Um levantamento da Polícia Federal, realizado junto às superintendências do órgão nos Estados, apontou que nunca houve qualquer registro de fraude nas urnas eletrônicas, desde que o sistema de votação digital foi adotado nas eleições brasileiras, em 1996.
O único crime identificado até o momento foi um caso de estelionato – e não de fraude – no Espírito Santo.
Neste caso, a investigação concluiu que houve uma tentativa de se obter dinheiro de um candidato a prefeito em Vila Velha (ES), em 2012, em troca de votos. Apesar da promessa, não há indícios de que o criminoso poderia ter conseguido fraudar as urnas eletrônicas.
Segundo fontes da PF, citadas por veículos de imprensa, a iniciativa de fazer o levantamento partiu de uma solicitação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que todas as investigações realizadas desde 1996, quando os aparelhos começaram a ser usados, fossem identificadas.
Para atender ao pedido, a diretoria de combate ao crime organizado da Polícia Federal solicitou para as 27 superintendências regionais que enviem todas as denúncias relacionadas a fraudes nas urnas eletrônicas registradas até o momento.
Os resultados contrariam as acusações que Jair Bolsonaro tem feito à segurança do sistema de votação. O presidente alega, sem apresentar provas, que as eleições de 2018 foram fraudadas. Na última sexta-feira (23), ele afirmou novamente que tinha “provas materiais” de que ele foi eleito no 1° turno, mas até o momento não apresentou qualquer comprovação.
Ou seja, com uma acusação vazia, ele tenta impor a volta do voto impresso, iniciativa que está em discussão na Câmara dos Deputados.
Bolsonaro argumenta que o voto impresso evitaria fraudes no processo eleitoral. O TSE, responsável pela organização das votações brasileiras, refuta as acusações de vulnerabilidade do sistema eletrônico, apontando que utiliza a tecnologia mais moderna para garantir “a integridade, a confiabilidade, a transparência e a autenticidade do processo eleitoral”.
O TSE aponta três grandes inconvenientes do voto impresso. O primeiro é que ele tem mais chances de ser fraudado do que o voto eletrônico, já que pessoas manusearão os papéis. O segundo é que, a cada dois anos, será necessário montar um grande esquema logístico para garantir o transporte e o armazenamento seguro dos votos dos 148 milhões de eleitores brasileiros. O terceiro é o risco de judicialização das eleições.
Isso significa que candidatos derrotados poderão alegar fraude na votação eletrônica e pedir a contagem dos votos impressos apenas para pôr em dúvida a legitimidade da vitória dos adversários.
Nos Estados Unidos, onde não há urna eletrônica em todo o país (apenas 6 dos 50 estados norte-americanos usam urna eletrônica), a apuração é demorada e são frequentes as denúncias de fraude, como aconteceu nas ultimas eleições por lá.
Pesquisa realizada em fevereiro de 2020 pela Associated Press-NORC Center for Public Affairs Research indica que apenas um terço dos norte-americanos confia na apuração dos votos no país. Ver Papel, correio e urna eletrônica: conheça os diferentes tipos de votação nos EUA