“Em remoto caso de acidente com vazamento, o que seria inédito na história da Petrobrás – ainda mais na fase de sondagem -, a mancha de óleo não viria para a costa, não atingiria os manguezais”, afirmou o paramentar
O senador Randolfe Rodrigues, líder do governo no Senado publicou artigo neste sábado (27) na Folha de S. Paulo defendendo a pesquisa, pela Petrobrás, da existência de Petróleo na Margem Equatorial brasileira. O Ibama recusou recentemente o pedido da estatal para perfurar um poço para pesquisa na costa marítima do Amapá.
“Primeiramente, não contesto o parecer elaborado pelos técnicos do Ibama, que não recomenda a licença ambiental para explorar petróleo na foz do rio Amazonas: defendo o direito da Petrobrás, com base na ciência, a recorrer e, dessa forma, buscar sanar as inconsistências desse parecer. Este debate não é negacionismo”, disse o senador.
Ele falou de sua trajetória em defesa da ciência. “Lembram da CPI da Covid no Senado? Naquele período, talvez tenha havido alguém que defendeu a vacina e a ciência tanto quanto eu, mas ninguém mais do que eu. Pelo contrário, defendo o direito à pesquisa e ao conhecimento sobre a existência ou não de petróleo —exatamente em defesa da ciência”, argumentou.
Randolfe afirmou que a perfuração de pesquisa para “saber se tem petróleo” na costa marítima do Amapá é uma operação de curto prazo, apenas cinco meses. “Há muita confusão sobre o local do poço. O sítio fica a 540 km de distância, a 175 km da costa do Amapá, a 2.800 metros de profundidade e a 60 km do limite do nosso mar territorial com a França”, apontou.
O senador listou mais argumentos em defesa de sua tese. “Em remoto caso de acidente com vazamento, o que seria inédito na história da Petrobrás – ainda mais na fase de sondagem -, a mancha de óleo não viria para a costa, não atingiria os manguezais”, disse ele. “Essa é a conclusão de estudos aprofundados elaborados no processo de licenciamento, modelagem essa elogiada pelo próprio Ibama. Destaco para o fato de que, na mesma área, já foram perfurados quase cem poços semelhantes —e sem nenhum incidente”, destacou Randolfe.
O parlamentar avaliou como muito positiva a reunião ocorrida na última terça-feira (23) entre os ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia e Petrobras, presidida pela Casa Civil da Presidência da República. “No âmbito dessa reunião, foi deliberado que o governo brasileiro realizará o estudo de Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS). Este tema é uma reivindicação de ambientalistas e do próprio Ministério do Meio Ambiente há pelo menos dez anos. Então podemos celebrar que, como fruto dessa construção, já temos essa importante conquista para o meio ambiente do nosso país”, apontou.
Randolfe explicou que os estudos serão realizados em conjunto por Meio Ambiente e Minas e Energia. “A partir disso”, prosseguiu o senador, “a Petrobrás recorreu da decisão do Ibama, buscando corrigir todas as inconsistências que lá existiam, inclusive propondo a instalação do Centro de Reabilitação e Despetrolização de Fauna em Oiapoque (AP)”.
Ele acrescentou que “como o prazo entre a descoberta de petróleo comercial na área e o início da eventual extração é de aproximadamente três anos, defendemos autorizar a sondagem e realizar a AAAS como condicionante para futura produção no local”.
Randolfe argumentou também sobre a transição energética. Ele disse que “necessitaremos ainda, por algum tempo, do petróleo para financiar novas matrizes energéticas”. “Estima-se a necessidade crescente por algumas décadas até começar a declinar. O Brasil e sua principal estatal, a Petrobrás, estão vocacionados para liderar a transição energética no mundo e, com isso, reunir recursos para investir em alternativas sustentáveis”, afirmou.
Por fim, o parlamentar falou da questão de desenvolvimento regional. “O Amapá é o antepenúltimo PIB do Brasil, tem o terceiro maior índice de desemprego e possui 60% a mais de beneficiários do Bolsa Família do que empregados com carteira assinada”, afirmou. “Os amapaenses reivindicam o direito a ter alternativas à sua matriz de desenvolvimento econômico. Ao longo do tempo, nenhum canto do país tem contribuído mais para a economia de baixo carbono e para a defesa da floresta do que o nosso estado”, disse Randolfe.
“O que os mais de 800 mil habitantes reivindicam é ter o direito a mudar sua matriz de desenvolvimento econômico e enfrentar essa dramática realidade social do nosso povo”, acrescentou.
O parlamentar concluiu dizendo que sempre defendeu a Amazônia. “Eu não aprendi a defender a Amazônia em gabinete ou nas metrópoles. Aprendi andando nela e convivendo com os wajapis, karipunas e galibis. A Amazônia é preservação e pode também ser riqueza para os que vivem nela”, argumentou.