
Esses novos elementos podem colocar entre os indiciados tanto o delegado Alessandro Moretti, ex-diretor-adjunto da Abin, quanto alguns dos atuais integrantes da cúpula
Fontes próximas à apuração do caso da “Abin Paralela” informaram à imprensa, que os investigadores da PF (Polícia Federal) descobriram novos elementos que demonstram tentativas de embaraçamento da investigação, com o fito de dificultar a apuração completa da patranha.
E esses novos elementos podem colocar entre os indiciados tanto o delegado Alessandro Moretti, ex-diretor-adjunto da Abin (Agência Brasileira de Informações), quanto alguns dos atuais integrantes da cúpula da Agência.
Diante disso, na última segunda-feira (11), o diretor-adjunto da Abin, Marco Cepik, pediu exoneração do cargo sob alegação de “motivos pessoais”. Cepik substituiu Moretti.
A expectativa é de que o atual secretário de Planejamento e Gestão da Agência, Rodrigo de Aquino, seja o substituto de Cepik.
Cepik informou sobre a decisão ao diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, e ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, pasta que abriga a Agência.
CONCLUSÃO DAS INVESTIGAÇÕES
Cepik deixa o cargo ao mesmo tempo em que a PF se prepara para concluir as investigações sobre a chamada “Abin Paralela”, liderada pelo deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), então diretor-geral da Abin, que fez série de ações de espionagem ilegal durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Cepik foi chamado para o cargo em janeiro de 2024, após a PF efetuar o cumprimento de mandados de busca e apreensão durante as investigações do caso. Ele substituiu o delegado Alessandro Moretti.
Delegado da PF, Moretti era próximo de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, mas tinha sido mantido na Abin durante o primeiro ano do governo Lula (PT).
Cepik atuou como diretor da Esint (Escola de Inteligência), entre 2023 e 2024 e, desde então, exercia o cargo de diretor-adjunto da Abin. Ele também é professor titular e pesquisador do Instituto de Relações Internacionais da UnB (Universidade de Brasília).
Segundo o governo, Cepik informou que pretende dar continuidade a projetos acadêmicos e colocou-se à disposição para continuar contribuindo como professor universitário e pesquisador.
“ABIN PARALELA”
A chamada “Abin Paralela” foi mais uma patranha montada pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro para espionar jornalistas e adversários políticos, assim considerados pelo ex-chefe do Executivo.
Diante disso, o Planalto divulgou, em 30 de janeiro de 2024, que Moretti foi exonerado do cargo de diretor-adjunto da Abin, em meio às investigações sobre o uso do órgão para fins políticos no governo do ex-presidente.
Na ocasião, segundo a Casa Civil, o cargo de diretor-adjunto da Abin, o segundo mais importante do órgão, passara a ser ocupado por Marco Aurélio Chaves Cepik — até àquele momento diretor da Esint.
Pelo menos mais quatro diretores da Abin foram dispensados, mas os nomes deles não foram divulgados.
A exoneração de Moretti ocorre 1 dia depois de a PF deflagrar fase da operação Vigilância Aproximada, que cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos integrantes do chamado “núcleo político” do esquema, entre eles um dos filhos do ex-presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).