05.1975 – Segundo PB da AD/2, desta data, que solicitou investigações a respeito, o nominado declarou em dezembro/74, “ter sido candidato eleito a deputado estadual pelo PTB em 1962 e impedido de tomar posse em 1963, pelo TRE, por ter sido apoiado pelo PC”.
02.06.1977 – A Div. de Ordem Social do DOPS/SP solicitou qualificação completa do nominado.
30.01.1980 – No dia 28 de janeiro, na comemoração do Dia do Portuário, foi organizada por Nobel Soares de Oliveira uma homenagem a trabalhadores cassados pela Revolução de 1964, e dentre estes o nominado recebeu a citada homenagem e foi reintegrado ao Sindicato dos Empregados na Administração dos Serviços Portuários de Santos.
01.03.1982 – Em assembleia realizada na sede do Sindicato dos Marceneiros, foram aprovados os estatutos e eleita a primeira diretoria do Fórum de Debates e Questões Sindicais (São Paulo), tendo o nominado sido eleito secretário da entidade.