Uma recente descoberta de cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostra que o hormônio irisina, produzido pelo corpo humano com a prática de exercícios físicos, previne doenças degenerativas, como o Alzheimer.
Segundo os cientistas, a descoberta abre um caminho promissor para a cura da doença e o ponto de partida são as atividades físicas.
O estudo publicado na revista “Nature Medicine” foi desenvolvido por 20 pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e cinco colaboradores estrangeiros.
Com a observação de cobaias que possuem Alzheimer, os cientistas notaram que, após cinco semanas de treino na piscina, os efeitos nocivos da doença praticamente desapareceram. Os camundongos passaram com nota máxima em todos os testes de memória.
O responsável por essa mudança de comportamento é a irisina, hormônio descoberto em 2012 por Bruce Spiegelman, biólogo da Universidade de Harvard. A irisina funciona como uma espécie de transmissora das mensagens químicas da atividade física pelo corpo. Seu nome é uma homenagem à deusa mensageira da mitologia grega, Íris. Ele é produzido nos músculos com o estímulo da atividade física e cai na corrente sanguínea. Os cientistas já conheciam o efeito do hormônio para reduzir as reservas de gordura. O estudo da UFRJ mostra o poder deste hormo quando chega ao cérebro.
Ela fortalece as sinapses, que são os prolongamentos dos neurônios, responsáveis pela conexão entre as células, função prejudicada nas pessoas com Alzheimer. A irisina favorece esta conexão e as informações são registradas na memória.
Algumas cobaias produziram a irisina durante a atividade. Outro grupo recebeu uma substância sintética que imita o hormônio. Os resultados foram iguais.
“Esse novo hormônio poderá ser a base para um futuro remédio, da mesma forma como, por exemplo, a insulina é um remédio para o diabetes hoje em dia”, disse o neurocientista Sérgio Ferreira.
“O exercício físico induz a produção de irisina no nosso corpo. Então, a gente pode usar isso a nosso favor para que a gente consiga evitar ter perda de memória e doença de Alzheimer no futuro”, explicou o também neurocientista Mychael Lourenço.
“É uma promessa de tratamento. Um remédio com este hormônio pode anular os efeitos nocivos do Alzheimer. Mas a fabricação do medicamento pode demorar, depende ainda de testes em seres humanos. E a gente pode começar a produzir este hormônio agora. É só não ficar parado”.